CRÍTICA | ‘Vikings’ após 1ª parte arrastada da 4ª temporada, série tem season finale estupendo!
Stenlånd Leandro
Sinceramente estava cansado daquela coisa do Ragnar ficar meio que azucrinado, doente e fraco quando sempre fomos acostumados a vê-lo imponente e de certa forma até justo. Todos sabemos que os Vikings são guerreiros que apesar de brutos, eram muito astutos. A quarta temporada de Vikings ganhou tons épicos. Até o fim de sua terceira temporada e através do apelo de muitos fãs, o seriado ao invés de ter somente 10 episódios, acabou ganhando mais 10, totalizando 20 episódios em seu quarto ano. O problema disso tudo? Episódios que não deveriam existir, muita enrolação e um mid-season finale pra lá de enrolado.
Se para Ragnar Lothbrok conquistar Paris foi um problema constante no terceiro ano, no retorno de sua série, o problema persistiu uma vez que Rollo ficou do lado dos franceses e virou Duque da Normandia. A tentativa incessante de conquistar e matar ou vice versa é iminente e constante e por isso muitas das vezes a astúcia é deixada de lado apenas para que o ego fosse fortalecido. Dessa forma, Rollo largou de mão sua ‘aura’ viking, mesmo. Tudo culpa de Athelstan? Não se sabe, mas o que Floki fez ao caído monge, foi inescrupuloso e sendo assim, tem de pagar pelos seus ‘pecados’ e, ainda que os seus Deuses Nórdicos o tenham perdoado, é quando o real Deus impera na impiedosidade de içar velas contra a maré de sorte do criador de barcos.
O problema é que todo o relacionamento cristão imposto na série tornou-a mais ”Christians” do que ”Vikings”. Isso é um fato e até os últimos dias de Ragnar, pudemos ver como isso era impregnado no personagem vivido por Travis Fimmel. É necessário frisar o quão firme são as apostas cristãs num Deus maior do que os deuses nórdicos. A ideia de vinte episódios criou uma atmosfera muito mais aprofundada e densa nos ensinamentos de cristo e como o povo seja na Inglaterra ou na França tinham como crença aquele que morreu na cruz para nos salvar. Não importa que a quinta temporada tenha sido confirmada e que os episódios do próximo ano contarão com a presença de Jonathan Rhys Meyers (The Tudors, Dracula, Roots). O lado cristão está muito propenso. Jonathan não tem o menor apelo físico para interpretar um Viking por exemplo. Está mais para uma aproximação de um vínculo com Athelstan.
É importante frisar que um dos motivos que levaram ao declínio da era viking foi a introdução do cristianismo em sua sociedade, suprimindo princípios e costumes guerreiros. Os nórdicos acabaram assimilados pelas culturas com as quais se relacionaram.Para quem ainda não viu as três temporadas anteriores de Vikings, a série recria a aurora da Era Viking, quando os homens do norte começaram a aterrorizar os povos de toda a Europa. A primeira temporada narra a ascensão do grande líder viking Ragnar Lothbrok, que guiou os seus rumo às suas primeiras conquistas em terras inglesas. A segunda temporada continuou a explorar as temáticas introduzidas na primeira, nomeadamente, a transformação de Ragnar de campesino em senhor da guerra, o começo da Era Viking, a fascinante sociedade dos guerreiros do norte, assim como a influência da religião nas sociedades medievais, fosse ela viking, inglesa, francesa ou qualquer outra. No terceiro ano, mostra a influência total da Igreja perante o mundo, seja essa influência em Paris ou na Inglaterra. Deus torna-se onipresente até mesmo para um Viking que deixa seu lado arredio por crer em Odin e similares para usar uma simples cruz e achar que todo seu caminho será iluminado, SQN!Estas temáticas centrais continuam e por conta de vinte episódios, Ragnar permanece igualmente como foco central da narrativa, embora a galeria de personagens secundários continue a expandir-se e a receber bastante atenção por parte dos criadores, mas não funciona. Isso por que o rei viking agora acredita que viver drogado com ‘cheirinho da loló’ ou a descoberta de uma possível ‘maconha’, possa ser a salvação de sua vida. Ragnar não mais consegue ser a grande estrela, e o foco agora é seu irmão Rollo e seus filhos.
Tal como acontece com muitas outras figuras históricas, o mito e a realidade se encontram na história de vida de Ragnarr Loðbrók (Ragnar Lothbrok ou Lodbrok), o viking mais popular da atualidade – graças à série “Vikings”, do History Channel. Herói para uns, vilão para outros, mas corajoso e implacável para todos, Ragnar é lembrado na tradição escandinava como um rei, guerreiro, ousado e sanguinário que marcou a Europa do século IX (especialmente a Grã-Bretanha e a França) com a lâmina de sua espada e por vezes o seu machado.
A temporada atual ao contrário das suas predecessoras, careceu de uma estrutura sólida. Está dividida em três partes que pouco têm a ver uma com a outra. Até o momento o vínculo entre França-Inglaterra-Vikings não se mostrou tão consistente quanto deveria. Somente os Vikings conhecem ambos os países, e nada demonstra que o elo franco-inglês possa se unir contra o povo provindo do Norte da Europa. A primeira metade é passada maioritariamente na França, até pelo desenrolar de Rollo que na história se tornou o Duque da Normandia como mencionado acima.
