Review do game 'God of War Ragnarok', de PS5 (2022)

Foto: Sony / Divulgação

‘God of War Ragnarok’ é forte candidato a game do ano

Felipe de Andrade

A Santa Monica Studios e a Sony lançaam o jogo exclusivo que veio a se tornar o maior sucesso comercial da história do PlayStation. Agora ‘God of War Ragnarok’ chegou chutando bundas realizando a façanha de ultrapassar a marca de cinco milhões de unidades vendidas em menos de uma semana somando cópias de PS4 e PS5. E, com este sucesso, o jogo também bateu recorde da franquia que era do jogo anterior.

Todo esse sucesso é mais do que justificado. Afinal, estamos falando de uma, se não a, franquia de jogos de ação mais querida dentre todos os donos de um PS2 em diante, desde que God of War 1 foi lançado em 2005. Hoje, a franquia conta com nove jogos principais, (inclusive um obscuro jogo para celulares antigos). Sendo que os sete primeiros abordando a mitologia grega como pano de fundo. Os dois mais recentes, God of War de 2018 e agora Ragnarok, para PS5 e PS4, levam Kratos para encarar o panteão nórdico chefiado por Odin.

God of War Ragnarok

Ragnarok segue os acontecimentos do antecessor de forma direta, mesmo existindo um salto temporal de três anos na sua cronologia. Apesar de não acompanharmos, fica nítido que houve uma evolução para Kratos e Atreus nesse meio tempo. Kratos agora parece ter um controle maior sobre a sua Fúria Espartana. E issolhe dá um ar de sabedoria e experiência bem maior e jamais visto na franquia.

Tal aspecto é confirmado através dos diálogos mais bem desenvolvidos com qualquer personagem durante a campanha. Vários deles chegam, inclusive, a fazer piada sobre os grunhidos emitidos, ou pela falta deles, pelo Fantasma de Esparta. Já Atreus segue buscando mais informações sobre Loki sua jornada, desde o final revelador do game de 2018, mesmo que essa busca possa não envolver seu pai em diversos momentos.

God of War Ragnarok

Respostas

O novo jogo responde a diversas dúvidas anteriores que os jogadores tinham, assim como cria novas e ainda expande a jornada de pai e filho até o previsto fim dos tempos nórdico do Ragnarok. Entretanto, assim como este que vos fala não é fã de spoilers, não adiantaremos nada impactante sobre a história do jogo aqui que possa estragar sua experiência com essa magnífica obra, pode ler despreocupado.

Para escrever este review eu joguei novamente o God of War de 2018, pois assim conseguiria observar com mais exatidão a evolução em relação à Ragnarok. Dito isso, a minha memória afetiva gamer me levou de volta para os primórdios da franquia, 15 anos atrás, com o lançamento de God of War 2 em 2007. Com esta segunda aventura foi possível perceber na época evoluções gráficas e de jogabilidade que vieram da experiência que o estúdio acumulou durante o desenvolvimento do jogo de estreia, que transformaram a sequência em um dos melhores jogos de PlayStation 2 de todos os tempos, sendo até comparado a alguns jogos de PS3 do ponto de vista técnico.

God of War Ragnarok

Evolução

Hoje a história se repete. Ragnarok é uma evolução da primeira empreitada de Kratos fora da Grécia, e o estúdio Santa Monica eleva a experiência para outro patamar, assim como fez no passado, e pegou tudo o que existia antes, em todos os aspectos do gameplay, e conseguiu melhorar muito a experiência para o jogador.

A familiaridade está presente e praticamente não há curva de aprendizado aqui, sendo que até mesmo os combos são iguais, assim como os botões de comando. O que acontece é o mesmo de sempre, e já estamos acostumados com isso. Por algum motivo qualquer Kratos, e agora Atreus também, esquece todas as habilidades conquistadas entre um jogo e outro e devemos destravar golpes antigos e novos. Além de algumas habilidades e movimentos inéditos que fazem parte de algumas melhorias bem-vindas para o novo jogo deixando a jogabilidade mais dinâmica e intuitiva.

Base segue a mesma

A base do gameplay também está de volta praticamente intocada, e isso é bom, já que funcionava tão bem em 2018. Temos as armaduras, relíquias equipáveis, o Machado Leviatã e as Lâminas do Caos retornando. Além de uma arma totalmente nova, com suas diversas variações de cabos com aprimoramentos que destravam alguns bônus de atributos ou habilidades exclusivas para cada um.

Algumas novidades aqui ficam por conta do escudo e da Fúria Espartana. O escudo Guardião é avariado logo no início da campanha em uma batalha épica encontra um certo deus dono de um martelo mágico, após isso Kratos pode equipar alguns escudos novos com características únicas, garantindo habilidades exclusivas.

