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Família - Leia a nossa crítica do filme - Ultraverso

Família é um bom filme, mas demora para engrenar

Bruno Oliveira

Família é um filme japonês dirigido por Izuru Narushima (Kokô No Mesu). De cara ele me trouxe uma surpresa imensa quando logo em sua primeira cena vejo pessoas no Japão falando em português. Eu estava cético quanto a ele e logo me senti convidado a assistir essa obra com o meu peito aberto somente por esse detalhe. Parte da história se refere a brasileiros que moram no Japão e suas dificuldades por estarem em outro país. A história não é somente sobre isso, mas diria que esse detalhe foi um charme a mais para ganhar minha total atenção.

Sinopse do filme Família

Seiji Kamiya (Koji Yakusho) é um artesão de cerâmica que vive sozinho em uma vila nas montanhas do Japão e enfrenta um dilema quando seu filho Gaku retorna do exterior. Gaku, engenheiro em uma grande empresa na Argélia, revela sua intenção de deixar tudo para se tornar ceramista como o pai, mas Seiji se opõe à sua decisão. Ao mesmo tempo, Marcos (Lucas Sagae), um brasileiro que vive nas proximidades, se torna amigo de Seiji após ter sido ajudado por ele em um momento difícil. Marcos vê em Seiji a figura paterna que perdeu e também se interessa pela cerâmica. Enquanto isso, Gaku e sua noiva Nadia enfrentam uma tragédia que abala suas vidas e suas aspirações. Juntos, esses personagens tentarão superar suas diferenças e construir laços familiares em meio a desafios emocionais.

Uma história sobre família, seja ela qual for

Essa sinopse parece um pouco confusa e complicada e no filme vemos e conseguimos sentir isso. Em sua primeira parte não entendemos direito para onde a história quer ir. Ele nos mostra núcleos completamente diferentes que acabam se juntando pelo acaso. Mesmo assim, ficamos em dúvida de para onde isso tudo vai nos levar. Aos poucos isso vai ficando claro e entendemos de forma bem ampla o significado de família. Muitos sabem que família não são só os consanguíneos, mas são também aquelas pessoas que conhecemos e levamos para a vida. Onde somos capazes de fazer tudo por eles. Essa é uma bela premissa que vemos se desenrolar durante a projeção.

Contraste entre Japão e Brasil

É possível notar que o choque de cultura entre o Japão e Brasil é muito grande ao mesmo tempo em que são bem parecidos quando o assunto é família. Quando essa união começa, ela é bem fria e até certo ponto um pouco forçada, mas é aí que entra o calor do brasileiro com um pouco da frieza japonesa. Demora um pouco, mas esse mundo se encontra e apenas coisas boas saem disso. Uma pessoa perdida, por muitas vezes, só precisa de um mão para ajudá-lo. Não que isso seja uma regra, mas funciona em âmbitos narrativos.

Momentos de emoção

O drama corre solto e por muitas vezes o tom fica bem pesado nos levando a momentos de lágrimas. A vida prega peças que ninguém espera. O que é maravilhoso pode ruir e o que é péssimo pode ganhar uma sobrevida com um pouco de amor. Esse contraste de tragédia e boas ações é que moldam esse longa e nos deixa perplexos em momentos chaves da história. A emoção vai vir e nem sempre estamos prontos para isso. O seu final à lá Gran Torino (2008) nos dá um certo alívio de que a maldade também tem seus dias contados.

Conclusão

Família peca por demorar um pouco para definir sobre o que ele é de verdade. Não saber para onde a história iria me deixou um pouco desinteressado. Isso muda com o desenrolar da projeção e nos pega de novo quando uma situação de tragédia atinge um importante personagem da história. No geral, é um bom filme e me ganhou principalmente por ver parte do Brasil incluída nisso tudo. Antes de terminar, preciso comentar a atuação de Koji Yakusho (Dias Perfeitos) que nos dá uma interpretação simples, mas com muitos significados através do olhar. Ele é incrível.