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‘Scars Above’ diverte apesar das suas limitações gráficas

Felipe de Andrade

A ficção científica nunca sai de moda no mundo dos games, muito pelo contrário, ela está sempre gerando novos títulos desde as gerações mais antigas de consoles e dos mais variados gêneros, mesmo não agradando sempre a todos os jogadores. Quem nunca ouviu a história do jogo baseado no filme ET da época do Atari? Ele é conhecido até hoje como um dos piores jogos já feitos, além de um estrondoso fracasso financeiro.

Mais recentemente variados títulos de ficção encontraram seu lugar ao sol atingindo diferentes graus de sucesso, como é o caso das franquias Mass Effect, Fallout e Star Wars, além de obras como Detroit: Become Human, No Man’s Sky e Dead Space, que ganhou um ótimo remake esse ano.

Scars Above

Agora chega às nossas mãos mais um jogo que se encaixa neste nicho. A Mad Head Games é a responsável pelo desenvolvimento de Scars Above. E esse é seu maior projeto até então. A publicação do game Prime Mater Games, da clássica franquia Painkiller. É possível perceber que ele bebe muito da fonte de Returnal, que é um shooter de sucesso lançado para PS5, e que possui temática e gameplay com variadas semelhanças com o jogo do console da Sony.

Essa comparação se dá pelo fato de os dois serem jogos de tiro e ação em terceira pessoa. Onde controlamos uma personagem principal feminina que é astronauta. E, da mesma forma, passa a lutar pela vida enfrentando monstros alienígenas após acordar sozinha em um mundo desolado que mostra sinais de já ter sido povoado por uma civilização antiga, porém avançada.

Diferenças

Entretanto, temos algumas diferenças que o distanciam de Returnal, também. Scars Above possui uma campanha linear mais tradicional com alguns toques de RPG. Seus mapas são sempre os mesmos do início ao fim da partida, sem aquela de que as fases serem geradas aleatoriamente. E mesmo quando morremos nossos equipamentos de habilidades destravados permanecem conosco. Ou seja, totalmente diferente do roguelite criado pela HouseMark. Sua ação também é mais cadenciada e menos acelerada e megalomaníaca que o presenciado em Returnal.

A campanha tem início quando uma estrutura não identificada surge no céu da Terra, gerando caos entre os habitantes do planeta. Em meio a todas as dúvidas sobre o motivo da aparição deste objeto chamado de Metaedro, um time com os cientistas mais renomados e experientes foi reunido, formando a Scar: equipe de Sistematização de Contato com Alienígenas Racionais. Esta organização foi criada para combater uma possível ameaça espacial.

Kate Ward

Seis meses de preparação e treinamentos se passaram após serem definidos os participantes da missão. Esta, aliá que deveria apenas investigar o objeto misterioso em busca de informações. Quando a nave da Scar se aproximava do Metaedro, a equipe percebeu que estava sendo puxada por um campo gravitacional gerado pelo objeto fazendo a nave colidir com o mesmo. Após o impacto a doutora Kate Ward acorda sozinha em um estranho mundo novo, sem sinal da sua nave e o restante da equipe.

Ainda que desorientada, ela começa a explorar o planeta alienígena em busca de paradeiro de seus companheiros e do local da queda. Após começar a sua jornada, um ser estranho se materializa na frente dela e dá a entender que irá guiá-la em sua aventura neste planeta cheio de perigos e histórias locais para serem descobertas enquanto procura seus amigos.

Ambientes

Durante a exploração do planeta diversos ambientes poderão ser observados, como florestas, templos, cavernas e pântanos. Cada um com suas particularidades e habitantes diferentes entre si em cada área. Verificar cada canto do mapa pode render recompensas e recursos únicos para melhorar armas e equipamentos, portanto não deixe de explorar os cenários ao máximo, pois não será em vão.

