‘Olhar Indiscreto’ é pura apelação
Taynna Gripp
Controverso e apelativo, dois adjetivos que definem muito bem o novo lançamento da Netflix, a série Olhar Indiscreto. Apesar de ter sido produzida, criada e dirigida por mulheres e tendo como protagonista duas atrizes (Débora Nascimento e Emanuelle Araújo) que figuram sempre como independentes no país, o seriado parece ser apenas um emaranhado de narrativas que acabam não se aprofundando, muito menos ganhando tempo de tela, situação que acontece inversamente proporcional com cenas de nudez, masturbação e sexo implícito.
Depois de uma campanha de divulgação baseada em nada mais do que explorar tais cenas, o streaming (que, de certo modo, é acostumado a apelar para conteúdo adulto, vide “Elite”) acabou gerando no público uma expectativa ruim em relação à minissérie, o que, infelizmente, se cumpriu pouco a pouco através dos 10 episódios, com cerca de 40 minutos cada.
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Desnecessário
A hacker Miranda (Débora) tem uma vida sem muitas aventuras, acompanhando e espionando, com prazer, a vida de sua vizinha Cléo (Emanuelle), uma acompanhante de luxo com clientes muito bem sucedidos da capital paulista. Ao aceitar cuidar do cachorro de sua vizinha por um fim de semana, a vida da protagonista muda completamente e ela acaba envolta em uma trama com mortes, crimes internacionais, tráfico humano e muito sexo.
O sexo, diga-se de passagem, poderia não ser uma questão, afinal, proposta como uma série adulta, é cabível aqui e ali cenas do tipo em qualquer trama. A crítica se acentua porque existem diversas cenas desnecessárias, em todos os episódios, que estão ali por puro fetichismo do feminino. Ora é uma das personagens se trocando, ora se tocando, ora até mesmo conhecendo os acessórios desconhecidos que a acompanhante usa. O desconforto é tão incômodo que, por mais que o nome seja Olhar Indiscreto, tem-se a vontade de desviar os olhos. Por mais que não devam existir limites para a fantasia sexual ou para o voyeurismo, deveriam existir para algo que quer ser taxado como artístico, e não puramente pornográfico.
Os erros aqui são clichês e mesmo que tudo se desenrole de forma não-linear. Não existe algo que nos faça continuar dando play nos episódios: a hacker é infalível e imparável, conseguindo quebrar qualquer código e acessar qualquer sistema, além de fisicamente quase sobrehumana, passando por situações das quais seriam impossíveis sobreviver; o drama familiar que tentam abordar em um ou outro episódio e a doença congênita da avó se perdem no emaranhado sem fim de coisas novas que surgem desordenadamente (irmãos, amantes e novos segredos que caem de paraquedas ao longo dos episódios); as traições que permeiam quase todos os enredos secundários são injustificáveis. Nada consegue convencer ou trazer alguma seriedade depois de tanta exposição de corpos nus.
Ao público, resta apenas a sensação amarga de que tudo isso poderia ter dado em algo, mas apelaram para o caminho mais fácil. Ou até mesmo esqueceram o caminho entre uma ou outra transa sem química.
Onde assistir à série Olhar Indiscreto (2023)?
A saber, Olhar Indiscreto estreou neste domingo, dia 1º de janeiro de 2023, no catálogo da Netflix.
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Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Trailer da série Olhar Indiscreto (2023), da Netflix
Olhar Indiscreto (2023): elenco da série da Netflix
Débora Nascimento
Emanuelle Araújo
Nikolas Antunes
Ficha Técnica da minissérie Olhar Indiscreto (2023), da Netflix
Temporada: 1
Episódios: 10
Duração: de 35 a 49 minutos
Criação: Marcela Citterio
Direção: Luciana Oliveira, Fabrizia Pinto, Leticia Veiga
Roteiro: Thais Falcão, Marcela Citterio, Camila Raffanti
País: Brasil
Gênero: drama, suspense
Ano: 2022
Classificação: 18 anos