Cinema ao Pé da Letra – Parte 17: Os planos têm tamanho, mas não são dois!

Plano Médio (Enquadra o corpo inteiro do personagem). Foi o primeiro plano a ser concebido. Lá pros idos de 1895, quando o Cinema surgiu, o mais próximo do cinema que se tinha era o teatro. Por isso, nada mais lógico que se posicionar a câmera no lugar do espectador de teatro e enquadrar o corpo inteiro do personagem. Na imagem acima, vemos um dos primeiros filmes da história do cinema, e que revela sua origem: não se pensava ainda em criar histórias, mas de se mostrar truques de mágica.

Plano Médio Conjunto (Igual ao plano médio, mas com mais de um ator enquadrado). Foi o segundo plano a existir, sendo apenas uma derivação do plano médio.

Plano Detalhe (A câmera se aproxima de algum objeto ou de um, pasmem, detalhe). Logo se percebeu a necessidade de filmar algumas coisas aproximadas. Por exemplo, se olhássemos uma pessoa (em plano médio) lendo uma notícia do jornal, era lógico que precisávamos mostrar qual era a tal notícia. Daí, ao aproximar a câmera do jornal, surgiu o plano detalhe. Acima, uma cena de Três Homens em Conflito, onde, no grande clímax da película, os planos detalhes são utilizados para mostrar a aproximação da mão dos cowboys de seu coldre para começar um embate armado.

Close Up ou Primeiro Plano. (Enquadra apenas o rosto do ator) Logo se percebeu a necessidade de se mostrar o rosto do ator, para mostrar sua expressividade. O engraçado é que, ainda com essa linguagem muito jovem e não assimilada pelo espectador, era comum as pessoas acreditarem que se tratavam de cabeças voadoras. Aqui, um fotograma de O Martírio de Joana D’Arc, uma obra prima do cinema que usa do close como principal instrumento para passar as emoções (lembrando que se tratava de um filme mudo).

Meio Primeiro Plano (Enquadramento a altura do peito do personagem). E quando precisamos de um plano que mostre o protagonista – nem com tanta distância quanto o plano médio, e nem com tanta proximidade/pouco distanciamento emocional como nos proporciona o close? Surge daí o Meio Primeiro Plano. O fotograma acima é do grandioso O Assalto ao Trem (1903), em que o quadro acima, do bandido atirando no espectador é um dos momentos mais significativos da história do cinema.

Plano Geral (Enquadramento em que o ambiente tem mais relevância que os atores). Outra necessidade natural do cinema, foi, ao reconhecer que as vezes a narrativa pedia uma importância maior do ambiente frente ao ator, poder deixar os atores diminutos em quadro (ou nem aparecendo). Acima, um fotograma do premiado Lawrence da Arábia, em que o deserto ganha proporções magnânimas através da escolha do uso do plano geral. (Atentem que a imagem sendo muito mais horizontal que vertical deriva da escolha da lente – algo que já vimos em colunas anteriores – e que ajuda a mostrar a imensidão do deserto).

Primeiríssimo Primeiro Plano (Close Up ainda mais aproximado). Também conhecido como Plano Sergio Leone, em homenagem ao diretor italiano que imortalizou o plano nos seus usos em Três Homens em Conflito. Acima, um exemplo retirado do próprio filme, onde o plano enquadrando apenas os olhos e parte da face criam um momento de tensão extrema.

Plano Americano (Enquadramento na altura do joelho). As origens do cinema americano nos filmes de faroeste, logo pediram a criação deste intermediário entre o Plano Médio e o Meio Primeiro Plano. Qual a sua necessidade, vocês me perguntam? Muito simples. O que faz um diretor que quer fazer um Meio Primeiro Plano, mas precisa mostrar o coldre da arma do personagem? E daí surgiu o nosso famigerado Plano Americano.