Fúria Espartana

Quanto à Fúria Espartana, agora ela possui aspectos diferenciados que podem ser selecionados durante a campanha. Por exemplo, temos as condutas Cólera e Bravura, onde a primeira é o modo clássico que permite que Kratos entre em estado de fúria e ir com tudo para cima dos inimigos, restaurando uma pequena quantidade de saúde no processo; e com a segunda ele usa uma porção da barra de fúria em troca de um acréscimo moderado de saúde para a sua barra de vida.

As árvores de habilidades também retornam com golpes destraváveis para as armas de Kratos e para o arco de Atreus, com alguns pontos de mudança aqui: 1- alguns ataques únicos das armas do jogo passado retornam e podem ser desbloqueadas apenas com pontos de XP aqui, liberando os slots das armas para equipar outros ataques; 2- Pai e filho possuem contagem de XP próprias permitindo adquirir habilidades de acordo com a evolução de cada um em separado, diferentemente do que ocorria no jogo anterior; 3- ao se atingir a meta de uso de cada habilidade é possível fazer o uso de símbolos de modificação que geram bônus de dano da habilidade, atordoamento e dano por elemento, e tornando os golpes ainda mais fortes e eficazes.

God of War Ragnarok

Melhorias

Outra situação que sofreu uma grande melhoria foi a variedade de inimigos. Enquanto antes a gente enfrentava repetidamente trolls, ancestrais, ogros, bruxas, draugr mais alguns poucos dependendo da área explorada (questão que foi muito criticada no jogo anterior), agora, a quantidade e variedade de inimigos é muito maior. Sendo que cada reino possuindo seus biomas próprios somados aos inimigos comuns que enfrentamos durante o jogo. Isso não aumenta somente o volume, mas reduz drasticamente a sensação de repetição nos combates e cria a necessidade de mais estratégias para vencer essa maior gama de inimigos, inclusive temos vários novos chefes de áreas que não são apenas trolls de cores diferentes como antes.

Diferenças

Outra grande diferença perceptível foi com Atreus ganhando muito mais protagonismo em sua jornada em particular, buscando saber mais sobre a sua história, com ele não sendo mais só um ajudante durante os combates. Eu posso garantir que diversas parcerias improváveis acontecem durante a jornada, no melhor estilo The Last of Us. Com momentos épicos parecidos com os que ocorrem durante o período do inverno no jogo da Naughty Dog.

 O combate está ainda mais visceral do que antes, mas ainda segue longe do caos e destruição que eram vistos durante as lutas na saga grega da série. Kratos decepa parte dos corpos de inimigos com as execuções de costume com o botão R3, e, também, com golpes das armas durante os combos, ou atirando o Machado Leviatã a distância em pontos certos, como cabeça, braços e pernas fazendo-os voarem após um golpe seco certeiro.

God of War Ragnarok

Ataque inimigo

Entretanto, os inimigos atacam com mais coordenação do que antes, fazendo com que o jogador tome as estratégias melhores do que esmagar botões de ataque. Até mesmo os menores inimigos podem ser fatais se atacarem em conjunto. Isso mostra que a Santa Monica realizou um bom trabalho com a calibração nova da inteligência artificial dos inimigos como um todo.

A jornada leva em torno de 30 horas de jogo, mas esse tempo pode variar um pouco dependendo da sua exploração e do tanto de trabalhos e missões secundárias que você realizará. Já se o objetivo é o troféu de Platina é bem possível que este tempo do jogo chegue a 60 horas ou mais facilmente.

Explorando o mapa

 A exploração dos reinos não fica mais restrita às horas dentro da canoa indo de um ponto ao outro, com Atreus e Mimir conversando sobre diversos assuntos referentes à história do jogo e a Mitologia Nórdica. Em Ragnarok, devido ao inverno rigoroso do Fimbulwinter com áreas congeladas, ou explorando extensos desertos, temos uma novidade bem-vinda que é o trenó puxado por lobos, ou animais semelhantes, e que confere uma exploração muito mais ágil, rápida e divertida.

Algo que ainda segue fazendo falta é um botão de pulo, o que agilizaria muito mais tanto a exploração quanto os combates com sua gama de combos aéreos e pulos duplos. Com sua ausência a franquia perde muito da dinâmica do gameplay e da verticalidade da exploração da saga passada, e segue com sua jogabilidade travada nos moldes de The Last of Us.

Ponto negativo

Um segundo ponto negativo que observei foi que os menus estão mais extensos e complexos do que no jogo anterior, gerando um pouco de estranheza se os dois jogos forem maratonados na sequência. Inclusive, o pior ponto neste caso ocorre ao acessar as lojas de Brok e Sindri, que agora possuem uma tela única para confeccionar e aprimorar itens e equipamentos, confundindo o que já temos com o que podemos criar ou melhorar. Assim como quais recursos precisamos para cada coisa, aumentando desnecessariamente o tempo perdido nessas telas tentando não realizar uma ação errada em que gaste recursos raros por engano.

