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entre mulheres crítica do filme 2022 oscar 2023 (1)

‘Entre Mulheres’ traz discussão pesada e atual

Bruno Oliveira

Entre Mulheres (Women Talking) é o último longa-metragem da lista de indicados a Melhor Filme no Oscar de 2023 a estrear em terras tupiniquins. Além dessa indicação, a obra também conseguiu uma indicação de Melhor Roteiro Adaptado para Sarah Polley (“Histórias Que Contamos”), que, além do texto, também é responsável pela direção.

Ela é conhecida por atuar em filmes como “Madrugada dos Mortos”, de 2004, e “Minha Vida Sem Mim”, de 2003. Aqui, adapta o romance de Miriam Toews chamado “Women Talking” (que é o nome original do filme em inglês também).

Sinopse

Na trama, as mulheres de uma comunidade que seguem a religião Menonita descobrem um segredo chocante sobre os homens da da região que as afetam diretamente. Eles usaram anestésicos para drogar e estuprar mulheres e meninas durante anos, resultando em muitos casos de gravidez. A partir desse momento, elas criam uma espécie de conselho para decidirem o que fazer sobre isso: ficar e lutar ou partir para tentar uma vida nova em outro lugar.

Entre Mulheres é uma história real?

A história de Entre Mulheres é baseada em cima de um caso real que ocorreu na colônia de Manitoba, na Bolívia. Só de pensar nesse horror, já dá para sentir um enorme asco dos homens desse lugar. O grande problema é que esse background sobre religião, época, costumes, só pude ter depois de vê-lo. Em nenhum momento o filme situa o espectador.

A princípio, pensei que se tratava de um filme de época, devido às suas vestimentas e ao dia a dia da comunidade. Mas, em certo momento, descobrimos que o longa se passa em 2010, e isso me deu um certo choque de realidade.

Nada é muito explicado, nem mesmo os acontecimentos dessa sinopse são ditas durante o longa. Apenas entendemos o contexto de que algo muito ruim aconteceu com elas e que, aos poucos, vamos ligando os pontos.

Não conhecia essa religião e descobri que, nela, as mulheres são mantidas analfabetas e sem estudo para servirem melhor aos membros homens da comunidade. É nesse ponto em que começamos a história e um longo debate se inicia para escolherem o seu destino.

Embora sejam deixadas nessa situação de subserviente, as mulheres são muito fortes e inteligentes. Um debate de ideias é proposto desde o início até o seu final. São elas quem mandam e o único homem no ambiente é sujeitado a apenas escrever as anotações sobre o que decidirem.

Algumas descontam o ódio nele, enquanto outras são benéficas o suficiente para tratá-lo como um igual. Cada uma tem um pensamento e cada uma reflete um pensamento diferente na sociedade. Todas sofreram ou ainda sofrem com a presença dos homens e cabe às mesmas decidirem o que querem de melhor para elas.

Elenco incrível

O elenco de Entre Mulheres é simplesmente incrível. Temos Rooney Mara; Claire Foy; a minha queridinha do momento, Jessie Buckley; a toda poderosa Frances McDormand; e, completando o elenco principal, Ben Whishaw.

Todos estão muito bem em seus respectivos papéis, mas sinto que faltou algo um pouco mais visceral para tentar uma indicação ao Oscar. Não temos essa interpretação maravilhosa, mas, ainda assim, todos eles brilham, inclusive as coadjuvantes de ouro.

Conclusão

Entre Mulheres aborda uma temática bem forte que pode sim ser discutida aqui fora, mesmo sem ser dentro de dogmas religiosos. O desejo de vingança se contrapõe com o que a religião prolifera. Afinal, é pecado querer o bem de seus filhos? Pesado em muitos momentos, é, sem dúvida, uma discussão pertinente e atual.

Por ser muito galgado em cima do roteiro, o ritmo do filme falha em alguns momentos. Chega a ficar cansativo, mas a dinâmica de cada uma das personagens consegue te deixar ligado e curioso com o rumo que o debate irá tomar.