CRÍTICA #2 | ‘Em Ritmo de Fuga’ entretém o espectador pela criatividade exposta em linguagem sonora e visual

Bruno M. Castro

Edgar Wright é quase como um Beethoven do cinema. Indubitavelmente impressionante é a lucidez presente em seus filmes e o seu cuidado com os mínimos detalhes, sejam eles visuais, narrativos ou, até mesmo, sonoros. E em Ritmo de Fuga não poderia ser diferente. Temos aqui uma história que brinca de ser história, que diverte, adverte e emociona. Adverte, pois se comunica tanto com o espectador mais atento aos detalhes, quanto aquele que pretende apenas ver uma boa ação ou um bom romance-musical. Uma tríade já muito utilizada no cinema, mas que aqui se apresenta como algo novo pela forma extraordinariamente criativa com que o enredo é lapidado e exposto.

CRÍTICA #1 | ‘Em Ritmo de Fuga’ é a obra que faltava a Edgar Wright

Em Ritmo de Fuga não se trata de uma história complexa, nem de tato profundo e reflexão exacerbada. Se trata de entretenimento e descontração em sua mais pura forma. Nada é levado a sério – nem mesmo um roubo a banco -, até que a parte dramática entre em cena para alimentar caracteristicamente as personagens.

Entre cenas de ação bem orquestradas, vemos um trabalho de captação bem definido e, consequentemente, uma boa mise-en-scène. O storyboard é notável, tornando o longa farto de cenas marcantes. Cenas estas que casam com a música de fundo em uma edição primorosa, que consegue criar uma partitura até em um tiroteio. A emoção é criada em torno disso.O romance acompanha a vida tempestuosa de Baby, um rapaz que entra no mundo do crime sem entender sobre suas consequências. A mensagem “uma vez no mundo do crime, sempre no mundo do crime” é, nas entrelinhas, relembrada a todo momento e personificada no Doc de Kevin Spacey, uma figura sombria, mas, ao mesmo tempo, paternal quando se dirige a Baby.

O elenco é voluptuoso. Jamie Foxx consegue imprimir insegurança sobre o destino de Baby a cada segundo em tela. Jon Bernthal é como pólvora, sempre aguardando o momento da explosão, e Baby, um sujeito, a princípio, estranho, mas que facilmente chama a atenção pelo seu modo de vida, seu passado conturbado e pelo próprio romance.

Em Ritmo de Fuga é um filme que não aparenta ter defeitos relevantes. É uma obra palpável do início ao fim, que entretém o espectador pela criatividade exposta em linguagem sonora e visual, por meio de Direção, Roteiro, Edição e Trilha Sonora formidavelmente bem-alinhados.

TRAILER:

FOTOS:


FICHA TÉCNICA:
Título original: Baby Driver
Direção: Edgar Wright
Elenco: Ansel Elgort, Lily James, Jamie Foxx, Jon Bernthal, Jon Hamm
Distribuição: Sony
Data de estreia: qui, 27/07/17
País: Reino Unido
Gênero: ação
Ano de produção: 2016
Classificação: 14 anos

Bruno M. Castro

NAN