‘A Grande Mentira’ | CRÍTICA
Fachal Júnior
Eu adoro filmes de golpe. Aquelas obras cinematográficas com tramas que giram em torno de assaltos, enganações e truques de vigaristas em geral. Lembro muito claramente, enquanto criança, de assistir repetidas vezes o péssimo filme Maverick, estrelado por Mel Gibson. É um filme sobre um jogador de poker no velho oeste… péssimo. Era época dos VHS. Eu assistia, rebobinava e assistia outra vez. O problema é que, em geral, obras com essa temática tendem a repetir modelos de roteiro e, ao espectador mais assíduo, entregam toda a trama no primeiro terço do filme.
A trama
A saber, A Grande Mentira (The Good Liar) é baseado no livro de Nicholas Searle e conta a história do trapaceiro Roy Courtnay, interpretado pelo excelente Ian Mckellen. Roy é o golpista ‘classudo’ que transita entre falsas negociações e golpes, através de sites de relacionamento. Ele se aproxima de mulheres ricas e toma seu dinheiro. É com esse objetivo que ele conhece Betty McLeish, vivida pela também incrível Helen Mirren. Eles se aproximam (rápido demais?) e a trama segue em direção às fórmulas.
Diferença e repetição
Como amante dos filmes de trapaça, procuro a diferença. Aquilo que ‘gira em torno do desigual’. Aquilo que quebra as expectativas e nos leva a outro lugar. Entretanto, A Grande Mentira não nos leva a lugar nenhum. É pura repetição. Tudo se dá num ritmo tão atravessado que a identificação é prejudicada. Se há algum alento, ele está no elenco. Mckellen e Mirren estão ótimos. Engraçados na conta certa, entregam suas linhas com muita precisão. Russell Tovey – recentemente despontado pela ótima série Years and Years – aparece no filme como Stephen, o neto de Betty. Antagonizando com Roy, também consegue entregar bons momentos. Contudo, a macro história agride os pequenos momentos.
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Já se sabe o que vai acontecer. Certamente, não todos os meandros da trama, tendo em conta que muito da tragédia da história é apresentado nos minutos finais. Mas, de fato, já se sabe quem está enganando quem. O longa oscila entre leves situações de bom humor e pesados momentos de violência. Talvez, no livro, essas variações sejam mais sutis. Todavia, me pareceram fora de tom. A montagem é correta, com alguns probleminhas de ritmo. A direção, nas mão de Bill Condon, não prejudica, mas pouco ajuda. Plano e contraplano. Pão com manteiga.
Desfecho preguiçoso
Aliás, muito da história de A Grande Mentira se dá através de flashbacks. Não tenho nada pessoal contra esse recurso, mas me incomoda quando o roteiro, perto de seus últimos minutos, entrega um pedaço crucial da história e adiciona personagens antes nunca vistos. Todavia, eles são importantes para a trama central. Assim, toda a justificativa de amarração da história é despejada de uma só vez, de maneira expositiva e nada delicada. Em suma, um desfecho preguiçoso de uma obra que já nasce cansada. Uma pena.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: The Good Liar
Direção: Bill Condon
Elenco: Helen Mirren, Ian McKellen, Russell Tovey
Distribuição: Warner
Data de estreia: qui, 21/11/19
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2019
Classificação: 16 anos