‘Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan’ | Uma bela adaptação sem muitas novidades

Marcelo Fernandes

Algumas histórias são adaptadas e readaptadas continuamente desde o início do cinema: obras de Shakespeare, passagens bíblicas e alguns clássicos da literatura são universais e com mensagens sempre atuais, mesmo para novas gerações. Enquanto a Disney faz versões quase ipsis litteris de sucessos até recentes de animações dos anos 80 e 90, a França tomou para si a missão de readaptar o livro de Alexandre Dumas, dividindo-o em duas partes e batizando a primeira de ‘Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan’, primeira parte de uma duologia.

A nova versão é diferente das últimas que chegaram aos cinemas, com uma abordagem mais crua, suja e realista, indo de encontro à versão com os dois pés na comédia da própria Disney nos anos 90, e à absurda adaptação de Paul W. S. Anderson da década passada, ambas alvo de diversas críticas em relação ao tom usado na tentativa de “modernizar”.

Os Três Mosqueteiros

Sem modernização

Isso é algo que o diretor tenta evitar Martin Bourboulon, usando com parcimônia tanto modernismos narrativos, tecnológicos ou o recurso do humor. O maior destaque do filme vai para a direção de arte, com ambientes um tanto caóticos. O roteiro é o básico já visto: o jovem D’Artagnan (François Civil) vai para Paris em busca de seu sonho de tornar-se mosqueteiro, a principal guarda de proteção ao rei da França, e acaba se envolvendo em uma conspiração envolvendo as igrejas católica e protestante e nobres interessados numa guerra para depor o monarca.

Em seu primeiro dia ele conhece os três mosqueteiros Athos (Vincent Cassel), Porthos (Pio Marmaï) e Aramis (Romain Duris), já experientes, e desenvolve um relacionamento de aprendiz com os três. O que segue é uma mistura de investigação sobre quem estaria interessado em instalar o caos em Paris e destruir o quarteto que frustra os seus planos.

O foco é quase todo sobre o D’Artagnan de François Civil, que entrega o básico sem muitos sobressaltos. Os outros personagens são deixados de lado, e é uma pena que o Athos de Vincent Cassel passe boa parte do filme com um olhar triste e meio perdido. Já a outra estrela mais reconhecível, Eva Green, faz uma Milady de Winter quase no automático e um tanto unidimensional.

Realismo

Em uma época de muito CGI, a produção aposta mais no realismo e utiliza poucos efeitos especiais para contar as histórias. Porém, muitas vezes as lutas são um pouco confusas, o que pode atrapalhar um pouco a experiência do espectador. Com algum humor, muita sujeira, e uma história atemporal, a adaptação carece de um pouco de ousadia, sendo muito “certinha” e um tanto maniqueísta. Mas ainda assim é uma opção divertida para quem deseja fugir de tantos filmes parecidos na telona ultimamente.

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Trailer – Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan

Ficha Técnica

Título original: Les trois mousquetaires: D’Artagnan
Direção: Martin Bourboulon
Roteiro: Matthieu Delaporte, Alexandre de La Patellière
Elenco: François Civil, Vincent Cassel, Romain Duris, Pio Marmaï, Eva Green, Louis Garrel
Onde assistir: somente nos cinemas
Data de estreia: 20 de abril de 2023
Duração: 121 minutos
País: França, Alemanha, Espanha, Bélgica
Gênero: ação, aventura
Ano: 2023
Classificação: 14 anos

Marcelo Fernandes

Jornalista, músico diletante, produtor cultural e fã de guitarras distorcidas e bandas obscuras.
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