Crítica de Filme | Drácula – A História Nunca Contada

Stenlånd Leandro

Drácula ou os contos de Shakespeare? Charme é algo carismático em ambos os casos. Os contos de Drácula ganharam com o passar dos anos muitas adaptações, mas sempre mantendo um único sentido: Dele ser o primeiro de todos os Vampiros. Alguns anos atrás tive o prazer de assistir nada menos que Drácula de Bela Lugosi, que possui aquele charme do preto e branco, gerando aquele fascínio pelo antigo, pelo clássico, pelo lúdico, pelo horror e por fim, pelo romance mais intenso possível.

Não importa quantas versões existam de Drácula, ele sempre será em nossa mente o primeiro de todos. Mas o que aconteceria se criassem uma História Nunca Contada antes? Será que o prazer pelo diferente o agradaria ou quem sabe o diferente viria a ser o que chamamos de mesmice? Bom, o fato é que o inexperiente diretor Gary Shore, juntou um orçamento muito alto para arriscar algo tão diferente, algo em torno de 100 milhões de dólares e deve ter pedido muito desse dinheiro. Apesar de a trama começar muito bem, uma guerra que pode ser que fuja do provável (Turcos vs Romenos) venha a ser um total disparate, mas há como engolir um pouco. O longa começa lembrando e muito o jogo Castlevania Lord of Shadows, sendo este longa, narrado no inicio, deixando ele interessante, como sempre imaginei que deveria ser o longa. Mas assim como Castlevania e Dantes Inferno, aqui, neste longa, também temos uma bela princesa, que durante a história, alem de proteger seu filho pelos motivos expostos, vale também consagrar o que chamamos de proteção à família.

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Luke Evans protagoniza a trama de ação sobre a origem do vampiro muito bem, é um excelente ator sem sombra de dúvidas (ao menos neste longa), mas uma história clichê pode desmantelar tudo e o que seria ”história nunca contada” tenha se tornado um mero marasmo ao longo da película. Fica complicado sequer falar do filme, sem expor o que chamamos de spoilers, pois a ”historia nunca contada” não passa de salvatagem à sua família que está em apuros. Mas e se Drácula não fosse o primeiro vampiro? E se ele não fosse um vilão como todos pensam? Numa guerra para salvar sua família, logo aparece o temido príncipe romeno Vlad, O Empalador! Uma espécie de herói/anti-herói que luta pelo bem estar de seu povo. E é por isso que a história se torna meio que ”nunca contada”. A origem do vampiro vem de outro lugar, o que cria um ambiente diferenciado do que estamos acostumados e assim, durante essa guerra sanguinária, Vlad toma decisões arriscadas e coloca todo seu povo em risco. Para consertar e vencer a guerra, resolve fazer uma espécie de pacto com algo que seria realmente o primeiro vampiro dando início a uma mitológica e já conhecida história sobre vampiros.

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O problema todo é que os habitantes da Transilvânia sempre foram inimigos dos turcos (no longa a princípio), com quem tiveram batalhas épicas. Para evitar que sua população fosse massacrada, o rei local aceitou entregar aos turcos centenas de crianças. Entre elas estava quem? O próprio filho, Vlad Tepes (Luke Evans), que aprendeu com os turcos a arte de guerrear. Logo Vlad ganhou fama pela ferocidade nas batalhas e também por empalar os derrotados. De volta à Transilvânia, onde é nomeado príncipe, ele governa em paz por longos lindos 10 anos. Só que o rei Mehmed (Dominic Cooper) mais uma vez exige que 100 crianças sejam entregues aos turcos e dentre essas 100 crianças estaria seu filho. Vlad se recusa e, com isso, inicia uma nova guerra.

Apesar do filme ter excelentes efeitos especiais, há uma quebra de ritmo, de cronologia, a película começa real e convencendo com bons argumentos históricos de como essa lenda começou a partir de Vlad e seu misterioso pacto. O problema é quando começam a entrar os efeitos na história, tudo aquilo que fora criado vira um emaranhado de efeitos, o que de certo ponto é bom, entretanto é muito mal dirigido e com interpretações extremamente não convincentes (da parte do lado inimigo). os efeitos tomam conta de uma maneira que qualquer movimento real feito, vira algo bem computadorizado.

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Num resumo, o filme tem pontos bons e pontos ruins, num ”overall” ele é bem melhor que outras adaptações, mas como Invocação do Mal conseguiu vencer o clássico Exorcista, Drácula a Historia Nunca Contada está longe de vencer os clássicos de Bela Lugosi e Bram Stoker.

Com direção do estreante Gary Shore e produção de Michael de Luca (“Capitão Philips” e “A rede social”), a aventura épica tem Luke Evans como protagonista. O ator já participou de filmes como “O hobbit: A desolação do Smaug” e “Os três mosqueteiros”, Drácula chega as telonas em 23 de Outubro de 2014.

BEM NA FITA: Efeitos especiais, narrativa inicial que se parece com games, o ambiente familiar, o tom de romance medieval.

QUEIMOU O FILME: Estrutura de roteiro clichê, nada que justifique algo do tipo ”história nunca contada”, péssima atuação do lado inimigo (atores)


FICHA TÉCNICA:
Gênero: Ação
Direção: Gary Shore
Roteiro: Burk Sharpless, Matt Sazama
Elenco: Andrew Zographos, Anthony Briers, Arkie Reece, Art Parkinson, Ash Cook, Bobby Marno, Bomber Hurley-Smith, Charlene Gleeson, Charles Dance, Charlie Berkeley, Charlie Cox, Chris Cherry, Cole Currin, Darren Speers Crothers, Davide Manganelli, Diarmaid Murtagh, Dilan Gwyn, Dominic Borrelli, Dominic Cooper, Ferdinand Kingsley, Frank Cannon, Glen Barry, Gordon Bell, Hunter Stratton Boland, J.J. Murphy, James Edlin, Jeffrey Nelson, Jesse Morris, Joana Metrass, Joseph Long, Lasco Atkins, Laurence Doherty, Luke Evans, Marco Staines, Matthew Åkerfeldt, Mel Lyle, Neville Steenson, Nick Donald, Noah Huntley, Omar Youssef, Paul Bullion, Paul Casar, Paul Kaye, Peter Heenan, Rachel Kennedy, Richard Buick, Richard Hansen, Ronan Vibert, Ross Moneypenny, Ruth Baxter, Samantha Barks, Sarah Gadon, Shane McCaffrey, Thor Kristjansson, Tom Benedict Knight, Tyrone Kearns, William Houston, Zach McGowan
Produção: Alissa Phillips, Jon Jashni, Joseph M. Caracciolo Jr., Michael De Luca, Thomas Tull
Fotografia: John Schwartzman
Montador: Richard Pearson
Trilha Sonora: Ramin Djawadi
Duração: 92 min.
Ano: 2014
País: Estados Unidos
Cor: Preto e Branco
Estreia: 23/10/2014 (Brasil)
Distribuidora: Universal Pictures Brasil
Estúdio: Legendary Pictures / Michael De Luca Productions / Universal Pictures

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
NAN