‘A Princesa da Yakuza’ tenta disfarçar narrativa ruim com ação ainda pior
Cadu Costa
O Brasil tem a maior população japonesa fora do Japão, e São Paulo concentra essa diáspora no bairro da Liberdade, no centro da cidade. Mas o que poderia ser uma fonte inesgotável para filmes de ação e artes marciais produzidos por aqui nunca foi sequer pensado. Mas isso acabou. E de um jeito bem nerd. Vem que o ULTRAVERSO te conta essa história.
Estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (07/10), A Princesa da Yakuza (Yakuza Princess), filme baseado na HQ “Samurai Shirô”, de Danilo Beyruth, dirigida pelo brasileiro Vicente Amorim (Motorrad, 2017), mas produzida pela estadunidense Magnolia Pictures.
O filme segue Akemi (estadunidense de origem japonesa, Masumi), uma órfã enviada ao Brasil quando ainda era criança e descobre que é a herdeira de metade do sindicato do crime japonês, a Yakuza. Depois de forjar uma aliança incômoda com um estranho desmemoriado, o tal Shirô das HQs (o irlandês Jonathan Rhys Meyers, de Vikings), que acredita que uma espada ancestral amarra seus dois destinos, Akemi tenta escapar de assassinos em seu encalço enquanto tenta entender seu papel nisso tudo.
A Princesa de Yakuza é bom?
Aí vai depender do que você espera. Se gostaria de ver uma adaptação de quadrinhos brasileiros de ação com qualidade, diria que é bem melhor que o filme do Doutrinador, por exemplo. No entanto, isso não quer dizer muita coisa. Por conta disso, diremos que o longa é fraco, mas ainda assim muito acima da maioria dos filmes brasileiros. Com uma mistureba de idiomas (inglês, japonês e português), A Princesa de Yakuza tem umas lutas fuleiras que podiam ter sido muito melhores, pois potencial pra isso tinha.
A produção poderia ter aproveitado o ambiente paulistano do bairro da Liberdade para abordar melhor a cultura local e faltou emoção nas cenas de drama onde reside o ponto mais baixo do filme. A maioria das respectivas histórias de Akemi e Shirô parecem peças de segunda mão depois de décadas de filmes e histórias em quadrinhos sobre a lendária Yakuza, uma organização sombria que a maioria de nós só conhece por conta de japoneses mal encarados com tatuagens gigantescas.
E soa inevitável não falar de Kill Bill, uma das obras-primas de Quentin Tarantino. Não vamos chamar de plágio uma cena onde Akemi vestida de casaco azul enfileira vítimas com sua katana de nome Muramasa, mas que bebe dessa fonte com muita sede é evidente.
Cenas de luta para fisgar o espectador
Mas, embora haja explosões repentinas de violência durante todo o filme, o diretor Vicente Amorim dá um passo tão lento que acaba ficando a cargo das lutas manter o interesse do espectador. E ainda assim, se houve qualquer tipo de coreografia de luta, ela é totalmente aniquilada pela péssima montagem da película.
Também descobrimos que ao tentar ser coisas demais, o filme A Princesa de Yakuza nunca desenvolve totalmente o mundo emocional de seus personagens, mas espera que o público se preocupe com a história da família de Akemi. Além disso, um conceito bacana, uma protagonista esforçada e um forte ator coadjuvante não são suficientes para fazer um longa de ação desleixado e amador com pouquíssimas emoções valer a pena.
Mas nem tudo é ruim. A maioria das cenas em A Princesa de Yakuza tem um algo mais de qualidade com uma iluminação temperada e filtros de câmera azul-prateados de aparência acinzentada. Parece mesmo uma HQ bem desenhada na tela. É visualmente elegante, mas com uma narrativa que não começa, não termina, se arrasta como um livro chato. Por isso, o filme serve como um lembrete infeliz de que ação raramente substitui uma história interessante.
Onde assistir ao filme A Princesa da Yakuza?
A saber, o filme A Princesa da Yakuza está disponível para assistir a partir desta quinta-feira, 07 de outubro, nos cinemas de todo o Brasil.
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Trailer do filme A Princesa da Yakuza
A Princesa da Yakuza: elenco do filme
Masumi
Jonathan Rhys Meyers
Tsuyoshi Ihara
Kenny Leu
Lucas Oranmian
Eijiro Ozaki
Ficha Técnica
Título original do filme: Yakuza Princess
Direção: Vicente Amorim
Roteiro: Vicente Amorim, Tubaldini Shelling e Fernando Toste, baseado na HQ de Danilo Beyruth
Data de estreia do filme A Princesa da Yakuza: qui, 07/10/21
País: Brasil
Gênero: suspense, ação
Duração: 101 minutos
Ano de produção: 2021
Classificação: 16 anos