CRÍTICA | ‘Nahid – Amor e Liberdade’ cativa o espectador, mas carece de um direcionamento mais preciso

Bruno Cavalcante

Nahid – Amor e Liberdade é um filme iraniano da diretora Ida Panahandeh (The Story of Davood and the Dove), um drama que aborda toda a dificuldade de uma mulher em um lugar completamente dominado pelo machismo.

O longa debutou na 68ª edição do Festival de Cannes no ano passado, onde recebeu uma premiação especial. Desde então ele vem fazendo aparições em outros festivais da Europa e conseguindo algumas críticas favoráveis.

O filme é estrelado pela também iraniana Sareh Bayat, que interpreta Nahid, uma mulher de personalidade forte, que se vê em uma situação conjugal bastante crítica. Após ter se separado de seu último marido, Nahid consegue a permissão de ficar com seu filho pequeno Amir Reza, sob a condição de nunca mais poder se casar novamente, de acordo com as normas religiosas do Teerã. No entanto, ela mantém um relacionamento amoroso com um rico empresário (Pejman Bazeghi) às escondidas, e precisará se decidir entre a guarda de seu filho e o amor de sua vida.

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A história é boa e consegue cativar o espectador até a última cena, mas carece de um direcionamento mais preciso. Em certos momentos a trama nos remete a um tipo de “drama mexicano”, o que é bom, a julgar pela empatia que isso causa no público. Mas ela não consegue se sustentar como um todo, no sentido de que faz parecer que as coisas ficam meio que inacabadas ou não aproveitadas devidamente.

A atuação de Sareh Bayat é perfeita! Sua Nahid se mantem constante durante todo o longa, e até chega a nos emocionar em certos momentos da película. Já os personagens vividos por Pejman Bazeghi (o amante rico) e Navid Mohammadzadeh (Ahmad, o ex-marido), parecem não ter sido muito bem pensados ou desenvolvidos, visto a carga dramática que ambos possuíam dentro da história. Bazeghi apenas surge com um ‘namorado’ apaixonado, mas sem uma real intensidade. Talvez isso seja pelo fato de que quando o filme começa, o casal já esteja junto. Já Mohammadzadeh talvez tenha sido o mais prejudicado, pois de fato seu Ahmad tinha um grande potencial dentro da trama, o que poderia nos levar a cenas ainda mais provocadoras, mas não aconteceu e tudo ficou apenas no superficial.

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E não posso deixar de falar da grande mensagem do filme, que é o preconceito que uma mulher sofre dentro de um país completamente religioso. Apesar de no início da película aparentar que a coisa talvez não seja dessa forma, visto que mesmo cobertas pelo famoso véu e o traje local, elas aparecem trabalhando e tendo um vida “normal”. No final, vemos que tudo isso é pura fachada. Uma mulher ter de se sujeitar à vontade de um homem para viver sua vida da maneira que ela quiser é bastante preocupante.

Nahid – Amor e Liberdade é um filme para quem deseja assistir a uma história no estilo “novelão”. Ele garante boas cenas e atuações, mas não chega a ser algo transgressor ou inovador. Todavia, vale o ingresso com toda a certeza.

O Filme estreia dia 28 de Julho de 2016 nos cinemas!

TRAILER

Ficha Técnica

Título original: Nahid

Direção: Ida Panahandeh

Roteiro: Ida Panahandeh, Arsalan Amiri

Elenco: Sareh Bayat, Nasrin Babaei, Pejman Bazeghi, Milad HosseinPour, Navid Mohammadzadeh e Pouria Rahimi

Fotografia: Morteza Gheidi

Música: Majid Pousti

País: Irã

Data de estreia: 28 de Julho de 2016

Distribuição: Fênix Filmes

 

Bruno Cavalcante

Meu nome é Bruno Cavalcante, sou formado em publicidade e propaganda, carioca, escorpiano, apaixonado pela vida e por cinema também. Meu gênero preferido é o terror, mas gosto e vejo de tudo um pouco.
NAN