Crítica de Filme | Uma Noite de Crime: Anarquia

Bernardo Sardinha

Chegou aos cinemas a sequência que ninguém pediu! Atividade Paranormal: Marcados para o Mal Uma noite de Crime: Anarquia é um daqueles filmes cujo o “sucesso” do antecessor (leia-se lucro) garantiu uma sequência! Posso estar enganado, mas “Uma Noite de Crime” (The Purge) pode virar a próxima franquia a ter um filme por ano à la “Jogos Mortais” ou “Atividade Paranormal”.

Confesso que no começo achei a premissa interessante (uma noite onde é permitido cometer crimes sem medo da lei). Mas, com o rolar do filme, percebi que cometer crimes e sair impune é algo bastante comum no Brasil, então…Meh! Enfim, o Estado agora diz, em alto e bom som que todos podem cometer crimes na noite do Expurgo, para assim soltarem as feras interiores para assim depois voltarem a sua vida pacata.

A história gira em torno de um homem que busca vingança (Frank Grillo), um casal ( Zack Gilford e Kiele Sanchez), cujo o carro quebrou no meio do Expurgo e uma mãe e filha (Carmem Ejogo e Zoe Soul) que são sequestradas por homens misteriosos. Perdidos na cidade eles buscam sobreviver ao caos da noite do Expurgo.

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Este é um dos poucos casos em que a sequência é melhor que o filme original. Um pouco melhor. Uma das principais críticas sobre o primeiro “Uma noite de Crime”, era que a premissa era boa, mas, infelizmente, ao invés de explorar esse mundo, o diretor se restringiu a focar apenas em uma família presa dentro de uma casa, fazendo um home invasion movie que ninguém tem mais paciência para assistir… O diretor escutou o bafafá da internet (salvo meu engano havia algum forum com alguém sugerindo boa parte da trama deste filme. Coincidência?) e agora vamos conhecer melhor o mundo distópico de “Uma noite de Crime”.

Alias, o world building é o ponto alto do filme. Nós temos um pequeno vislumbre das várias facetas do que é a noite do Expurgo. Sim, há tarados com machados querendo matar todos. Há pessoas ultra religiosas se achando a mão vingadora de Deus. Ricos com smokings fazendo leilões de pessoas para matar. E há aqueles que matam desafetos ou por justiça e etc.

O roteiro tem uma pegada social forte e o discurso do “nós somos o 99%” permeia boa parte do filme. O Expurgo não é uma ferramenta para acalmar o lado bestial do ser humano, como diz o governo, mas na verdade é um meio de controle de população, onde os ricos assistem os pobres morrerem seguros em suas mansões. Como de praxe nos filmes de ação B, o roteiro nos brinda com situações onde os personagens fazem ou falam coisas idiotas de revirar os olhos.

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Uma Noite de Crime: Anarquia não é um filme de terror, é um action thriller, a ponto de, em vários momentos, eu tive a impressão que estava assistindo o filme do Justiceiro (e pelo que vi na internet, não fui o único). Frank Grillo seria perfeito para o papel do anti-heroi mais sanguinário da Marvel. Uma pena já ter aceito o papel de Crossbones no “Capitão América: Soldado Invernal”, (ele já confirmou que vai voltar para a sequência, “Capitão América: Guerra Civil”). Frank Grillo tem força para protagonizar a história e carrega o filme nas costas, já que a atuação do resto do elenco é medíocre.

Sobre a direção de James DeMonaco, o excessos de closes não prejudica a narrativa, mas incomoda. Fora isso, é o mesmo filme de ação de um domingo à noite.

Uma Noite de Crime: Anarquia, como dito acima, é melhor que o primeiro, o que não é exatamente uma façanha, mas se você gostou do primeiro ou está procurando por um filme de ação despretensioso (e se não tem nada melhor para fazer) é uma pedida.

BEM NA FITA: Bom world building. Se você fizer força, pode pensar que é um filme do Justiceiro.

QUEIMOU O FILME: Diálogos idiotas. Close e closes e closes… Roteiro genérico.

FICHA TÉCNICA:
Nome original: The Purge: Anarchy
Gênero: Terror
Direção: James DeMonaco
Roteiro: James DeMonaco
Elenco: Frank Grillo, Sergeant, Carmen Ejogo, Eva Sanchez, Zach Gilford, Shane Kiele Sanchez, Liz, Michael K. Williams, Carmelo, Nicholas Gonzalez, Carlos Edwin Hodge, The Stranger, John Beasley
Produção: Andrew Form, Bradley Fuller, Jason Blum, Michael Bay, Sebastien Lemercier
Fotografia: Jacques Jouffret
Montador: Vince Filippone
Trilha Sonora: Nathan Whitehead
Duração: 103 min.
Ano: 2014
País: Estados Unidos / França
Cor: Colorido
Distribuidora: Platinum Dunes / Universal Pictures / Universal Pictures Brasil
Estúdio: Blumhouse Productions

Bernardo Sardinha

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