TV de Qualidade: “Arrested Development”

Colaboração

****Colaboração de Bruno Bloch****

Era uma vez uma série de comédia inovadora, diferente de qualquer outra. Tinha um formato original, piadas excelentes, ótimo elenco e personagens geniais. Era aclamada pela crítica, estava sempre na lista das melhores séries e ganhava quase todos os prêmios que disputava.

Porém, ela tinha um pequeno problema: o grande público não a compreendia. Por causa disso, a série foi cancelada após três temporadas no ar.

Essa é a triste e real história de “Arrested Development”, considerada por muitos, uma das melhores séries de comédia de todos os tempos, mas que, por algum motivo, nunca conseguiu atrair a atenção e carinho do público norte-americano.

“Arrested Development” conta a história dos Bluth, uma família rica e extremamente disfuncional que tem sua rotina transformada depois que seu patriarca, George (Jeffrey Tambor), é preso por forjar as contabilidades de sua empresa. Cabe então a Michael (Jason Bateman), o filho responsável e também o único membro “normal” da família, a difícil tarefa de administrar os negócios de seu pai e também de tentar colocar seus parentes no eixo.

O fracasso de audiência da série é um verdadeiro mistério. Talvez ele tenha ocorrido porque o público não estava realmente a fim de rever os personagens do programa toda semana. Veja bem, os personagens de “Arrested Development” não são exatamente as mais típicas e amáveis figuras de sitcom, que se abraçam ou aprendem alguma grande lição no final de cada episódio. Pelo contrário. Eles têm muitos defeitos. Ou melhor, eles só têm defeitos. E na época isso não era comum.

A mãe de Michael, Lucille (Jessica Walters) é uma socialite alcóolatra, que raramente se importa com seus filhos. Seu irmão mais velho, GOB (Will Arnett), é um mágico fracassado com alguns neurônios a menos. Lindsay (Portia de Rossi), sua irmã, é desesperada por atenção e costuma se envolver com causa sociais apenas para conseguir aparecer. E seu irmão mais novo, Buster (Tony Hale), é um homem de trinta anos que se comporta como uma criança e não sabe interagir socialmente. São todos idiotas, egoístas, preguiçosos. São péssimos seres humanos, que não apresentam qualidade nenhuma.

Outro elemento que pode ter contribuído bastante para o desinteresse do público é o timing cômico da série. O humor de “Arrested Development” era diferente de qualquer coisa que se fazia na época. Suas piadas eram muito rápidas e, possivelmente, sofisticadas demais para quem estava acostumado com programas de formatos mais tradicionais.

De qualquer forma, mesmo sem nunca ter conseguido o sucesso absoluto, “Arrested Development” sempre teve um fiel grupo de seguidores e, graças aos DVD’s e aos diversos serviços de conteúdo que surgiram nos últimos tempos, esse grupo cresceu cada vez mais desde que o programa foi cancelado. Não é à toa que a Netflix resolveu ressuscitar a série, encomendando uma quarta temporada para 2013.

Essa é a sua chance de conhecer “Arrested Development”, uma série que nasceu na época errada.

Colaboração

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