Coletiva | O Sal da Terra
Demétrius Carvalho
Excelente hora para o brasileiro aprender a assistir documentários. O Sal da Terra é daqueles filmes que fazem as pessoas refletirem sobre o mundo, o que é possível fazer para o melhora-lo e ver isso partindo de ações pessoais, sendo que não é um filme qualquer.
Como a vida imita a arte, tons de dramaticidade são inseridas nessa coletiva de imprensa, que originalmente contaria com a presença do fotógrafo Sebastião Salgado, o documentado, mas, no dia anterior, a irmã de Lélia, esposa que tem forte importância na carreira do artista, faleceu em um acidente de carro, atrasando a chegada dele em São Paulo.
Seu filho, Juliano Ribeiro Salgado, co-diretor do longa ao lado de Wim Wenders começa relatando a ironia. Leny, sua tia que faleceu, ajudou muito no processo do filme e aparece nele inclusive e falece um dia antes do lançamento.
Perguntado sobre sua relação com Sebastião Salgado, Juliano disse ter sido difícil. Por causa da longa ausência do pai por conta de trabalho quando ele era criança, ele o via como um super-herói que saía para se aventurar, mas distante. Os assuntos basicamente eram sobre futebol e banalidades e que o documentário, de certa forma, os aproximou e agora ele tem um grande amigo.
::: CRÍTICA DE FILME | O SAL DA TERRA
Juliano foi quem mais falou na coletiva que contava com integrantes da distribuidora Imovision, da Eco falante e David Rosier, co-roteirista do filme com Win Wenders. Ele disse que a origem do longa se deu em 2009, quando viajou com o pai para cobrir um de seus trabalhos e, ao juntar um material e mostrar a Sebastião, acabou ficando comovido, chegando às lágrimas. A partir daí, abraçou a ideia de Wim de fazer algo sobre o consagrado fotógrafo.
“Quando você pergunta de uma foto para o Sebastião, ele vai contar a história da pessoa, não a luz ou condições climáticas para o dia”, revelou Juliano.
Ele disse ainda que ele se envolve no processo e que, por isso, sofreu muito, chegando a ter depressão. Cobrir Ruanda, segundo o próprio, foi algo que o fez questionar o sentido das coisas. Ele só reencontrou a alegria com sua mulher fazendo um trabalho de replantio de árvores nas terras de seu pai, localizadas no interior de Minas. Foram cerca de 2,5 milhões de árvores replantadas.
Questionado sobre o próximo trabalho de Sebastião, Juliano brincou: “Ele tem 71 anos, mas anda quilômetros e quilômetros e é capaz de morar meses no meio da mata”. Quase como quem diz: Não duvido de nada.
O Sal da Terra foi indicado ao Oscar de melhor documentário de 2015. Confira a nossa crítica sobre o filme.