Crítica do álbum Flight b741, do King Gizzard & The Lizard Wizard - 2024 - Ultraverso

Após 2 álbuns abaixo do esperado, banda retorna com fôlego para mais uma rodada - Foto: Internet / p(doom) records

Flight b741 – Um respiro para a discografia do King Gizzard & The Lizard Wizard.

Allan Pangaio

A banda australiana lançou nessa última sexta (9) seu novo disco.  Após seus últimos lançamentos, PetroDragonic Apocalypse; Or, Dawn of Eternal Night: An Annihilation of Planet Earth and the Beginning of Merciless Damnation e “The Silver Cord”, ambos lançados em 2023, que ficaram abaixo da expectativa.

Mas é de se esperar que um grupo que, em 10 anos de carreira, lançou 25 discos, erre em algum momento. A produção em larga escala sempre foi um ponto interessante dos meninos australianos. Digo interessante pois, alguns erros sempre aparecem, mas no geral a média é positiva.

No novo trabalho, “Flight b741”, o grupo se reencontra com o rock mais simples. Buscando inspiração no rock anos 70 e como anunciado pelos próprios, “O álbum mais acessível e divertido do King Gizzard”. Eles não mentiram, o disco trás uma pegada de rockabilly e é cheio de riffs inteligentes. 

O Albúm

Entregue com 10 músicas, espalhadas em 43 minutos de duração, o disco abre com “Mirage City”, que começa com uma sessão instrumental que vai de um canto para outro no início do primeiro verso. É o tipo de canção que poderia ser abertura de uma série sobre fazendeiros no interior. Inteligente e cativante, seu riff principal é de tirar o fôlego. Além da gaita, que permeia o álbum por inteiro, faz uma ótima combinação.

“Antarctica” segue sua antecessora, inclusive no tema. Ambas as letras demonstram a fuga de um lugar onde não se sente confortável. /(Take me away, take me away)/ Antarctica, that’s the place for me. 

“Raw Fell” é a terceira faixa e nela tem um crescimento considerável. A temática e estilo na melodia se mantém; porém, a letra é melhor. Além do coro de todos os vocalistas, que faz a música ganhar uma cara oitentista incrível.

Em “Field of Vision”, o terceiro single do álbum, temos a melhor até aqui. A  letra confusa e sem sentido, já marcante na carreira do King Gizzard, retorna acompanhada de um solo malemolente e um refrão falado que acerta o ponto. As ótimas escolhas na linha de baixo e na bateria acrescentam e mudam a canção de patamar.

“Hog Calling Contest”, foi escolhida como segundo single, e é a música mais dançante da nova obra, provavelmente foi a música que inspirou a capa pirada do álbum, onde vemos porcos posicionados em um avião. A linha de baixo e os sons de porcos são o diferencial e, por mais estranho que pareça, casa perfeitamente.

O primeiro single

A sexta faixa “ Le Risque”, foi escolhida como música de trabalho e primeiro single. E dá pra entender o porquê disso. Ela é fácil de gostar, tem uma linha marcante no baixo, um vocal interessante que lembra as bandas indies dos anos 2010 e uma estrutura preparada para ser tocada em shows. Rápida, forte e marcante. É um acerto enorme, o terceiro e quarto versos, junto com a ponte entre eles é o ponto alto da canção.

Você precisa ver isso:

Depois dessa sequência, o fôlego parece ter acabado e desaceleramos na música título. “Flight b741”, vem de bom grado para preencher uma lacuna. Mesmo com sua guitarra espertinha, não mantém a qualidade de suas colegas antecessoras. Não é uma escolha ruim, mas fica abaixo. Assim como em “Sad Pilot”e “Rats in the Sky”. Na primeira o vocal é interessante, tanto no refrão quanto nos backing vocals e o solo da guitarra ajuda, mas novamente fica devendo. Já na segunda a tentativa não foi bem sucedida e a música beira a chata. Não entendam mal; a estrutura dela combina com todo o restante da obra, mas não rolou.

Finalizamos com “Daily Blues” e seus quase 8 minutos de duração. Gostei da música e das escolhas feitas, a letra traz uma forma de lidar com a nossa tristeza diária e entrega versos interessantes demais. As escolhas das palavras e termos são assertivas e finalizam muito bem o álbum. Infatuated with himself, and nobody can tell you otherwise/You’re so crass and volatile, like a stomach bile.

Conclusão

Nossos meninos workaholics entregam um álbum decente, que não chega aos pés de “Paper Mâché Dream Ballon”(na minha opinião o melhor da discografia dos caras) mas, tem pelo menos 3 canções que podem figurar nos set lists e apresentações sempre triunfante da banda ao vivo. A sequência dos singles “Field of Vision”,“Hog Calling Contest” e “Le Risque” seriam as minhas escolhas para serem acrescentadas na atual turnê dos caras.

Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o  podcast do Ultraverso que fala sobre Cultura Pop.

Ouça Flight b741, novo álbum do King Gizzard & The Lizard Wizard

Allan Pangaio

Estudante de Cinema e Audiovisual. Podcaster Colecionador de discos de vinil, amante do cinema, frequentador assíduo de shows e festivais https://www.instagram.com/ifyouhavetocast/
NAN