Festival do Rio: ‘Rainhas do Drama’ derrapa por causa da narrativa

Bruno Oliveira

‘Rainhas do Drama’ passou no Festival do Rio dentro da mostra Midnight Movies, uma das minhas preferidas. Para quem não conhece, essa mostra é uma seleção de filmes que apresentam narrativas experimentais e terror, sem preconceito ou tabu. O objetivo dela é provocar, assustar, excitar e fazer rir. Ou seja, essa obra cabe perfeitamente aqui, ainda mais porque ela tem quase todas essas características. Porém, não me agradou tanto quanto eu gostaria. Talvez por ser nonsense demais em algumas escolhas.

Sinopse

Em 2005, a jovem estrela pop, Mimi Madamour (Louiza Aura), vive um romance turbulento e ardente com Billie Kohler (Gio Ventura), ícone punk queer. Quando a primeira estoura para o sucesso, a outra fica relegada às sombras. Entre o amor, o ódio e o desejo pelos holofotes, a busca da glória e a paixão que sentem as conduzem para uma rota de autodestruição. Elas são o símbolo de toda uma geração, elas são um duo que arrasta multidões, elas são as Rainhas do Drama.

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Escolhas beirando o trash

O meu maior problema com ele foi a escolha de narrativa. Começa em 2055 com Steevyhady (Bilal Hassani), antigo fã n.º 1 de Mimi, contando a história do romance entre duas divas do pop em 2005. Isso por si só não fez muito sentido e coloca uma experiência nonsense, a meu ver, desnecessária. Poderia ter só começado com a história e estava tudo bem. Mas isso é que causa a excentricidade dele e já o coloca em um patamar de cult. Escolhas do diretor que o deixam em um nível de estranheza a mais beirando o trash.

Um romance tóxico

A maior história de amor entre divas do pop está descrita nesse longa. Porém, ele é doentio e beira a toxicidade. Uma delas fica 10 anos em depressão só por ter sido relegada. Com isso, músicas são criadas e fazem sucesso até chegar no número 1 das paradas. Existe um romantismo na dor que não me agrada muito. Não existe o superar e bola para a frente. Só existe uma forma de amor e ao perdê-la, o resto da vida se assemelha a morte. Quando as duas atingem o fundo do poço é que entendem que se amam de verdade. Para mim, não cola e soa errado para os dias de hoje. Não gosto de ver a dor ser romanceada como se fosse a única forma de amar e que só existe esse jeito de demonstrar tal sentimento.

Músicas boas que ficam na cabeça.

Um ponto alto são as músicas. Calma, não chega a ser um musical da forma clássica no cinema, mas músicas são entoadas durante todo o longa, e são boas. Cheguei a procurar por elas no YouTube e Spotify, mas não achei. Uma pena. Uma em específico está na minha cabeça há dias e não sai. Seria o 1.º single de Mimi e, olha, eles tocam essa música tantas vezes que aprendi a cantar em francês e me pego cantarolando ela em vários momentos do meu dia. Por mim, tudo bem; para alguns, será um inferno. Acho que esse detalhe melhora a película que até então me soava um pouco irritante.

Conclusão

Esse longa foi exibido na Semana da Crítica Cannes 2024 e não há nenhuma indicação que será lançado em nosso mercado. Quem prestigiou no festival viu, e quem não viu e faz questão de ver terá que recorrer a métodos alternativos para isso. Mesmo não tendo sido de meu total agrado, possui uma veia de filme cult muito forte e consigo vê-lo fazendo sucesso por aí de uma forma não esperada. Músicas chicletes e romances tórridos de divas pop estão no imaginário das pessoas por aí.

Onde assistir ao filme Rainhas do Drama

O filme Rainhas do Drama faz parte da programação do Festival do Rio.

Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso que fala sobre Cultura Pop.

Elenco de Rainhas do Drama

Louiza Aura
Gio Ventura
Bilal Hassani
Nana Benamer
Alma Jodorowsky
Dustin Muchuvitz
Thomas Potevin
Raya Martgny
Asia Argento
Jean Biche

Trailer – Rainhas do Drama

Ficha Técnica – Rainhas do Drama

Título original: Les Reines Du Drame
Direção: Alexis Langlois
Roteiro: Alexis Langlois, Carlotta Coco, Thomas Colineau, Thomas Colineua
Duração: 114 minutos
País: Bélgica, França
Gênero: Drama, Comédia, Musical, Romance
Ano: 2024
Classificação: 16 anos

Bruno Oliveira

NAN