Coletiva revela tudo sobre a série ‘Señorita 89’, do canal Lifetime
Jorge Feitosa
Muito já se disse e já se fez sobre os concursos de Miss. Disputas onde jovens e belas mulheres se entregam de corpo e alma para alcançar o status de mais bela entre todas. Sonho de 10 entre 10 garotas desde a infância até algumas décadas atrás, quando foi substituído pelo de brilhar como modelo nas passarelas da alta costura e nas capas das revistas de moda. Não apenas pelo glamour, mas também pelas altas cifras envolvidas.
Recentemente, os concursos de Miss voltaram aos holofotes graças à necessidade de se adaptar aos novos tempos. Isso acabou dando espaço à diversidade de belezas que abundam além do dito padrão europeu de mulheres brancas e esguias. Sem falar na necessidade de atrair novos públicos e sobreviver como marca.
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A série Señorita 89
Além é claro, da discussão cada vez maior sobre os sacrifícios a que as candidatas se submetem por obrigação. E é esse o argumento de ‘Señorita 89’, série mexicana sobre o lado obscuro do de Miss México no final dos anos 80 e que estreia no canal Lifetime neste dia 10 de maio. Cuja coletiva de imprensa o Ultraverso acompanhou em evento online com a intermediação de Cesar Sabroso, executivo da produtora A+E Latin America.
A coletiva
Após uma esclarecedora relação dos nomes envolvidos na produção, dentre os quais Pablo Larraín (Jackie, Spencer), a primeira a falar é a atriz Ilse Salas, que vive a preparadora Concépcion. Ela teve logo que encarar a comparação de sua personagem com Lupita Jones. Para quem não conhece, ela foi primeira mexicana eleita Miss Universo em 1991 e que passou a trabalhar como diretora do concurso nacional logo depois.
Ilse, porém, esclareceu que a série é um thriller de ficção e que buscou interpretar de forma mais estilizada, sem calcar em uma única pessoa, encantando-lhe a ideia de uma mulher não sexualizada, mas sexualizando outras.
Natasha Dupeyrón
Depois, foi a vez da atriz, modelo e cantora Natasha Dupeyrón. Ela é herdeira de oito gerações de artistas mexicanos e intérprete de Isabel, forte concorrente que vai amadurecendo no decorrer da série. Em seguida, é a vez de Ximena Romo, que faz Elena, professora com ideias pré-concebidas sobre o concurso e suas candidatas. A personagem representa justamente o expectador que vai descobrindo a verdade sobre o sistema.
Leidi Gutiérrez, por sua vez, interpreta Jocelyn, garota que vê no concurso uma tábua de salvação da pobreza. A atriz fez comparações entre sua personagem e tantas outras mulheres na mesma situação mundo afora. Ela falou um pouco sobre sua experiência no meio cinematográfico, incluindo uma passagem pelo Festival de Cannes.
O elenco masculino
Depois, seguiu-se para o elenco masculino de Señorita 89 com Luis Ernesto Franco, cujo rude personagem Mirko é um executor que entra em conflito ao se apaixonar por Isabel. Ele ressaltou a oportunidade de trabalhar com outras mulheres também na produção e direção.
Juan Manuel Bernal é Raúl, representante máximo do status quo do patriarcado e da corrupção. O ator falou de algumas das complexidades de seu personagem e convidou as mulheres, audiência maior do canal Lifetime, a ver a série como o que provavelmente aconteceu nos concursos de beleza em um momento onde o empoderamento feminino não era como agora.
Passando a bola aos jornalistas, o elenco respondeu sobre a perfeição e o preconceito na busca pela beleza na série. Romo respondeu lembrando que vemos apenas os aspectos superficiais nos concursos de beleza, enquanto na série vemos uma versão mais crua do que está acontecendo, para o bem e para o mal. Inclusive rompendo preconceitos quanto a personagens.
Os concursos de beleza
Respondendo a uma pergunta do Ultraverso sobre se os concursos de beleza melhoraram ou pioraram desde a época ambientada na série, Natasha Dupeyrén respondeu de forma contundente: “Creio que seguem igual de terríveis. Não mudaram, é triste ver uma série passada há tempos e seguimos tendo essas mesmas idéias ridículas sobre o que é a beleza e seguimos julgando umas às outras e um juízo cheio de homens dizendo o que é belo e o que não é. Creio que segue igual e que já temos um pouco mais de consciência, que se fala do tema e que nós mulheres estamos começando a levantar a voz e dizer o que não estamos gostando, o que não está bem. Creio que nos falta um longo caminho a percorrer e que o primeiro passo é que estes concursos ridículos sejam cancelados de uma vez. ”
A complexidade de personagens femininos
Comentando a uma pergunta sobre a mudança na complexidade de personagens femininos no meio audiovisual, Ximena Romo respondeu que no princípio era muito difícil encontrar uma personagem que, por mais interessante que fosse, sempre gravitava ao redor de um homem, sempre era objeto de desejo ou necessitava de um, ao invés de alguém cuja história fosse sobre si mesma e Señorita 89 vem falar sobre mulheres com assuntos mais profundos e interessantes. Questionamentos levantados pelo elenco que, por si só, já valem a assistida da série sobre o lado obscuro do culto à beleza e que já garantiu uma segunda temporada.
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Jorge Feitosa
@jorgefeitosalima
