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A Primeira Profecia - Filme 2024 - Disney Plus - Crítica do filme - Ultraverso

A Primeira Profecia é um bom filme de terror à moda antiga

Bruno Oliveira

Eu sou o tipo de pessoa que prefere algo inédito do que algo que já vi por aí. Sou aquele que sempre fecha a cara e resmungo quando ouço algo como prequel, remake ou nova versão de algo que todos já conhecem. Chamo essas obras de ‘caça-níqueis’, pois nunca buscam algo realmente bom, mas apenas a certeza de que dará dinheiro. A Primeira Profecia tinha tudo para ser mais um exemplo disso, mas para minha surpresa, acabei vendo algo realmente bom e que me deixou momentaneamente impactado.

Sinopse do filme A Primeira Profecia

Margarett (Nell Tiger Free) é uma noviça norte-americana enviada para Roma para, futuramente, se tornar freira. Nesse novo lugar conhece Carlita (Nicole Sorace), uma menina com um comportamento diferente das outras e que fica praticamente isolada em um quarto pequeno. Por se identificar com Carlita, Margarett passa a cuidar dela da melhor maneira possível, ainda que não saiba que essa atitude desenterraria um grande segredo nefasto da Igreja Católica que visa o nascimento do Anticristo.

Boa direção e ótimo clima setentista

O filme original, A Profecia, é de 1976 e essa nova história começa em 1971, em Roma, Itália. Todo aquele clima setentista está presente, junto com aquele granulado que nos remete diretamente a essa época. A primeira cena já consegue nos situar bem nesse ambiente e do terror que nos espera. Desde esse momento em diante, é possível notar a mão da diretora estreante em longas-metragens, Arkasha Stevenson (Vingança Sabor Cereja). Ela é muito boa e realiza cenas altamente impactantes e nos deixa na ponta da cadeira em muitos momentos.

A figura horripilante da freira

A diretora não busca inovar em muitas coisas, mas ela sabe pegar elementos que dão medo naturalmente e colocar em tela. A figura da freira já é algo de certa forma medonho, Invocação do Mal 2 (2016) veio antes para nos colocar esse medo eterno. Além disso, existem as pinturas demoníacas e a figura do velho. Eles dão arrepios, principalmente quando a câmera dá um close gigante em alguma freira com essas características. Nossa querida Sônia Braga (Bacurau) está no elenco, e mostra como ser pavorosa sem mesmo estar ligada a algum sentimento de terror diretamente.

Bom mistério e boa resolução

O clima do filme todo é meio pesado. Você sente de alguma forma que o mal realmente está espreitando. O mistério toma conta da narrativa. Coisas sinistras acontecem nesse lugar, mas é tudo rápido. Esse detalhe consegue aumentar esse clima claustrofóbico. Geralmente, detesto quando em algum filme de terror, os protagonistas começam a investigar. Tudo acaba sendo desinteressante e clichê. Aqui, o mistério te envolve e queremos saber imediatamente o que está acontecendo nesse lugar. Quando descobrimos de fato todo o mistério é que as cenas boas realmente acontecem.

Nell Tiger Free

Eu não dava nada pela atriz Nell Tiger Free (Servant). Por aparentar se muito nova e meiga, algo me dizia que não daria conta quando fosse a hora do “bicho chegar pra capar”. A verdade é que ela entrega e possui uma cena inacreditavelmente gráfica e que me deixou de boca aberta. Fiquei imaginando como teria sido gravar tal cena. Merece palmas e o que se sucede daqui a para frente é um festival de clima tenso e ruim. A trilha sonora cresce e aqueles corais demoníacos sobem o tom e tudo se torna incrivelmente desconfortável.

Conclusão

Não esperava nada de A Primeira Profecia e entregaram um bom filme de terror à moda antiga. Não inova em conceito nenhum e faz tudo com elementos já vistos por aí o tempo todo. A direção fez toda a diferença. Até mesmo os jumpscares me pareceram divertidos e no momento certo. O horror gráfico está em tela e pode incomodar em determinados momentos. Temos um bom final, acontece a ligação com A Profecia, e ainda temos espaço para conjecturarmos uma continuação, pois uma grande peça solta foi deixado em aberto. Se mantiverem a mesma equipe, aprovo demais que isso aconteça.