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A Conferência crítica do filme Festival do Rio 2022

‘A Conferência’ deixa o espectador com vergonha do ser humano

Bruno Oliveira

O Holocausto se tornou uma grande mancha na história da humanidade. Estima-se que seis milhões de judeus foram mortos pelo sistema de extermínio étnico criado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Esse fato se tornou o maior genocídio do século passado e certamente uma das maiores vergonhas que carregamos até hoje. O filme A Conferência (Die Wannseekonferenz) se trata do exato momento em que os líderes nazistas decidiram que a vida de uma etnia inteira deveria ser exterminada para sempre.

Sinopse

Em 20 de janeiro de 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, um grupo de nazistas, que englobava políticos e soldados de alta patente do Exército Alemão, se reuniram em uma casa à beira do lago Wannsee em Berlim. O motivo do encontro era decidir de forma definitiva o que fariam com os judeus. ‘A Solução Final da Questão Judaica’ é concebida ao final de uma reunião que durou um período da manhã com direito a paradas pontuais para um pequeno brunch. Essa reunião ficou conhecida como A Conferência de Wannsee.

O pior da humanidade

Apesar de A Conferência não ter uma gota de sangue sequer, o filme acaba sendo de embrulhar o estômago. Tudo o que acontece nesse longa é baseado nos autos da reunião, ou seja, apesar de ser romanceado, todos os seus fatos são verdadeiros. Imagina alguns homens decidirem todo o futuro de uma etnia em uma reunião rápida e que parece ser tudo muito trivial para eles. Como se fossem decidir como acabar com uma colônia de baratas no sótão da sua casa.

A frieza em que cada decisão é tomada chega a doer em nossa alma. O que fazer com 11 milhões de judeus que estavam sendo mantidos prisioneiros pelos nazistas? A conclusão de que deveriam assassiná-los com gás é mostrada mais para o final do longa, mas outras coisas são discutidas. Matar esse monte de gente com balas era um desperdício muito grande e fazia seus próprios soldados sofrerem danos psicológicos. Matar por gás era o mais “humano”, de acordo com os próprios. Todas as pautas são de dar nojo e raiva.

A discussão ia até o que fazer com os meio-judeus e os que eram um quarto judeu, além dos que eram casados com alemães puros, bem como os judeus que lutaram ao lado deles durante a Primeira Guerra Mundial. Para alguns, todos também deveriam ser mortos sem distinção e, somente para um deles, isso não deveria ocorrer, cabendo apenas esterilizados. O mais “bonzinho” deles e com um mínimo de razão opta por esterilizar homens e mulheres judeus para que nunca mais procriassem.

Conclusão

A Conferência é um tipo de filme que pode criar alguns gatilhos, ainda mais se você for judeu. Toda a história fica centrada na base de diálogos. É uma daquelas obras que chamo de “filmes de roteiro”. Praticamente ficamos em apenas uma locação e esse detalhe poderia até mesmo facilitar uma peça de teatro, caso queiram. Fica o registro de uma boa direção, boas atuações, mas que nos deixa com uma vergonha do que o ser humano possa causar ao outro só por serem diferentes.

Dica

Em 2001, foi lançado um filme chamado “Conspiração”, uma produção original HBO (e que se encontra disponível na HBO Max) que conta exatamente a mesma história. O longa é estrelado por Kenneth Baranagh (Assassinato no Expresso do Oriente) e Stanley Tucci (Um Olhar do Paraíso). A diferença maior entre elas é o fato de que a versão norte-americana é um pouco mais dinâmica do que essa alemã. As duas são igualmente boas e recomendo que as vejam. Pelo menos uma delas.

*Filme visto no Festival do Rio 2022

Onde assistir ao filme A Conferência (2022)?

A saber, A Conferência foi um dos filmes selecionados para o Festival do Rio 2022. O longa ainda não tem data de estreia oficial nos cinemas brasileiros.

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