Crítica de Filme | Mortdecai – A Arte da Trapaça
Stenlånd Leandro
É isso mesmo caro leitor, é isso mesmo! Essa geringonça desengonçada não tem a menor utilidade! Um longa audacioso, com um orçamento razoavelmente mediano e com atores consagrados como Johnny Depp, Gwyneth Paltrow, Ewan McGregor e Paul Bettany. Assim, se espera de tudo, inclusive um filme decente. E este não foi o caso de Mortdecai – A Arte da Trapaça. Não tinha outra saída a não ser dar a menor nota possível para a produção, que prometia muito, mas decepcionou.
Um roteiro sobre um rico negociador de obras de arte e vigilante nas horas vagas, que frequentemente se vê metido em casos de crime e espionagem soa clichê. E tentar reaver uma pintura roubada que pode conter o código para uma conta bancária secreta cheia de ouro dos nazistas é mais clichê ainda. Inviavelmente, Mortdecai – A Arte da Trapaça é uma comédia de ação que mistura espionagem e arte, que poderia significar o pulo do gato para Johnny Depp fazer as pazes com o sucesso, mas não foi isso que aconteceu.
A vertente cômica contida no filme não se safa e tudo resulta num choque cultural indigesto e sob a prontidão do que já fora citado: clichês. Se é verdade que Johnny Depp já não possui o “sex appeal” de antes, é agora um fato direto que o seu talento encontra-se desvanecido.
Mortdecai – A Arte da Trapaça resume-se à uma caricatura falante e estranha, tentando impor um teor cômico que lembra até Steve Martin vivendo o papel, com demasiado espaço para oferecer ao espectador. Aquele que for ao cinema constatar a imaturidade da atuação de todos contidos na película, há de sentir uma automatização dos seus empenhos. E como pode-se satirizar mais intensamente, a película faz com que cada ator estivesse conduzindo um espetáculo de “stand-up comedy” de quinta categoria.
É um fato que o ator que todos querem ver atuando seja Johnny Depp e, com isso, desde que Jack Sparrow entrou em sua vida, o ator tem tido dificuldade de separar o personagem de suas caracterizações. Em 2014, a ficção científica “Transcendence” tinha uma ideia incrível, mas o filme era bem ruim, devido à atuação do astro. No Natal deste ano, “Em Caminhos da Floresta”, o Depp até que se saiu melhor do que o esperado, mas sua interpretação era uma bomba relógio interna.
É óbvio que alguns irão dar gargalhadas de cenas forçadas onde há um realização artificial, com dinamismo nulo, mas Mortdecai – A Arte da Trapaça é decepção do início ao fim.
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