CRÍTICA | ‘No Mundo da Lua’ é atração para os pequenos viajarem e os marmanjos relaxarem

Wilson Spiler

Os filmes de animação vêm se proliferando no cinema atual. Além dos mais famosos como Disney e Pixar, por exemplo, outros estúdios vêm ganhando espaço no mercado. A Fox / Blue Sky (com as franquias “A Era do Gelo” e Rio”), a DreamWorks (de “Kung Fu Panda”, “Madagascar” e “Como Treinar O Seu Dragão”), entre outras, vão dando cada vez mais importância ao estilo.

Uma das razões é o grande número de interessados no gênero. “Zootopia”, um dos mais recentes produtos do tipo lançados no mercado, tem dado tanto lucro à Disney que arrecadou mais do que o aguardado “Batman vs Superman” até agora. É bem verdade que o desenho estreou semanas antes do filme sobre os heróis da DC, mas é para se observar atentamente uma arrecadação tão grande em todo o mundo.

Fiz essa introdução toda para explicar melhor o lançamento de No Mundo da Lua (Atrapa La BanderaCapture The Flag). A animação do espanhol Enrique Gato (As Aventuras de Tadeo) distribuída pela Paramount Pictures é mais uma a chegar aos cinemas e não é nada de se jogar fora. Apesar de ser de um estúdio “desconhecido”, o desenho promete abrir um novo leque de opções para os produtores e mostrar que os menores também podem entrar na luta contra Golias.

no mundo da lua crítica

No Mundo da Lua conta a história, acima de tudo, de redenção. O menino Mike Goldwing, de 12 anos, tenta fazer com que seu pai volte a falar com o avô. Ambos têm uma relação conturbada causada por um conflito em relação à viagem à Lua em 1969. O avô foi astronauta e fazia parte da tripulação que iria ao espaço, mas foi cortado da equipe dias antes (o motivo é revelado mais à frente, mas não contarei para evitar spoilers). Isso fez com que ele se afastasse de seu filho, que mais tarde viria a ser astronauta também e faria igualmente uma nova viagem espacial. No decorrer da história, ele tenta impedir que o milionário Richard Carson colonize o lugar e comece a explorar os recursos naturais do satélite.

Há dentro do desenho diversos clichês. O trio principal é composto por três crianças: o líder do grupo é magro, esperto, mas de aparência comum. A garota é bonita, sagaz e exageradamente sincera. Já o gordinho é ruivo, feinho, tudo de errado e engraçado acontece com ele, mas é muito inteligente. Há ainda um lagarto de estimação que faz palhaçadas, um vilão megalomaníaco e mensagens sobre família e amizade. Para completar, a ode de sempre aos Estados Unidos (por mais que o filme seja espanhol), com a bandeira do país – segundo eles – representando toda a humanidade na Lua.

Se é recheado de estereótipos, a animação, no entanto, tem suas qualidades. O roteiro é bem desenvolvido, embora o filme pudesse ser mais curto. Temos o bom pano de fundo da viagem à Lua para tratar do problema familiar e diversas referências de ícones pops do cinema, a começar pelo trio principal. Difícil não notar a semelhança com “Harry Potter”. Mais difícil ainda é não relacionar a menina com a Hermione. Não tenho dúvidas da inspiração dos autores. Outra referência – e talvez a melhor de todas – é com Stanley Kubrick. O cultuado diretor é retratado através de um faxineiro que se passa pelo cineasta durante uma filmagem que monta uma farsa sobre a operação espacial de 1969. Há ainda homenagens a Star Wars, Star Trek, entre outras.

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Visualmente, No Mundo da Lua fica aquém do supracitado “Zootopia”, “Kung Fu Panda 3”, “O Pequeno Príncipe” e “Snoopy”, para ficar entre os mais recentes, mas não deixa a desejar, apenas não impressiona (embora as cenas no espaço sejam bem feitas e interessantes). Há versões em 3D também, mas não acredito que faça grande diferença. A montagem do filme certamente não foi pensada para a tecnologia, com raríssimas cenas aproveitáveis.

No Mundo da Lua é voltado para as crianças, mas certamente será um passatempo agradável para os pais. É atração para deixar os pequenos viajarem e os marmanjos relaxarem.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
Título original: Atrapa La Bandera / Capture The Flag
Gênero: Animação
Elenco de vozes: Dani Rovira, Michelle Jenner, Carme Calvell, Javier Bala
Direção: Enrique Gato
Duração: 117 min.
Classificação: Livre
País: Espanha

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
NAN