Como qualquer série, os melhores episódios da temporada foram os últimos, até pela ação que a série vinha dispondo-se em seus anos anteriores, ou seja, ‘tiro porrada e bomba’. Embora os capítulos centrados na Inglaterra tenham sido razoáveis, a série só decolou realmente quando os Vikings chegaram à França mais uma vez. O intuito deles era atacar uma outra parte do globo, e precisaram da ajuda do traidor Rollo. Com isso, tiveram acesso à Espanha e estranhamente o lado onde foi atacado tinha mais muçulmanos do que necessariamente espanhóis. Mas calma, estamos falando de uma era praticamente de um tempo por volta dos anos 845 e 865 depois de cristo. Através desse tempo, Bjorn fez saques memoráveis no Mar Mediterrâneo entre os anos de 859 e 862. Um dos relatos conta que Björn chegou à cidade italiana de Pisa. Depois de saqueá-la, seguiram terra adento até outra cidade, Luna – e achou que tivesse chegado à Roma. Mas até ai a história se modifica um pouco, mas tudo bem.
Particularmente a quarta temporada poderia ter sido um bocado menor, com apenas 12 ou 15 episódios, pois muito ali foram os episódios para ”encher linguiça”. Um deles foi o episódio em que Bjorn sai para o mundo afora, encontra com um urso e luta contra ele. Totalmente desnecessário, sabe? Apesar de contar com alguns episódios muito bons, a primeira parte da temporada como um todo não apresentou a consistência que vinha tendo. Não há realmente um fio condutor capaz de unir todos os episódios, e por se dissiparem em alternância, é essa falta de consistência que incomoda. Nada mais que uma temporada razoável de Vikings até agora, mas para defini-la melhor, temos de esperar seus próximos 1o episódios e rezar para que eles não se arrastem tanto.
Durante a trajetória após a morte do ídolo supostamente caído, vimos os filhos de Ragnar se desdobrando de ódio querendo vingança. Com isso, muita treta acabou acontecendo na série. Sendo um homem engenhoso, Ragnar preferiu a morte com total intuito de assim, fazer com que o exército que não mais o queria por perto, ir de encontro aos ingleses. Desde que sentiu o gosto da conquista, ele jamais parou, levando uma vida muito bem sucedida de “pirataria”. Mas uma hora tudo precisava acabar, inclusive o ar que o mesmo respirava. Costumava contar aos outros que só fazia isso, de não deixar de aventurar-se jamais, pois não desejava ser superado por seus filhos que também eram valorosos guerreiros que serão tratados aqui, já no futuro, como pessoas que começam a conquistar seus renomes, assim como o pai uma vez conquistou. Certamente uma espécie de disputa familiar seria óbvia, como Lagertha vs Auslaug, e por conseguinte quem sabe, Bjorn vs Ivar. ma rinha interna, que só os motivava a busca de novas e arriscadas conquistas.
Com Travis Fimmel fora de combate, devido ao seu trágico fim que seguiu exatamente como alguns livros de história afirmam, uma coisa é certa: Obviamente que há outros atores que se destacam na série. O elenco é na verdade muito bom, mas quando se fala de Lagertha (Katheryn Winnick) não consigo mais parar de escrever. Ela foi essencial em todas as temporadas da série. De Earl à Rainha ou até mesmo plebeia enquanto não havia renome, ela foi lindamente vivida pela atriz. Uma personagem forte, pouco passiva como esposa e guerreira de grande habilidade. Não tem como falar dela durante a série senão uma hábil ‘amazona’, que apesar de donzela, possuía a coragem de um homem, lutando a frente dos mais bravos com os cabelos soltos sobre os ombros. Todos se maravilharam com sua figura e seus feitos, e da segunda metade da quarta temporada da série até o final isso ficou mais óbvio ainda.
O papel da ‘rainha’ Aslaug, filha de Sigurðr (Sigurd ou Siegfried), o matador de dragões, e da guerreira Valkyria (Valquíria) Brynhild, finalmente se finda nesta temporada. Era um pé no saco o personagem e principalmente a atriz.
Escreve o que vou dizer: Ivarr the Boneless, vivido pelo dinamarquês Alex Høgh Andersen no seriado, será o mais célebre dos reis “filhos de Ragnar”. Ivarr não liderou o exército que invadiu a Grã-Bretanha em 865, mas no penúltimo episódio da série, pudemos ver o quanto o que lhe falta em ossos, o mesmo pode ter em astúcia. A estratégia usada ao deslocar-se pela floresta foi algo estupendo, sinceramente.
Tentando não colocar mais spoiler na crítica, uma coisa é certa: Muitas tretas aconteceram, inclusive neste season finale. Você vai ter a oportunidade inclusive de ver um novo ator nos últimos minutos do episódio final que pelo visto promete ser um carrasco para os Vikings na próxima temporada. De fato, muita coisa aconteceu nos três últimos episódios da série que a mudaram drasticamente, quando o seriado vinha se arrastando por longos episódios meia boca.