Através da Minha Janela: Além-mar

O filme já está disponível no catálogo da Netflix. Foto: divulgação

Através da Minha Janela: Além-mar é só mais do mesmo dramalhão erótico juvenil

Leonardo Duarte

Em 2022, estreou na Netflix um filme espanhol sobre uma garota humilde, que vivia em um terreno adjacente ao de uma rica e esnobe família. Após um longo tempo perseguindo – stalkeando – o filho do meio desta família, a protagonista se envolve com este jovem que, aparentemente digno de sua obsessão, paga de bad boy. Juntos, se envolvem em situações diversas que demonstram a qualidade do roteiro deste filme, como fazer sexo na cama em que o irmão caçula do personagem se encontra adormecido, e uma situação de quase morte digna de Os Trapalhões.

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Um ano depois, chega ao streaming a continuação deste filme que, por saber atiçar os hormônios dos espectadores, atingiu algo próximo do sucesso. E aí fica a pergunta: será que Através da Minha Janela: Além-mar é melhor que seu antecessor? A resposta é clara: não!

Através da Minha Janela: Além-mar

Acontecimentos banais, sem sentido e vergonhosamente exagerados. Foto: divulgação/Netflix

Pelo contrário, o segundo filme desta aparente trilogia consegue ser ainda mais brega que a primeira parte, com um roteiro escrito de forma ainda mais desleixada, e personagens ainda mais entediantes e detestáveis. Ainda que seja inegável que muitos espectadores assistem a este tipo de filme pelas cenas eróticas – que não são poucas – nem mesmo nisso este filme consegue superar o anterior.

Até mesmo o drama, que é trabalhado de forma minimamente plausível no primeiro longa-metragem, em Através da Minha Janela: Além-mar é executado de forma mal feita, quase como se todos os problemas e acontecimentos ali fossem banais, sem sentido e vergonhosamente exagerados. Talvez o único fator que tenha se mostrado superior neste filme seja os cenários, mas é o mínimo que se espera, se tratando de uma história que segue uma viagem para uma bela cidade praieira.

Através da Minha Janela: Além-mar

Filme tenta convencer de que alguns personagens são boas pessoas. Foto: divulgação/Netflix

Decisões questionáveis

Com relação aos personagens de Através da Minha Janela: Além-mar, o público é convidado a acompanhar decisões cada vez mais estúpidas, imorais e deploráveis dos personagens masculinos que mais recebem foco na obra – desta vez Ares e seu irmão mais velho, Artemis. Não bastasse isso, o filme tenta convencer de que ambos são boas pessoas e merecem a simpatia do espectador, mesmo tratando mal e agindo de forma errada com suas respectivas companheiras.

Já com relação à protagonista, Raquel continua como uma personagem desinteressante, cujo principal enfoque nestas obras ainda é sua obsessão por Ares, o garoto da mansão ao lado – agora seu namorado. Mesmo sendo uma ótima escritora na ficção do filme, é lamentável que suas próprias histórias sejam tão mal escritas. Seus amigos, Yoshi e Daniela, vivem tramas bem mais interessantes, mas que ficam em segundo plano e recebem pouca atenção.

Conclusão

Muito semelhante a obras como Elite – mas sem os intrigantes mistérios – e After – com protagonistas masculinos tão ridículos quanto –, Através da Minha Janela: Além-mar segue uma obra quase sem identidade própria, sendo apenas mais um filme sobre sexo e dramalhão adolescente. Se a greve dos roteiristas já não estivesse rolando, talvez o roteiro deste filme fosse o bastante para parar a indústria.

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Trailer do filme Através da Minha Janela: Além-mar

Ficha Técnica do filme Através da Minha Janela: Além-mar

Título original: A través del mar

Direção: Marçal Forés

Roteiro: Ariana Godoy, Eduard Sola

Elenco: Clara Galle, Julio Penã, Guillermo Lasheras

Onde assistir: Netflix

Data de estreia: 23 de junho de 2023

Duração: 109 minutos

País: Barcelona, Catalunha, Espanha

Gênero: Drama, Romance, Comédia

Ano: 2023

Classificação: 16

Leonardo Duarte

Dos livros aos videogames, e da televisão ao cinema, Leonardo adora histórias que consigam quebrar seu coração em um milhão de pedacinhos. Entusiasta de sitcoms, filmes insanos e coming-of-ages, também é mestre de Dungeons and Dragons e cai de cabeça em quase qualquer jogo de tabuleiro. Acredita que o mundo é um lugar belo, mas certamente fica dez vezes mais fascinante com arte.
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