Festival do Rio 2023 – Vidas Passadas é uma das grandes obras de cinema
Bruno Oliveira
Falar da produtora A24 é chover no molhado, mas nunca é demais. Mais uma vez conseguiram e certamente Vidas Passadas é uma das melhores obras do ano e a história é simples e completamente mundana. Esse filme marca a estreia de Celine Song debutando na direção e no roteiro para longas-metragens, antes, mais conhecida por suas peças teatrais. Incrível como de primeira já consegue acertar e acredito que seja um dos carros-chefes da A24 para as vindouras premiações.
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Nora (Greta Lee) e Jung Hae Sung (Teo Yoo) se conhecem desde criança e, desde então, sempre tiveram muito carinho um pelo outro. O destino fez com que se separassem, mas 24 anos depois finalmente se encontram novamente. Após tantas mudanças em suas vidas, eles confrontam seus destinos em busca de entenderem o lugar de cada um nessa relação. Noções de amor, destino e escolhas serão debatidas tendo Nova York como um grande pano de fundo dessa relação.
O roteiro com diálogos maduros brilha
O longa trata demais do chamado in-yun, que em coreano quer dizer algo como reencarnação ou como as pessoas estão presas de acordo com o destino. O conceito do título dele vem disso. A ideia é que a ligação forte que você tem com alguém possivelmente venha de vidas passadas. Isso pode ser tanto uma grande metáfora para a ligação entre as pessoas ou somente algo que os coreanos usam para seduzir alguém, como brincado pelo roteiro de forma brilhante.
Esse conceito já é nos dado lá pelo meio da projeção, mas antes disso já tínhamos uma noção de como isso funciona. Os nossos dois protagonistas se afastam ainda crianças, mas a amizade que eles nutrem um pelo outro é mais forte que a distância. Vale mencionar que o destino aqui não é tratado como sorte ou acaso, mas que precisam ter um esforço mínimo das partes para que algo realmente aconteça. Cada um dos dois já têm suas vidas formadas e não precisam um do outro. Pessoas vêm e vão, mas algumas realmente marcam demais a sua vida.
Esse é o tempero formado para que o roteiro brilhe. Todas as decisões de Celine Song no roteiro não são fáceis, o que torna todo o diálogo muito maduro sobre pessoas adultas que enfrentam um grande dilema na mão. A vida de um e do outro não vai mudar do dia para a noite, mas reflexões começam a ser feitas e tudo poderia ser diferente, de uma forma ou de outra. Nossas decisões moldam o nosso mundo, e dizer sim para algo é o mesmo que dizer não para outra coisa também possivelmente plausível em sua vida. Esses detalhes nos seus momentos finais vão emocionar e dar aquela sensação de que você viu algo realmente especial.
Conclusão
Vidas Passadas certamente é uma das grandes obras de cinema do ano. Não falo de grandiosidade estilo blockbuster, mas sim, como uma obra com um roteiro daqueles que brilham. Em nenhum momento ele fantasia, o tempo todo está com o pé no mundo real. Isso passa uma credibilidade muito grande e a vida real mostra como também pode ser tão emocionante quanto um conto de fadas. Lembrando que no dia a dia, as histórias nem sempre acabam do jeito que queremos.
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Trailer do filme Vidas Passadas
Ficha Técnica do filme Vidas Passadas
Título original: Past Lives
Direção: Celine Song
Roteiro: Celine Song
Elenco: Greta Lee, Teo Yoo, John Magaro
Onde assistir: Festival do Rio
Data de estreia: 15 de fevereiro de 2024
Duração: 105 minutos
País: Estados Unidos da América e Coreia do Sul
Gênero: Drama
Ano: 2023
Classificação: 12 anos