E foi nas explorações dos menus que observei os únicos bugs durante toda a campanha. Por diversas vezes Kratos segurava as armas trocadas, ou ficava de mãos vazias na tela de escudo, ou ainda, segurava as armas de forma errada, como ter nas mãos as duas Lâminas do Caos uma acima da outra como se fossem o Machado Leviatã. Até chamar o Leviatã dentro da tela de menu ele fez algumas vezes. Nada disso atrapalha o jogo em si, apenas quebra na imersão e com certeza essas falhas não estarãp no futuro.

God of War Ragnarok

Todos os recursos

Assim como o God of War 2 forçou o PS2 ao máximo lá atrás, Ragnarok faz o mesmo com o PS4 agora, com gráficos lindos e animações em tempo real que fazem da sua execução em plano sequência, sem cortes e sem deixar de mostrar os protagonistas em 100% do tempo de tela, seja mais do que competente no console da geração passada, mesmo que travado a 30 quadros por segundo apenas.

Na nova geração, o God of War Ragnarok faz bonito ao utilizar o poder do PlayStation 5 em seus modos gráficos. Em desempenho, o jogo executa a 60 quadros por segundo, que garantem uma fluidez maior para a jogatina em seus combates em detrimento de renderização e resolução menores. E em qualidade o jogo prioriza o que s exibe na tela, com os 4K nativos e iluminação de cair o queixo, mas travado nos 30 quadros, o que pode atrapalhar na dinâmica do jogo em alguns momentos.

TV de qualidade

O ideal aqui, e na maioria dos jogos mais recentes, é que você possua uma TV 4K de qualidade, com um bom custo-benefício, e que consiga chegar até os 120 quadros por segundo. Assim, é possível ligar a taxa de fps alta do jogo e aproveitar os gráficos 4K com algo entre 40 e 50 quadros por segundo, tendo o melhor das duas opções.

É certo que God of War Ragnarok também evoluiu no quesito visual, mesmo fazendo uso de uma engine antiga. Todos os personagens são muito bem caracterizados, garantindo o visual impecável até para os inimigos não importando se são pequeninos ou gigantes, literalmente. Todos muito bem animados com aspectos que diferenciam bastante entre si durante o combate, diálogos e durante a exploração.

Detalhes

 A riqueza de detalhes dos cenários é surpreendente, não importando se estamos em ambientes abertos ou fechados, ou em qualquer um dos nove reinos. Tudo é bem retratado com uma direção de arte e design impecável em tudo que a vista alcança. Destaque para o Bosque de Ferro. Local onde conhecemos Angrboda, e um dos cenários mais bonitos que já vi em todos os jogos da franquia God of War.

Quanto ao som do jogo, eu posso dizer que tudo é espetacular. A trilha sonora orquestrada é ótima. Ela e se divide muito bem entre diversos fatores. São eles diálogos, cinemáticas, no combate e exploração com sons ambientes muito bons e faixas em momentos suaves ou mais vibrantes em seus devidos lugares. E tudo isso pode ser aproveitado ao máximo através do Headset Pulse 3D do PlayStation 5.

Dublagem

 A dublagem também é um show à parte. Com Ricardo Juarez como Kratos, Lipe Volpato como Atreus e Milton Levy que dá voz ao Mimir, retornando aos papéis principais. Assim como as vozes da Freya, Brok, Sindri que retornam. Além de Gabriel Noya (o Eivor de Assassin’s Creed Valhalla), que da vida a Thor, o deus do trovão, no nosso idioma.

 O trabalho de sincronização labial ficou perfeito. Toda a adaptação e localização dos textos e diálogos, somados as diversas opções de acessibilidade presentes, garantem entendimento para todos os jogadores brasileiros.

Para finalizar, uma característica do PS5 que o console pouco explorou. O feedback háptico do dualsense, apenas sendo perceptível praticamente através da pressão diferenciada nos gatilhos durante algum ataque específico e nada mais além disso, deixando muito a desejar neste quesito.

Veredito – God of War Ragnarok (PS5)

God of War Ragnarok para PS5 evolui e expande seu estilo de gameplay para um nível mais alto de refinamento, trazendo melhorias durante a exploração e combate com Kratos e seus aliados. Com uma ótima história conclui com satisfação a curta saga nórdica contra Odin, com excelentes atuações e aspecto com técnico quase impecável.

 Obrigatório para os donos do PlayStation dessa geração ou da passada, este é um forte candidato ao jogo do ano.

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Prós

  • gráficos incríveis
  • combate melhorado
  • mais variação de inimigos
  • boa história

Contras

  • evolução lenta
  • menus confusos
  • pouca exploração do dualsense

Felipe de Andrade

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