Crítica de Filme | Deixa Rolar

Stenlånd Leandro

“Um homem não acredita no amor, prefere ir a bares e se divertir com um grupo de amigos solteiros. De repente, conhece uma mulher por quem se encanta e se apaixona pela primeira vez na vida. Mas aí vem o dilema: ela é noiva de outro cara, e o nosso herói apaixonado fará de tudo para conquistar o amor de sua vida.

A premissa acima está presente em inúmeras comédias românticas de Hollywood, que se utilizam do clichê “não acredito no amor/paixão repentina/amor impossível/happy ending” para vender ingressos e faturarem na bilheteria. Obviamente, também é a premissa do filme “Deixa Rolar” (no original, Playing It Cool), dirigido por Justin Reardon, com Chris Evans (o Capitão-América), Michelle Monaghan (a mocinha da trama) e uma ponta de Ashley Tisdale (para a alegria dos fãs de “High School Musical, em que atuou). Apesar do elenco famoso, não conseguem salvar o filme.

Primeiramente, quanto à trama, como já dito, é preciso destacar que impera o previsível, a começar pela sinopse. Essa história de alguém que não acredita no amor e se apaixona a contragosto é muito batida, há vários filmes semelhantes. Apenas para ficar em um mais recente, “A Proposta”, com Sandra Bullock, também trazia uma executiva workaholic que não tinha tempo para o amor e se apaixonava repentinamente.
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Além disso, “Deixa Rolar” também tangencia o tema sobre amizade entre homem e mulher. Conforme o filme avança, percebemos que o diretor não consegue encontrar um ritmo, pois o roteiro repete situações e ideias que não deixam o espectador se envolver mais a fundo. Para ilustrar: o protagonista escritor, sempre depois de sair com a mocinha comprometida(vivida pela Michelle Monaghan), encontra-se com seu grupo de amigos escritores e todos discutem se ele agiu certo ou não no tal encontro. Isso se repete várias vezes, suscitando sempre uma conversa fútil sobre “o que é amor, quais os sintomas de uma paixão, a possibilidade de amizade entre duas pessoas de sexo oposto”, apenas para exemplificar. O filme não anda, fica preso às cenas do grupo de amigos conversando sobre o relacionamento entre os protagonistas. É cansativo e revela uma falta de criatividade gritante do roteirista.

Outro ponto negativo a ressaltar é a ausência de química do casal principal. Os atores até que tentam, mas o roteiro não permite que simpatizemos com eles, principalmente porque a personagem da Michelle Monaghan me desagradou profundamente. Ela é noiva, como faz questão de ressaltar, mas não hesita um segundo sequer em largar seu companheiro sozinho em um jantar beneficente para andar pelo salão conversando com o protagonista, que acabara de conhecer. Também não hesita em, minutos após se conhecerem, entrelaçar seus dedos com os de Chris Evans – e o que é pior – na frente de seu noivo (a cena também traz um efeito especial, que é uma espécie de faísca saindo dos dedos, simbolizando a paixão que estava se iniciando).

Para piorar, ela se mostra ainda mais baixa e sem qualquer tipo de ética ao aceitar sair com o roteirista (eles chamam de “friend dates”), mas na qualidade de amiga. Oras, ela sabe que ele está apaixonado por ela, ela também está se encantando por ele, ela está noiva de outrem mas, mesmo assim, topa sair com outro. Eu, particularmente, não gostaria de minha noiva fizesse isso comigo. Ela se mostra infiel, sim, e sem moral alguma para criticar o protagonista, como faz no terceiro ato do filme em uma ridícula cena em um restaurante.

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Importante informar também que o filme é recheado de desnecessárias cenas fantasiosas, em que o protagonista imagina situações envolvendo casais, colocando-se no lugar deles para tentar entender o que é amar. Há uma cena na qual o melhor amigo de Chris Evans conta que assistiu a uma telenovela asiática sobre um casal apaixonado, somente para, em seguida, o roteirista se imaginar como se fosse, ele próprio, o personagem da telenovela. Há cenas assim em demasia (inclusive uma sequência de animação), tornando a película muito repetitiva e cansativa, novamente quebrando o ritmo e dificultando o envolvimento do espectador com a trama principal.

Entretanto, faço aqui uma menção ao primeiro ato do filme, que conseguiu me divertir e prender minha atenção. Da primeira cena até o primeiro encontro do casal, estava achando o filme raso,  porém divertido. Uma pena que, depois disso, os defeitos do filme se tornem tão evidentes e se sobreponham à sua qualidade.

Por fim, preciso elogiar a decisão da distribuidora do filme em lançá-lo nos cinemas dia 11 de junho, um dia antes do Dia dos Namorados. “Deixa Rolar” é aposta certa para os mais românticos, que certamente aproveitarão a sessão e se deixarão levar pela trama. Não havia data melhor para o lançamento e, arrisco a dizer, a bilheteria será boa.

Mas deixo avisado: o filme é ruim. Uma dica: para aproveitar a sessão, vá assistir com seu companheiro, entre no clima do Dia dos Namorados, esqueça os muitos problemas do filme (trama que cai no lugar comum, cenas desnecessárias e repetitivas, falta de ritmo e uma mocinha de moral bem questionável) e, simplesmente, deixe rolar.

FICHA TÉCNICA

Deixa Rolar (A Many Splintered Thing)
2014 | EUA |
Direção: Justin Reardon
Elenco: Chris Evans, Michelle Monaghan, Aubrey Plaza
Classificação: 14 anos

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
NAN