CRÍTICA | ‘Um Amor À Altura’ tem um bom primeiro ato, mas não se aprofunda no tema abordado

Bruno Lopes

Diane (Virginie Efira) é uma bela advogada, bem-sucedida que acabou de passar por um divórcio conturbado. Após esquecer o celular em um restaurante, ela recebe um telefonema de Alexandre (Jean Dujardin) um charmoso arquiteto que encontrou o seu celular e gostaria de devolvê-la, os dois marcam de se encontrar e o encontro toma rumos inesperados.

Dirigido e co-escrito por Laurent Tirard, Um Amor À Altura segue a estrutura já conhecida e tão usada por “comédias românticas”. Um cara conhece uma garota, os dois se apaixonam, há um conflito, eles se separam, percebem que não conseguem viver sem o outro, um deles faz uma prova de amor espalhafatosa e eles ficam juntos para todo o sempre. Esse tipo de narrativa é tão marcada que dá impressão de já ter visto o filme, só com uma temática diferente. O fato do personagem de Jean Dujardin ser um anão é só um pretexto para a estória ser contada, não há um aprofundamento sobre a questão, e poderia ser trocado por qualquer outro tema que não mudaria em nada a proposta da produção.

O longa tem um bom enquadramento. Tirard usa muitos planos médios e conjuntos para mostrar desequilíbrio da estatura dos personagens. Já quando são cenas íntimas entre o casal, ele opta por planos mais próximos, que da uma impressão de que a diferença de altura entre eles já não está mais presente. A fotografia do Jérôme Alméras é belíssima. Ele usa cores quentes, o que visualmente dá um ar mais intimista ao filme. Falando do primeiro ato, os minutos iniciais começam com um plano sequência interessante: a câmera fica seguindo a personagem da Virginie Efira pelo seu apartamento enquanto ela fala ao telefone com o personagem de Jean Dujardin. Esta cena insere muito bem os personagens e cria uma expectativa para o encontro dos dois.

O roteiro deixa a desejar. Tem até boas piadas, mas algumas ficam repetitivas demais e alguns diálogos são artificializados pelo excesso de carisma do personagem principal. Não parece algo que alguém diria de verdade. Por a narrativa estar presa nessa fórmula de “comédias românticas”, o último ato fica entupido de clichês e pieguices famigeradas pelo gênero.

Um Amor À Altura é um filme leve, divertido, com boas atuações, visualmente bonito. Tem um bom primeiro ato, mas é engessado pelo gênero, se perde um pouco no roteiro e não se aprofunda no tema abordado que é a dificuldade que temos em lidar com as diferenças.

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