Tudo Sobre Minha Mãe afonia das pessoas trans

A afonia das pessoas trans no meio LGBTQIA+

Giselle Costa Rosa

A comunidade LGBTQIA+ é uma minoria, mas, entre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e pessoas trans há muita diferença em termos de voz, visibilidade e bandeiras.
Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), somos o lugar que mais mata transexuais no mundo! E a cidade de São Paulo continua sendo o estado com maior número de mortes. Para se ter uma ideia, em 2019, uma pessoa trans foi morta a cada três dias no Brasil.

Diante desse cenário, pessoas trans vêm se organizando de maneira independente para ter mais voz e conquistar a necessária visibilidade dentro da sigla. Marginalizados, transexuais e travestis negros são os que mais sofrem com a falta de políticas publicas de saúde e segurança no Brasil.

Corretivo ‘socioeducativo’ 

Verdade seja dita, há muita ignorância ainda em torno da transexualidade e muitos “cidadãos de bem” estão dispostos a literalmente exterminar o assunto através de um corretivo “socioeducativo”. Certamente, a compreensão pífia do assunto coloca pessoas trans sob a mira de uma arma engatilhada desde muito cedo.

De acordo com a psicóloga e coordenadora do grupo de apoio a transexuais do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Sandra Romero Studart, os transexuais se veem diferentes desde a infância, com 4 ou 5 anos de idade. Ou seja, a transexualidade é uma questão de identidade. É a tal famigerada identidade de gênero onde a pessoa se identifica com um gênero diferente daquele que lhe foi atribuído ao nascimento.

Além disso, a “passabilidade”, que ocorre quando a transexualidade passa despercebido no meio onde a pessoa transita, ou seja, ela é considerada membro de um grupo ou categoria identitária diferente da sua, salva a pessoa trans de muitas situações de preconceito, agressões e até da morte.

O que ocorre é que, durante a transição de gênero, as coisas podem sair do controle e muita coisa pode não ocorrer como esperado.

Cuidados necessários

A saber, algumas pessoas, por questões de saúde, não podem aderir ou dar continuidade ao tratamento hormonal, por exemplo.

Por isso, é de extrema importância o acompanhamento médico em todas as etapas da transição. Nesse sentido, algumas pessoas trans não conseguem, a princípio, a tal “passabilidade” e, em alguns casos, isso não é alcançado.

Além disso, outro ponto muito importante para a segurança, autoestima e conforto da pessoa trans é a mudança do nome na identidade civil.

Entretanto, o processo é altamente burocratizado e custo pode passar de R$ 600,00. Um valor bem salgado para um grupo que, em geral, mal consegue inserção no mercado de trabalho.

Diante de tantas dificuldades e violências a saúde mental LGBTQIA+ está intimamente ligada à depressão, ansiedade e risco de suicídio. O preconceito, falta de aceitação familiar e social e a não identidade de gênero são os principais fatores que contribuem para isso.

Afinal, imagina passar anos de uma vida tentando ser alguém que ‘não se é’? Pois bem, a conta vem em forma de consequências emocionais sérias que podem acabar causando transtornos de ansiedade e depressão. Ademais, em casos mais graves, o risco de suicídio é alto, pois o indivíduo não consegue enxergar uma saída.

Dificuldades das pessoas trans na busca por ajuda

Mas até a busca por auxílio é sofrida. Apesar de, desde dezembro de 2011, estar em vigor a Política Nacional de Saúde Integral da comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), instituída pela Portaria nº 2.836, que, em tese, garante à população o atendimento de saúde integral proposto pelo Sistema Único de Saúde, a realidade é outra na prática.
Hoje existem apenas cinco hospitais do país que realizam procedimentos de redesignação de gênero, por exemplo. E são cerca de 14 ambulatórios trans. Ou seja, não chega a ser um por estado com profissionais preparados para atender as demandas destes corpos que fogem do padrão social.

Além disso, muitos trans, sem o apoio e aceitação de suas famílias, encontram nas ruas o acolhimento e amparo que está em falta no lar. Pelo Brasil, as chamadas casas de acolhimento para pessoas queer auxiliam com apoio e moradia. Conheça algumas delas aqui.

CasaNem

A saber, símbolo de luta e resistência, a CasaNem, no Rio de Janeiro, recentemente passou por maus bocados por conta de uma ação de despejo pela reintegração de posse do prédio, concedida pela justiça. Por conseguinte, 47 moradores, entre eles, crianças, quase ficaram sem abrigo em meio à pandemia.

A propósito, depois de cinco anos de luta, contudo, finalmente conseguiram um lugar definitivo para chamar de seu. O abrigo para LGBTQIA+, criado pela ativista Indianara Siqueira, será fixado em um imóvel cedido pelo Governo do Estado.

Enfim, a CasaNem é o lar de muitas pessoas da comunidade LGBTQIA+. Além disso, você pode contribuir financeiramente para que essas pessoas tenham mais dignidade e acesso a alimentos, roupas, itens de higiene pessoal e outros itens importantes. Acesse o site e veja como ajudar!

Quer ficar por dentro da luta das pessoas trans? Indico que acesse o site da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Conheça um pouco mais da realidade trans assistindo filmes como:

  • A Garota Dinamarquesa
  • Girl
  • Tudo sobre Minha Mãe
  • Meu Nome é Ray
  • Uma Mulher Fantástica
  • Tangerine
  • The Garden Left Behind
  • Transamerica
  • Tomboy
  • Meninos não Choram
  • Laerte-se
  • A morte e a vida de Marsha P. Johnson

Agora, se você é mais de série, veja:

  • Pose (Netflix)
  • The L Word: Generation Q (Amazon Prime Video)
  • Todxs Nós (HBO)
  • Euphoria (HBO)
  • Nós (Canal Brasil)
  • Liberdade de Gênero (Globoplay)
  • Transparent (Amazon Prime Video)

Giselle Costa Rosa

Integrante da comunidade queer e adepta da prática da tolerância e respeito a todos. Adoro ler livros e textos sobre psicologia. Aventuro-me, vez em quando, a codar. Mas meu trampo é ser analista de mídias. Filmes e séries fazem parte do meu cotidiano que fica mais bacana quando toco violão.
NAN