La odisea de los giles Oscar 2020 A Odisseia dos Tontos

‘A Odisseia dos Tontos’ | CRÍTICA

Mayara Ferreira

Estamos na Argentina de 2001, no auge de uma das maiores crises econômicas enfrentadas pelo país. Um grupo de amigos da pequena cidade de Alsina, se reúne para criar uma cooperativa que pudesse gerar empregos e movimentar a economia local. Ao conseguirem boa parte do dinheiro para compra do terreno de uma antiga fábrica, estavam certos de que seu sonho estava cada vez mais perto.

Eis que sua sorte muda quando o Corralito, medida econômica do governo de Fernando de la Rúa, congela os depósitos em poupança e limita os saques à poucos pesos das contas bancárias dos argentinos. Como se não bastasse isso, o grupo de empreendedores descobre que, além dos efeitos da crise, também foi vítima de um golpe orquestrado pelo gerente do banco da cidade e um advogado mal caráter, que fez questão de esconder o dinheiro em um cofre subterrâneo. Com a descoberta desse esconderijo, vemos o grupo de protagonistas viver uma aventura, ou melhor, uma odisseia, para recuperar o que é seu por direito.

História real

A saber, A Odisseia dos Tontos (La Odisea de los Giles) é um filme sobre uma história real, que poderia acontecer a qualquer cidadão comum, na Argentina ou no Brasil. Aliás, as semelhanças não são só no enredo da trama, mas também no contexto socioeconômico. Afinal, todos se lembram do congelamento das poupanças dos brasileiros no governo Collor.

A Odisseia dos Tontos (1)

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O que, de fato, torna essa história diferente é ver um bando de sujeitos comuns se voltarem contra as injustiças do dia a dia, de forma concreta, para além de reclamações e conversas de bar. Os trabalhadores honestos ou “tontos”, assim chamados por Fermín, personagem de Ricardo Darín, se tornam verdadeiros heróis ao se rebelarem contra mais uma injustiça do sistema, tão comuns em diferentes aspectos de nossas vidas. Cansados de serem injustiçados, ora pelo governo, ora por cidadãos comuns, decidem ir  atrás do que é seu por direito. Com direito a citações do teórico anarquista, Bakunin.

Excelentes atuações e diálogos

O tom dramático da narrativa, motivado pelo cenário político-econômico da época, bem como pelas perdas pessoais dos personagens, dá lugar à construção de uma aventura orquestrada pela execução do plano de recuperação do dinheiro roubado. O roteiro, com ajuda do elenco, ainda consegue sustentar a comédia das cenas. Com excelentes diálogos e atuações que garantem boas risadas. Por fim, A Odisseia dos Tontos oferece uma história engraçada sem cair no clichê ou perder as raízes do contexto histórico real, usado como pano de fundo para construção da história.

A saber, baseado no livro “La noche de la Usina”, de Eduardo Sacheri, o novo filme do diretor Sebastián Borensztein (Um Conto Chinês), conta com Ricardo Darín contracenando pela primeira vez com seu filho, Chino. Além disso, há outros grandes atores como Rita Cortese, Verónica Llinás e Luis Brandoni.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: La Odisea de los Giles
Direção: Sebastián Borensztein
Elenco: Ricardo Darín, Luis Brandoni, Chino Darín
Distribuição: Warner
Data de estreia: qui, 31/10/19
País: Argentina, Espanha
Gênero: comédia
Ano de produção: 2019
Classificação: a definir

Mayara Ferreira

Publicitária, amante de cinema e conversas filosóficas de bar. Ama a epifania gerada pela 7ª arte e, por isso, resolveu começar a escrever sobre. Como boa cinéfila, não assiste filmes dublados e perturba os amigos até conferirem suas indicações. Mas, no fundo, é uma pessoa legal.
NAN