Crítica de Filme | Mr. Turner

Giselle Costa Rosa

Filme premiado em Cannes, explicita na tela a vida do pintor britânico J.M.W Turner (1775-1851), um dos precursores do impressionismo. Dono de uma personalidade peculiar, Mr. Turner é delineado como um homem dotado de um humor tipicamente inglês e de um grunhido específico muitas vezes utilizado no lugar das palavras.

Vivendo na companhia de seu pai e de uma fiel governanta, ele segue pintando seus quadros que, apesar de serem apreciados, geram controvérsias entre o público e os dirigentes da aristocracia da época, cujas piadas e críticas cruéis não poupavam suas obras. Popular membro da Academia Real de Artes, ele era conhecido por sua excentricidade e indisciplina. Suas inspirações muitas vezes foram alimentadas pelas numerosas viagens que fazia. Em uma dessas viagens, a vida dele muda quando encontra a Sra. Booth (Marion Bailey), proprietária de uma pensão de família à beira mar, uma viúva que ainda sonhava em viver as coisas boas da vida.

O pintor, interpretado pelo excelente Timothy Spall, ganhador do prêmio Melhor Ator em Cannes, destaca-se na trama ao dar vida aos trejeitos do pintor, e na linguagem não verbal utilizada.  Spall ainda consegue transmitir bem a dualidade de Turner no que tange o seu aspecto embrutecido versus sensibilidade artística e bom coração. Vale destacar também o trabalho da atriz Dorothy Atkinson, que demonstra habilidade ao viver a delicada governanta Hannah com dificuldades físicas.

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O filme, que foca pouco na vida pessoal de Turner, delineia bem a rabugice e o modo como o pintor trata as pessoas à sua volta, com uma agressividade intrínseca à época. Além disso, temos uma caprichada reconstituição do século XIX, levando o espectador ao início da era vitoriana.

O diretor Mike Leigh (Segredos e Mentiras, 1996), vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 1996, busca não somente mostrar a personalidade rude do cinebiografado mas também sua obra. Por isso, foi atribuída uma grande importância ao rigor estético. A narrativa, muitas vezes paralisada, foi construída de forma que o espectador possa apreciar as pinturas de Turner.

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Produção que deve ser apreciada, sem pressa, como a obra de Turner – mesmo que não se goste em um primeiro olhar.

BEM NA FITA: o lado estético, boas atuações, bela fotografia realizada por Dick Pope.

QUEIMOU O FILME: a longa duração do filme com seus 150 minutos.

Veja o trailer:

FICHA TÉCNICA

Título Original: Mr. Turner

Diretor: Mike Leigh

Roteirista: Mike Leigh

Elenco: Timothy Spall, Dorothy Atkinson, Marion Bailey, Roger Ashton-Griffiths, Lesley Manville, Ruth Sheen, Sarah Danby, Robert Portal,Roger Ashton-Griffiths, James Norton

Diretor de Fotografia: Dick Pope

Ano: 2014

Giselle Costa Rosa

Integrante da comunidade queer e adepta da prática da tolerância e respeito a todos. Adoro ler livros e textos sobre psicologia. Aventuro-me, vez em quando, a codar. Mas meu trampo é ser analista de mídias. Filmes e séries fazem parte do meu cotidiano que fica mais bacana quando toco violão.
NAN