Festival do Rio | ‘Eu Sou a Neta dos Antigos’ busca preservar as sementes nativas de Roraima

Bruno Oliveira

Eu Sou a Neta dos Antigos esteve presente no Festival do Rio na mostra Première Brasil: O Estado das Coisas, que visa apresentar filmes que abordam diferentes temas. Nesse caso, um documentário que mostra o esforço de alguns para preservar as sementes nativas no Estado de Roraima. Esse exemplar foi mais um que fez parte da lista de filmes nesse ano que possui os índios como a força principal da história. Importantíssimo para manter a importância de nossos povos originários.

Sinopse

Percorrendo extensos lavrados das terras dos netos de Makunaimi, Kelliane Wapichana viaja para preservar sementes nativas. Seu trabalho é fundamental na promoção da autonomia e da segurança alimentar de povos originários, além de contribuir para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. As paisagens revelam o cotidiano de sangue, resiliência e luta de seus parentes, mas também a magia e a renovação da esperança, enquanto testemunhamos saberes de sustentabilidade e fé.

Sabedoria além dos poderosos

Em tempos modernos que consumimos comidas orgânicas com agrotóxicos nem conseguimos parar para imaginar o quanto isso faz mal para todos nós no dia a dia. Esse é o principal mote desse longa, embora não seja o completo foco dele. Talvez o maior foco dele seja mostrar toda a luta do povo indígena para fazer a diferença em um mundo ditado por empresários e pelo dinheiro. Voltar ao básico, ao simples, pode ser a nossa forma de preservação, mas isso é quase impossível se levarmos em conta os grandes poderosos. Quando tudo ruir, os povos originários ainda terão uma sobrevida.

Protetores da natureza

Além dessa luta quase sem voz e sem atenção, ainda nos é mostrado como é ser um índio nesses locais. Sofrendo com invasões de garimpeiros e brutalidades policiais por um direito que eles já possuem. Ver tais vídeos dói e nos faz ter vergonha. Embora o homem branco tenha dinheiro e poder, os povos indígenas possuem a ingenuidade e a sabedoria do que é o certo. Eles são os verdadeiros protetores da natureza e preservar e passar adiante entre eles as sementes de alimento é uma jornada que preservará o modo de vida deles por um tempo.

A perpetuação da troca de sementes

Em sua parte final vemos um pouco do resultado dessa aventura. Quando nos é mostrado a feira com os produtos de cada tribo indígena, entendemos de verdade para que tudo isso. A fartura e a qualidade dos alimentos é grande e chega a ser exagerado. A troca de sementes entre eles também acaba sendo um ato primordial para a perpetuação desses alimentos sem uso de agrotóxicos. É mais duro, demora mais, porém a gratificação de algo saudável e sustentável de acordo com o que a natureza pede é satisfatório.

Conclusão

Eu Sou a Neta dos Antigos é um bom documentário e seu tempo de projeção é curto tendo apenas 74 minutos. Para mim, é um tempo ideal para esse tipo de longa. Muita informação, contemplação e registro dos modos de vida indígenas fazem parte do pacote. Dificilmente virei aqui falar mal de um documentário e não será dessa vez que farei isso, mas entendo que o público médio não consiga ter um apelo com ele. Uma pena, pois o achei bom e bastante informativo.

Elenco de Eu Sou a Neta dos Antigos

Kelliane Wapichana
Cacilda da Silva
Paje Mariana Tobias
Lucia Abelardo
Marileia Macuxi

Trailer – Eu Sou a Neta dos Antigos

Ficha Técnica – Eu Sou a Neta dos Antigos

Título original: Eu Sou a Neta dos Antigos
Direção: Adriana Miranda
Roteiro: Adriana Miranda
Duração: 74 minutos
País: Brasil
Gênero: documentário
Ano: 2024
Classificação: livre

Bruno Oliveira

NAN