Crítica de Filme | Califórnia

Juliana Góes

Tanto nos 80 quanto nos dias atuais, a vida de qualquer adolescente é marcada por insegurança e conflito frequente: primeira paixão, desilusão amorosa, dúvidas sobre sexo, oposição aos pais, festinhas e convívio na escola. É justamente esta a proposta do filme, Califórnia, de Marina Person, ex-VJ da MTV, que pela sua longa experiência na emissora, sabe dialogar com o público jovem. A narrativa, apesar de fraca, expressa bem o que os adolescentes pensam e, consequentemente, se identificam.

A história se passa em 1984, e é inteiramente voltada para a personagem Estela (ou Teca), interpretada pela atriz Clara Gallo. A jovem trocou a festa de debutante pela viagem dos sonhos na Califórnia, onde vive seu tio Carlos (Caio Blat), um jornalista cultural, especializado em música, que mantém contato com a sobrinha por cartas, até chegar o grande dia da viagem. Enquanto isso, a trama se desenvolve no relacionamento de Teca com as melhores amigas e na paquera com dois garotos da escola, o surfista Xande (Giovanni Gallo) e o meio-nerd meio-punk, JM (Caio Horowicz) dois rapazes com personalidades diferentes que mexem com o coração da jovem.

Califórnia 1

>> DEBATE | CALIFÓRNIA (CINE ENCONTRO / FESTIVAL DO RIO)

Tudo é mostrado de maneira leve e engraçada, até o momento em que Teca fragilizada com a vida sentimental, é surpreendida com a vinda inesperada do tio Carlos ao Brasil, dessa vez, abatido pela Aids e visualmente mais magro. A partir daí, o roteiro se torna mais denso, tanto pela doença do tio, quanto ao assunto de  homossexualismo. Estela também tem dúvidas sobre a opção sexual de JM, já que ele é alvo de piadas dos demais colegas de escola, e nunca dá uma resposta exata sobre a sua sexualidade, deixando um mistério no ar.

Apesar de estar estreando no cinema, Clara Gallo constrói perfeitamente sua personagem, mostrando ser um grande talento, que precisa ser aproveitado mais. Giovanni Gallo e Caio Horowicz também chamam atenção pela atuação. Já Caio Blat, não é nem preciso dizer muito: é excelente em qualquer papel e, como tio Carlos, teve a honra de mostrar ainda mais todo potencial dramático de um personagem fragilizado pela Aids. O elenco ainda conta com a atriz Virginia Cavendish e o músico/ator Paulo Miklos, interpretando os pais de Estela.

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O figurino e o cenário remetem aos anos 80, não esquecendo nenhum detalhe, desde produtos antigos na prateleira à fita cassete. As referências musicais pop daquela época também não podiam passar despercebidas, e esse assunto, Marina Person entende muito bem. A trilha sonora inclui canções de David Bowie, The Cure, New Order, Joy Division e The Smiths.

Quem assistiu à sessão fazia comparações com o poder da comunicação de hoje e a e a maneira de comunicação da década de 80, através de cartas, fitas cassete e ir até a casa dos amigos para conversar. Califórnia é relaxante e divertido, mas sério em alguns momentos. Voltado para adolescentes, mas especialmente para adultos que viveram a adolescência nos anos 80 e que irão matar saudades da época, principalmente das canções.

Califórnia foi assistido no 17º Festival do Rio e teve Caio Horowicz premiado como melhor ator coadjuvante. O filme estreia em circuito nacional no dia 03 de dezembro de 2015.

FICHA TÉCNICA:

Direção: Marina Person

Elenco: Caio Blat, Clara Gallo, Giovanni Gallo, Caio Horowicz, Paulo Miklos e Virginia Cavendish

País: Brasil

Ano: 2015

Distribuição: Vitrine Filmes

Juliana Góes

Leonina, carioca, adora filmes e séries, apaixonada pelos animais, e não vive sem chocolate...
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