‘A Ausência que Seremos’ retrata a ditadura colombiana

Fábio

‘A Ausência que Seremos’, filme que entra em cartaz nesta quarta-feira (22) na Netflix, retrata os anos de chumbo da ditadura colombiana. Mas não apenas isso. Ela mostra a vida e morte do médico sanitarista e defensor dos direitos humanos Héctor Abad Gómez. Assim como outros grandes líderes que lutaram contra regimes ditatoriais, acabou sendo vitimado pela truculência daqueles que denunciava.

O filme segue os passos de outras obras similares – como o mexicano Roma, o chileno Machuca e o brasileiro O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias – ao narrar a vida do médico pelos olhos do filho; interpretado pelos atores Nicolás Reyes Cano quando criança e Juan Pablo Urrego na fase adulta. No entanto, ao contrário das obras anteriores, em A Ausência que Seremos há um endeusamento exagerado ao protagonista, que parece não ter falhas e fica difícil nos conectarmos com uma pessoa que diante de qualquer adversidade, crise ou desespero consegue sempre se manter calmo, compreensivo e sereno para tomar a melhor e mais correta atitude.

A Ausência que Seremos

Héctor Abad Gómez

Mas é inegável que Héctor Abad Gómez (Javier Cámara) era um homem diferenciado e digno de aplausos. Corajoso, destemido e determinado, que conduziu sua batalha sanitarista como se fosse a missão de sua vida. No entanto, jamais se identificou como um homem de esquerda, marxista ou comunista. Em outras palavras, desde aquela época que o discurso de ódio contra pessoas humanitárias é focado em taxar alguém que pensa no próximo e no bem comum de comunista e afins. Discurso simplório que é usado até hoje no Brasil e muita gente cai como um verdadeiro pato.

Amor em excesso

Por mais que seja difícil escrever que amor em excesso faz mal, em A Ausência que Seremos esse é um dos seus grandes defeitos. O filme é extremamente doce e por muitas vezes suaviza o cotidiano cruel de uma ditadura militar. A maioria dos conflitos é citada com muita delicadeza e praticamente não existe uma tensão no ar. Nem mesmo quando Gómez resolve ingressar na política e vê sua vida ameaçada.

A Ausência que Seremos

Mas isso não impede de A Ausência que Seremos ter seus bons momentos. Principalmente na escolha do protagonista. Javier Cámara é um ator maravilhoso e conduz o filme de maneira brilhante, lembrando grandes atuações suas como em Truman e Fale Com Ela. Por fim, filmes que relembram esse período horrível da história é sempre importante. Ainda mais quando simpatizantes da ditadura e torturadores ganham cada vez mais força na América Latina.

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Ficha técnica – A Ausência que Seremos

Título original: El Olvido que Seremos
Direção: Fernando Trueba
Roteiro: David Trueba
Elenco: Javier Cámara, Nicolás Reyes Cano, Juan Pablo Urrego, Patricia Tamayo, Maria Tereza Barreto, Laura Londoño, Elizabeth Minotta, Kami Zea, Luciana Echeverry, Camila Zarate, Whit Stillman, Laura Rodriguez
Data de estreia: qua 22/09/2021
Onde assistir: Netflix
País: Colômbia
Gênero: drama
Duração: 136 minutos
Ano de produção: 2020
Classificação: 16 anos

Fábio

Santista de Nascimento, flamenguista de coração, paulistano por opção. Jornalista, assessor de imprensa viciado em cinema, série, HQ, música, games e cultura em geral.
NAN