Aghori Mhori Mei – Auto referências e ânsia pela tour
Allan Pangaio
Não faz muito tempo que Billy Corgan e sua trupe soltaram um disco de inéditas. Em 2023, a banda lançou a ópera rock em três partes “ATUM”, com mais de 30 músicas e duas horas de duração. Ficou na boca o gosto de que passou um pouco, sabe? Porém, novo ano, nova história e “Aghori Mhori Mei”, do Smashing Pumpkins, lançado nessa última sexta (2), chega com um sabor diferente. ão chega a ser novo, pelo contrário. Mas é aquele gosto que você ama, igual comida de avó.
Produção
Em meio a turnê “The World is a Vampire”, onde os abóboras excursionam os Estados Unidos com o Green Day, Billy compôs novas músicas no desejo de lançar um álbum mais familiar, algo que remetesse o som que a banda fazia nos anos dourados. Ainda em 2023, o vocalista revelou que vinha trabalhando em “um álbum mais rock n’ roll”, na pegada do sucesso “Siamese Dream”, fugindo do som progressivo adotado pela banda nos últimos trabalhos.
Anunciado há duas semanas do lançamento, no dia 18 de julho, sem divulgação de singles – um movimento contra a maré da indústria atual, Corgan antecipou o disco. “Sem poder voltar pra casa, nós tentamos escrever músicas ao nosso estilo antigo”, e acrescentou; “Não tanto naquele sentido de olhar para trás com uma dose de sentimentalismo, mas antes como um meio de avançar; para ver se, no equilíbrio entre o sucesso e o fracasso, a nossa forma de fazer música entre 1990 e 1996 ainda podia inspirar algo revelador.”
Já sobre a escolha de não lançar nenhuma música de trabalho, no Instagram Billy explicou: “sentimos que a forma certa de ouvir este disco é como um corpo de trabalho intacto.”
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O álbum
Com dez canções e menos de 45 minutos, são apresentadas músicas rápidas e no velho estilo Smashing Pumpkins de ser.
Abrindo com “Edin” o grupo mostra as credenciais do novo disco. Em pouco mais de 1 minuto nós ouvimos um instrumental forte, com um riff que provavelmente vai colar nos ouvidos e talvez, abrir os shows a partir de agora. Ele tem cara de início de apresentação. O respiro no meio da canção, onde cada um dos integrantes toma a frente antes do solo, é o ponto alto.
Seguindo com “Pentagrams”, a pegada diminui, mas sem deixar cair. “Sighommi”, vem com o riff mais Pearl Jam que o Pumpkins já fez, e isso não é ruim. A música é ótima, tem os melhores backing vocals do álbum e provavelmente um dos melhores refrãos de todo o trabalho.
“Pentecost”, poderia facilmente estar em “Mellon Collie and The Infinite Sadness”, disco de 1995, que consagrou o grupo. Tem um ar de grandiosidade, mesmo sendo a segunda música com menor duração. O solo no piano encaixa perfeitamente em um filme de vampiro, lindo.
“War Dreams Of Itself”, volta com a pegada mais rock do início, e na parte final tem uma paradinha maravilhosa.
“What Goes There”, tem uma letra linda. Uma das melhores do álbum. Melancólica e introvertida, casa com todo o som que a banda traz ao seu redor. Exatamente o que eu espero de um trabalho calmo dos meninos de Chicago. “No one’s gonna take us home, no one’s gonna leave us alone…”
Fica morno antes do final
Calma, não é uma reprodução de “Here Is No Why”, outro sucesso da banda, estamos falando de “999”, que se não contar o início no piano, tem a mesma escolha de acordes e riff do antigo sucesso. Podemos dizer que a estrutura é uma cópia, o que talvez seja o motivo para ser a mais fraca do novo trabalho. O que não apaga o brilho do baixo tocado por Corgan, posição que assume desde 2006.
“Goeth the Fall” e “Sicarus” seguem nesse ritmo e se mantém abaixo do resto, junto com sua antecessora.
O fim chega com “Murnau”, a grandiosidade retorna e vou te falar, QUE MÚSICA MEUS AMIGOS! As cordas são fenomenais, com uma bateria bem marcada, e a voz angustiante e sofrida de Billy, trazem o contraponto perfeito. É de se emocionar. “As the river rolls/As the river rolls/Lord have mercy on my soul…”
Conclusão
“Aghori Mhori Mei” é um trabalho mais que honesto. Entrega um disco novinho em meio a uma turnê de sucesso (até agora) e marca mais um ponto na discografia da banda. Fica abaixo dos grandes sucessos dos anos 90, mas é significativamente melhor que os últimos compilados.
Com toda certeza eu incluiria “Edin”; “Sighommi”; “What Goes There” e “Murnau” no setlist. Traria um ganho qualitativo enorme para as apresentações.
Lembrando que o Smashing Pumpkins já tem dois shows confirmados no Brasil ainda esse ano, em novembro. Brasília e São Paulo (com ingressos já esgotados) serão agraciadas com a volta da banda após nove anos longe das terras Tupiniquins.
Eu já tenho meu ingresso garantido e até lá seguirei ouvindo e espalhando a nova palavra de Billy Corgan, sugiro que faça o mesmo!
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