Kate recebe pontos de experiência para que possa destravar habilidades variadas durante o gameplay, mas diferentemente da maioria dos jogos de ação, em Scars Above obtemos experiência de acordo com que adquirimos informações e conhecimentos durante a exploração, encontrando cubos de conhecimento alienígena ou documentos e itens que explicam um pouco da história do planeta e seus habitantes. Podemos dizer que Kate evolui de acordo com a exploração e não através do combate como de costume.

Inimigos

Durante a campanha diversos inimigos diferentes aparecem de acordo com o ambiente do planeta que estivermos explorando, e todos eles necessitam de estratégias distintas para serem derrotados, principalmente os que possuem seus pontos fracos expostos em alguma parte do corpo. Acertar esses pontos garante muito mais danos nos inimigos, entretanto, esperar demais pelo momento em que eles fiquem expostos podem não ser muito vantajoso para a integridade física de Kate.

Armas

Duas armas estão disponíveis aqui para enfrentar os inimigos: o Estilete Elétrico, que é o equipamento para combate corpo a corpo, e a Vera, arma de fogo para combate à distância com tiros elementais baseados em eletricidade, fogo, gelo e ácido. É possível criar combos com os elementos combinando tiros em sequência, congelando inimigos e depois acertando tiros elétricos em seu ponto fraco por exemplo.

Ou ainda fazer uso dos cenários para tirar vantagem durante o combate, com tiros de raio em inimigos molhados pela chuva ou gelo quando estiverem dentro da água para congelar. Dica: procura explorar essas técnicas ao máximo contra os chefões para economizar munição e causar mais dano.

Exploração

Durante a exploração dos mapas encontramos dispositivos e melhorias para as armas para ajudar Kate a ter mais opções durante os combates. Dispositivos como uma barreira protetora que absorve alguns ataques, granada de líquido inflamável que multiplica o dano no tiro de fogo, iscas holográficas que confundem os inimigos sobre nossa posição real, para citar alguns. Pontualmente encontramos acessórios para as armas que garantem melhorias que fazem toda a diferença, como o aumento dos cartuchos e tiros que conseguem atravessar os inimigos com o elemento de raio e coisa do tipo.

Apesar de ser perceptível que Scars Above é um título de baixo orçamento, fica visível o esforço do estúdio em trazer um jogo bem feito em diversos pontos. Destaque para ambientação criada para o planeta que possui um visual bonito e criativo, mesmo com um fraco design das fases lineares. A IA dos inimigos é desafiadora buscando sempre nos cercar para tirar o máximo da barra de vida.

Gráficos

Mesmo sem possuir opções gráficas o jogo consegue entregar uma boa experiência com poucas quedas de framerate se mantendo acima dos 50 FPS, garantindo uma jogabilidade bastante suave. Somando-se o fato de que atirar aqui é bem satisfatório, a mira funciona bem e os gatilhos respondem com precisão, mas ficou faltando um botão para trocar de ombro que daria mais opções de posicionamento para Kate atirar mais livremente.

Os gráficos são satisfatórios na maior parte do tempo com bons designs para os monstros, além de efeitos agradáveis de iluminação, sombras, chuva, fogo e vento. O ponto fraco fica por conta das animações corporais ruins e sincronia labial inexistente durante as animações e cenas de corte com todos os personagens do jogo.

Som

A parte sonora é Ok e consegue ser convincente, garantindo uma boa imersão até mesmo nos momentos de tensão. O que fica devendo nesse quesito é a dublagem, que além de não ter uma versão em português, a original em inglês não é das mais convincentes e deixa um pouco a desejar.

Veredito

Scars Above não é uma superprodução como diversos outros jogos de hoje em dia e tem suas claras limitações. Ainda assim, consegue se manter tanto como um bom shooter em terceira pessoa quanto um bom jogo de ficção científica, trazendo uma boa história que nos cativa a querer saber sobre o destino da tripulação e sobre a cultura perdida do planeta alienígena.

Posso não recomendar pagar o preço cheio por este jogo, mas aguardar uma promoção para garantir esse título pode ser uma boa pedida devido a sua curta duração de 10 a 15 horas.