Crítica de Filme | Férias Frustradas

Bernardo Moura

As férias atrapalhadas da família Griswold estão de volta. O filme que arrecadou 61 milhões de dólares e foi baseado num conto de humor de John Hughes, de 1979, volta em 2015 com um novo time e uma nova forma. Antes, estrelado por Chevy Chase e Beverly D’ Angelo, Férias Frustradas (ou Vacation, no título original) traz Ed Helms e Christina Applegate dando vida à uma parte da família que passa por 1001 aventuras.
O problema é que você fica com a sensação de déjà-vu latente. Se antes, o paizão pegava a mulher e as crianças para fazer uma viagem até um parque de diversões; agora, o pai lerdo e ausente da vida familiar pega a mulher e as crianças para uma excursão ao mesmo parque de diversões onde seu pai o levara 30 anos antes. Ou seja, no primeiro filme se tem uma linha definida, um argumento forte para o personagem  de Chevy Chase fazer a roadtrip e sair desbravando os Estados Unidos. Já, neste segundo, não há. Melhor, há. Só que vem embolado com um monte de fatos juntos e isso não fica muito bem explicado ao espectador.
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A começar pela mudança de valores que houve de lá para cá. Nos anos 80, a sociedade possuía um conceito do patriarca da família ser “dedicado” à família, à esposa, trabalhador e mais tranquilo. Nesta versão de 2015, o pai faz parte da “zoeira never ends“, não sabe de nada, é caricato e está pouco ligando para os filhos. Ele só liga no máximo à esposa, a quem fica ali lhe dando forças durante o processo.
A zoeira do longa chega a ser tão absurda que parece que estamos assistindo ao filme “Debi & Lóide”, de 1994, no qual tinha Jim Carrey e Jeff Daniels nos papéis principais. O humor desenfreado (ou a falta dele), que os estúdios quiseram colocar, atrapalha bastante o desenrolar do filme.  As situações que a família Griswold passam chegam a ser estapafúrdias e ficam caricatas. Em todo o longa de 99 minutos, há apenas duas cenas muito boas: a dos quatro estados e a da irmandade universitária de Debbie. O restante, é tudo para inglês ver. Como eu falei ali em cima.
A química do casal é muito boa. Christina e Ed fazem jus ao legado deixado por Chevy e Beverly. Os dois são bons e até no improviso, onde os diretores John Francis Daley e  Johnatham M. Goldstein permitem uma “direção livre”, os dois brilham sem tropeços entre si.
Na trilha sonora, tem muita música do filme antigo, inclusive o tema original. No entanto, a que fica mesmo na cabeça é a “Kiss From a Rose”, de Seal, canção que embala a viagem dos Griswold. Atenção: se você não gosta desta música, prepare-se para sair do cinema com ela na cabeça.
Logo, a continuação que teve imenso sucesso de público no verão norte-americano neste ano, provavelmente, não fará feio nos cinemas brasileiros. O filme estreia nesta quinta-feira, 3 de setembro, e deve levar multidões à salas de cinema. E se depender do casal de namorados que assistiu ao meu lado, o filme é “para morrer de rir”. Boa diversão.

FICHA TÉCNICA:
Gênero: Aventura e Comédia
Direção, roteiro e produção: John Francis Daley e Johnathan M. Goldstein
Elenco: Ed Helms, Christina Applegate, Skyler Gisondo, Steele Stebbins, Chris Hemsworth, Leslie Mann, Chevy Chase e Beverly D’Angelo.
Fotografia: Barry Peterson
Montagem: Jamie Gross
Duração: 99 minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2015.

Bernardo Moura

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