REVIEW | ‘Saban’s Mighty Morphin Power Rangers: Mega Battle’ é divertido, porém muito frustrante
Stenlånd Leandro
Por diversas vezes o ‘famoso’ sentimento de nostalgia pode se tornar em uma certa frustração. Os heróis mais icônicos da América, os famosos Mighty Morphin Power Rangers chegaram inicialmente às telinhas em 1993 e acabaram ganhando não somente o continente americano, mas boa parte do globo. Poucos sabem que os Power Rangers são um genérico de Sentai’s Japoneses que o magnata egípcio Haim Sabam comprou e transformou o Kyōryū Sentai Zyuranger em uma mina de diamantes.
Power Rangers foi, sem sombra de dúvidas, uma das maiores febres na infância dos anos 90. Era quase impossível encontrar uma criança que não tivesse um boneco ou que não chegasse às pressas para assistir ao programa de TV que, inicialmente, foi ao ar na FOX Kids. A verdade é que nenhum desses pimpolhos sabia que estava sendo “enganado” por uma história comercializada e reapresentada a nós com uma edição de certa forma ‘horrível’ e uma história totalmente infantil.
A trama do jogo segue a mesma da série televisiva, onde, após encontrar um cristal misterioso, o grupo aceita a missão de lutar contra Rita Repulsa e sua horda maligna. Originalmente, foi uma missão ao planeta Marte, onde dois astronautas encontraram uma estranha cápsula e a abrem, libertando a feiticeira espacial do mal Rita Repulsa. Ela não perdeu tempo e logo atacou a Terra. Para proteger o planeta, o ser intergaláctico Zordon e seu assistente robô Alpha recrutam os adolescentes Jason, Zack, Billy, Trini e Kimberly e lhes deram poderes para se tornarem nossos conhecidos heróis. É exatamente assim que tudo acontece. Aliás, com intuito de derrotar os Power Rangers de uma vez por todas, Rita cria o Ranger Verde, que, por sinal, luta contra eles durante o jogo, enfeitiçando o adolescente Tommy Oliver e lhe concede um morfador e uma moeda do poder para eliminar seus inimigos. O embate contra esse Ranger é rápido e sequer chega a ser um contratempo. A equipe, por fim, derrota o oponente e quebra o feitiço, convencendo Tommy a se juntar ao grupo. Embora siga a história original, ainda assim, as pontas soltas são pecados encontrados na trama.
Saban’s Mighty Morphin Power Rangers: Mega Battle é uma espécie de plataforma arcade no formato beat ‘em up clássico e acaba sendo necessário recordar de alguns detalhes que aconteceram no passado (1ª e 2ª temporada da série) para que o jogador possa ter um melhor desempenho. De certa forma, o game leva uma nostalgia fraca ao usuário, e por mais que no decorrer dos níveis algumas belas recordações são exibidas, ao mesmo tempo não trazem nada. Jason (Ranger Vermelho), Billy (Ranger Azul), Trini (Ranger Amarela), Kimberly (Ranger Rosa), Zack (Ranger Preto), Tommy (Ranger Verde), Zordon, Alpha 5, até mesmo Bulk e Skull estão nesse universo ‘mágico’ dos Rangers. Quanto aos inimigos, também estão todos bem adicionados e têm um papel fundamental no desenvolvimento do jogo, ainda que caricatos, como a Rita Repulsa, Goldar, Lord Zedd e seus capangas. Mas há a ausência de outros vilões como Squatt, Baboo e Scorpina. Mas do que adianta tudo estar em seu lugar se, de certa forma, não há uma identificação com o jogo? A história que antes tinha como alvo o público infantil/juvenil, muitas vezes despertando interesse inclusive do público adulto, aqui o mesmo não acontece. A trama é mais complexa, nem sempre seguindo a política do “correto”, que é basicamente “proteger o mundo contra as forças do mal”. Mas durante a série, os protagonistas possuíam missões específicas e pessoais de acordo com a história de vida de cada um. Aqui, somente acontece o feijão com arroz.
É nítido o uso de artes marciais e armas para enfrentar os inimigos, o que de certa forma é até um alívio. No quesito combate, é quando os Megazords aparecem que tudo fica muito ruim (e põe ruim nisso). Acostumados com embates corpo a corpo, com o jogador manejando seus movimentos, o combate do zord contra o boss chega a ser algo ‘deprimente’. Somente o uso de combate através de combinação de botões a serem pressionados que permitirá derrotar o chefão. Nunca senti tanto ‘desprazer’ em uma luta assim, visto que quando o Dino Tanque aparece antes mesmo do Megazord, não deixa de ser tão ruim quanto. Apenas ”raios” ou ”mísseis” podem ser disparados de seu robô e parece que seu personagem está parado somente esperando ser atacado ou atacar.
Diversas coisas me fizeram recordar os jogos arcade das Tartarugas Ninja e do Capitão Comando. Há um momento, por exemplo, que você entra numa tenda de um circo e os vilões interessantes aparecem, exatamente como acontece em Capitão Comando. Já a referência às Tartarugas Ninja é a fase da rua, onde é preciso desviar dos carros. Alguns vilões possuem a mesma mecânica de ataque que o BeeBop, também do arcade das Tartarugas. Você bate, esquiva e então o inimigo bate. Aí, mais uma vez, há seu golpe, sendo necessário desviar para que não tome muito dano. Outra referência ao jogo é a fase onde os Rangers estão em uma espécie de prancha motorizada. Acontece o mesmo no joguinho dos ninjas.
Saban’s Mighty Morphin Power Rangers: Mega Battle apresenta fases inspiradas por episódios clássicos das duas primeiras temporadas de Mighty Morphin Power Rangers. Há também um sistema cooperativo local em que os jogadores poderão combinar seus poderes para executar ataques especiais e golpes incríveis. Através da árvore de habilidades do jogo, os gamers poderão aprender novos golpes e poderes. Felizmente, é possível que você interaja com suas visitas, uma vez que este game proporciona a chance de até 4 players em uma única tela.
O VEREDICTO
Sem muito o que adicionar, Saban’s Mighty Morphin Power Rangers: Mega Battle é um jogo que pode divertir seu filho pelo gráfico, que lembra muito Comix Zone, mas peca em detalhes que fizeram com que uma nostalgia se torne pura frustração. É um bom jogo, como qualquer outro Beat Em All/plataforma, com gráficos legais moldados ao 2D, mas nada mais do que isso. Apesar da verdadeira origem ser brevemente deturpada, gostei do jogo de certa forma. Obviamente, não estamos aqui para criticar a Bandai Namco pela bela iniciativa, mas que o jogo poderia ser melhor, poderia!