Resenha de livro | Eu sou a lenda, de Richard Matheson

Vanesca Soares

A humanidade conheceu o seu fim nos últimos meses de 1975 após uma praga, vinda sabe-se lá de onde, assolar o mundo. Homens, mulheres e crianças foram infectados e se transformaram em vampiros sedentos de sangue. Dentro deste cenário pós-apocalíptico, um homem chamado Robert Neville, imune à praga, tenta sobreviver enfrentando perigos, dúvidas e a solidão.  Esta é a premissa do livro Eu sou a lenda, de Richard Matheson, lançado recentemente em nova edição pela editora Aleph.
lenda
Obviamente quando penso em Eu sou a lenda a primeira coisa que vem à minha mente é o filme com Will Smith (I am Legend, 2007). Mas esta não foi a primeira vez que o texto de Matheson apareceu no cinema. Há outras duas versões: The last man on earth, de 1964, com Vincent Price no papel de Neville; e The Omega Man, de 1971, com Charlton Heston.
O livro foi escrito nos anos 1950, e é referência no assunto ficção científica e terror. É um clássico que já inspirou muitos fãs, escritores e cineastas. Um deles é o mestre Stephen King, que na edição da editora Aleph fez o prefácio do livro. À princípio fiquei curiosa para ler pois tinha visto o filme com Will Smith. Mas o livro Eu sou a lenda tem pouca coisa a ver com o filme e, claro, é muito melhor.

Detalhe do filme I am legend, com Will Smith

Detalhe do filme I am legend, com Will Smith


Robert Neville é um personagem muitíssimo interessante. Ele vive angustiado e o texto demonstra bem isso. Todos os dias em sua vida são monótonos. Imagina só viver sozinho no mundo e com ameaças batendo à sua porta toda noite. Ele pode circular pela sua cidade durante o dia, mas quando o sol se deita, ele se tranca para evitar ser atacado pelos vampiros, que ficam na frente da sua porta provocando. Neville acredita ser o último homem na Terra, pois desde que a praga se espalhou nunca mais viu nenhum outro ser humano. E isso o angustia (e também ao leitor). Tinha mulher e filha, mas elas também foram infectadas. A dor da perda familiar é outro ponto bem forte no livro de Matheson.
Neville intercala momentos de total descrença com esperança e entusiasmo. Curioso com o que aconteceu com a humanidade ele começa a ler sobre ciência e fazer experimentos com os vampiros, tentando encontrar uma vacina. Em seus estudos, descobre que o que transformou a população mundial em vampiro foi uma bactéria.
Richard Matheson

Richard Matheson


Assim como os vampiros vivem sedentos de sangue, Neville vive sedento de companhia. A solidão é um ponto muito marcante do livro. O texto te deixa angustiado quanto a isso. Tanto quanto o personagem. Tem dois momentos importantes na questão da solidão. O primeiro é quando Neville encontra um cachorro vivo e tenta se aproximar dele. Em outro momento ele encontra uma misteriosa mulher chamada Ruth, que como ele pode ser a última da face da Terra a não ter se infectado. Ou não.
A editora Aleph fez um excelente trabalho com Eu sou a lenda. O livro tem capa dura e o design é muito bonito. A imagem da capa tem um quê de anos 1970 (período em que a história do livro acontece). Parece bastante com aquelas imagens de filmes do tipo blackexpoitation daquele período. Outra grande sacada da editora.
eu sou a lenda
Eu sou a lenda é uma grande parábola sobre solidão. Diria até sobre a vida adulta. Neville vive trancado em casa, fugindo dos perigos da vida. Tentando sobreviver a cada dia, vencendo os obstáculos. Como todos nós.
 
Ficha técnica:
Eu sou a lenda
Autor: Richard Matheson
Editora: Aleph
Categoria: Ficção Científica
Páginas: 386
 
 
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Vanesca Soares

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