50 Anos de James Bond – Parte 7: “007 – Os Diamantes São Eternos”

Pedro Lauria

Chegamos ao nosso primeiro ponto fora da curva… 007 Os Diamantes São Eternos representa um dos patamares mais baixos já atingidos pela franquia. Parte da culpa, se deve aos problemas que houveram entre os produtores e George Lazenby do ótimo 007 A Serviço de sua Majestade , uma vez que Brocolli e Saltzman não aceitaram o cachê pedido por Lazenby. Por conta disso, os produtores acharam por bem também ignorar completamente a obra anterior: justamente aquela que tinha dado material o suficiente para transformar Bond em um personagem ainda mais carismático. Um desperdício do que poderia ser um dos maiores arcos dramáticos do personagem.

Porém, os protagonista e o seu passado não foram os únicos elementos esquecidos: a coesão narrativa e a estrutura da história foram jogados pela janela. Se trata da produção de um dos filmes mais “sem pé e cabeça” do espião. E olha que eu sou um ávido defensor da “galhofagem” nos filmes do agente britânico, mas o nível atingido nessa obra supera qualquer expectativa. E não, isso não é um elogio.

(Observação: O parágrafo abaixo conta com um grande número de parênteses.) (E eu nem estou contando com esses dois parênteses aqui.)

O filme já começa de forma deveras estranha: depois de questionar algumas pessoas Bond descobre o paradeiro de Blofeld (que voltou a ter cabelo), e o derrota (de forma ridícula), após descobrir que ele tinha planos para criar sósias que o ajudariam a fugir do serviço secreto (sim, isso mesmo). Após dar esse problema como resolvido Bond vai atrás de diamantes sul africanos contrabandeados, sempre seguido de perto por um casal (deveras bizarro) de capangas: Mr. Kidd e Mr. Wind, que matam todos que entram em contato com as pedras (das formas mais imbecis possíveis).

O pessoal de Missão Impossível chora diante da genialidade de Blofeld.

O pessoal de Missão Impossível chora diante da genialidade de Blofeld.

A película então descamba para cenas inacreditáveis que envolvem módulos lunares, corridas de triciclo, assassinas profissionais que só andam dando cambalhotas e caixões que não pegam fogo. Depois desse circo de situações bizarras (isso porque eu nem citei o próprio circo, com direito a elefantes, que se apresenta dentro de um cassino), Bond descobre quem está por trás de tudo isso: Blofeld. Por essa vocês não esperavam, certo? Mas estes não são os problemas – tudo poderia ser extremamente divertido de assistir, mas se torna uma experiência extremamente monótona devido a falta de propósito narrativo, a tosquice das atuações e os efeitos especiais primários.

Eu geralmente identifico o roteiro como o maior problema dos filmes da franquia – uma vez que a maioria deles se baseiam em tramas desnecessariamente complexas (não digo complicadas) e que permite pouco aprofundamento do personagem e da própria narrativa. Isso fica extremamente aparente em 007 – Os Diamantes São Eternos , mas dessa vez, piorados pela direção desmedida de Guy Hamilton (que dirigiu várias obras da série, incluindo o lendário 007 Contra Goldfinger).

O casal mais bizarro da ficção?

O casal mais bizarro da ficção?

Hamilton, por vezes, apela para planos extremamente escuros, cenas de ação mal ensaiadas, permite que seus atores tenham reações exageradas (as caras e bocas da Bond Girl chegam a dar raiva), ignora o uso de trilha sonora nas cenas de ação (algo que também apontei como problema em Goldfinger) e se utiliza de uma montagem cansativa e repleta de erros de continuidade. Nem mesmo Blofeld vestido de traveco consegue salvar 007 Os Diamantes são Eternos da falha total.

E se no grande clímax, somos obrigados a ver uma figura pavorosa morrer incendiada por espetos de churrasco, enquanto seu parceiro, é explodido para fora de um navio, em uma das piores cenas já filmadas na franquia, pelo menos fica o conforto de que resta um aspecto redentor: a música “Diamonds are Forever” de Shirley Bass. Uma pérola no meio da lama. Ou melhor, um diamante.

BEM NA FITA: A música tema de Shirley Bass

QUEIMOU O FILME: O filme é uma completa confusão; Bond Girl insossa; Direção desequilibrada; Roteiro fraquíssimo
FICHA TÉCNICA:
Diretor: Guy Hamilton
Elenco: Sean Connery, Jill St. John, Charles Gray, Lana Wood, Bernard Lee e Lois Maxwell
Produção: Albert R. Broccoli e Harry Saltzman
Roteiro: Richard Maibaun e Tom Mankewicz, baseado no livro de Ian Fleming
Fotografia: Ted Moore
Montador: Bert Bates e John Holmes

Pedro Lauria

Em 2050 será conhecido como o maior roteirista e diretor de todos os tempos. Por enquanto, é só um jovem com o objetivo de ganhar o Oscar, a Palma de Ouro e o MTV Movie Awards pelo mesmo filme.
NAN