HOME| Filmes

Os Fabelmans crítica do novo filme de Steven Spielberg 2022 (1)

‘Os Fabelmans’ é uma carta de amor ao cinema

Agenor Florentino

O jovem Sammy (Gabriel LaBelle) é um adolescente apaixonado por cinema desde a sua infância. Isso é fruto do fascínio da primeira experiência de ver um filme no cinema com seus pais, fazendo com que Sammy, pelo resto de sua vida, tente sempre viver seu sonho de registrar os mais intensos momentos através de uma ótica de uma câmera. Desde os momentos mais alegres indo até as profundezas de sentimentos que o jovem Sammy não sabia que existiam.

Os Fabelmans (The Fabelmans), filme dirigido por Steven Spielberg, retrata de uma maneira muito intimista a visão de vida do próprio diretor contada da melhor maneira possível que é através da lente de uma câmera. O encanto e a magia da representação da tela desde sua primeira vez no cinema desperta em Sammy um desejo muito maior que o pequeno ainda não sabia. Quando seus pais percebem seu amor pelos filmes, o presenteiam com um trem elétrico de brinquedo, achando que isso era o que o motivava. Mas, na verdade, o amor do jovem era pela construção dos acontecimentos.

Cinema mudando vidas

Desde o inicio do longa, o diretor consegue colocar em tela um significado muito claro de como o cinema pode mudar a vida de alguém. Pois, ao longo do que acompanhamos, as filmagens sempre foram o ponto alto da vida de Sammy. Vida essa que passa por enormes dificuldades que vão tomando proporções relativas ao seu desenvolvimento. É lindo ver como os filmes caseiros de Sammy tomam forma e como o próprio consegue encaminhar muito bem os “atores” para uma construção de uma cena.

Desde pequeno, Sammy sempre é muito apegado aos seus familiares e, principalmente, à sua mãe, com quem ele mais se abre. Devido ao fato de seu pai viajar muito, eles estão sempre em constante mudança de cidade. Em uma delas, certo acontecimento registrado pela câmera do garoto, abala toda a estrutura de sua família, que, apesar de aparentar ser muito feliz e unida, assim como qualquer outra, tem lá seus problemas.

Multigênero

Os Fabelmans consegue permear por vários gêneros e por muitas vezes dois ou três deles ao mesmo tempo. Então, é muito comum uma cena de drama caminhar rapidamente para algo cômico e, logo mais, um enorme suspense do que vai acontecer. Tudo isso com uma fotografia primorosa, que convida o espectador a participar do que assiste. Afinal, como dito antes, em boa parte da projeção, nós vemos algum filme sendo feito. E isso é mostrado de maneira tão suave e convidativa que é impossível não criar um laço empático logo de início.

Talvez uma das coisas mais incríveis de Os Fabelmans seja como Spielberg consegue fazer um filme que encanta tanto quem é muito fã do diretor, seja com suas referências a seus e outros filmes, e com uma incrível surpresa no final, mas também com quem apenas quer ver um bom filme com uma história linda de amor, superação e família.

Uma das obras mais importantes de Spielberg

O ponto bem elencado no filme na passagem de tempo da vida de Sammy tem ainda mais sentido quando vemos as dificuldades que o garoto passa quando muda de escola. O preconceito por ser judeu também é algo muito pontual e bem desenvolvido, assim como um dos seus primeiros amores, que é o ponto mais cômico de todo o longa. Essa fase de sua vida é muito importante, pois ajudou a moldar o caráter do jovem.

A ambientação nos anos 60 também é incrível e tudo funciona de acordo com a narrativa para dar o sentido de familiaridade e de alegria com quem aprecia essa obra. Afinal, até mesmo a trilha sonora age de forma uníssona com tudo que nos é apresentado para moldar toda essa trajetória, que mesmo tendo seu personagem principal como foco, também desenvolve extremamente bem todos os outros em sua volta pois cada um ali tem uma participação importante na vida do jovem.

Sem sombras de dúvida, Os Fabelmans é uma das obras mais intimistas e importantes de Spielberg, e funciona como uma carta de amor de cinema. De alguém que ama seu ofício para quem também é amante da sétima arte. E, logo em janeiro, já desponta como um dos melhores filmes do ano.