‘Abominável’ | CRÍTICA
Alvaro Tallarico
Respeitável público! A DreamWorks apresenta aqui o Abominável Homem das Neves! O grotesco Pé Grande! O assustador Iéti! O fofo Everest! Calma aí, “fofo” Everest? Everest não é aquela montanha de maior altitude da Terra? Cujo pico está a 8.848 metros acima do nível do mar, na subcordilheira Mahalangur Himal dos Himalaias? Sim… e não.
Leia mais:
– BÔNUS | ANGOLA JANGA, AVENTURA DE ZUMBI DOS PALMARES
– ‘DIVALDO – O MENSAGEIRO DA PAZ’ | CRÍTICA
– ‘O CRISTAL ENCANTADO: A ERA DA RESISTÊNCIA’ | CRÍTICA
Um iéti perdido encontra uma garota
O filme começa usando a câmera subjetiva (em primeira pessoa), ou seja, você está vendo exatamente o que o Iéti desesperado vê. É uma das formas que o diretor tem para criar identificação com um personagem, buscando conectar as emoções para que você sinta de outra forma o que está acontecendo. E isso acontece. Afinal, percebemos a solidão, o isolamento, a tristeza e o deslocamento do monstro na grande cidade de Xangai.
Então, ele encontra uma amiga. Lembra da Boo em Monstros S.A. da Pixar? Então, não tem nada a ver com Yi, uma adolescente independente e trabalhadora correndo atrás de seus sonhos com muito esforço, também isolada e solitária (olha aí a conexão), que acaba por encontrar o Iéti. Aliás, a vilania fica por conta do Sr. Burnish (na dublagem entendia sempre Sr. Burns e lembrava dos Simpsons) e a zoóloga Zara. Suas motivações não ficam muito claras, estão ali só para antagonizar mesmo. Definitivamente, em Abominável o mais importante é a equipe que se forma para seguir em um jornada heróica: Yi, Jin, Peng e o Iéti.
King Kong e a dublagem
A cabine para imprensa foi dublada. A atriz Mharessa que fez parte do elenco da refilmagem de “Carrossel” e “Cúmplices de um Resgate”, foi convidada pela Universal Pictures para dublar Yi e fez um bom trabalho. Assim como a equipe em geral que contou com vozes consagradas da dublagem como Carmen Sheila, Arthur Salerno e Charles Emmanuel.
Ademais, devo destacar a cena que faz referência ao clássico King Kong, quando Yi e o iéti Everest (é como resolvem chamar o fofo) sobem para o topo de um prédio e ficam cercados pelos perseguidores. O desfecho é mais iluminado do que no antigo clássico. Agora, Everest não é mais “somente” a montanha mais famosa do mundo, mas também o nome dessa criaturinha carismática.
O ABOMINÁVEL FOFO DAS NEVES
Enfim, Everest é monstruosamente doce e ainda por cima tem alguns impressionante poderes. Mas é tudo pano de fundo para o real ensinamento proposto pelo filme, algo indispensável na vida de todos nós: amadurecimento. No momento que o diretor foca em Yi vendo a cidade grande ficando para trás, sabemos que é o início de uma grande lição repleta de perigos e aventuras. Saboroso ver que, nessa jornada, todos (ou quase) amadurecem. Yi, Jin, Peng e Everest seguem nadando contra a correnteza, como na simbologia das perseverantes carpas, em busca do objetivo.
A saber, mesmo sendo em computação gráfica, o filme puxa para uma estética de anime, como olhos grandes e muita cultura oriental. Parece que a DreamWorks fez com o objetivo de conquistar o público chinês pelo impressionante detalhismo (os bolinhos da vovó, por exemplo). O iéti é uma criatura do folclore deles, Apesar de muitos dizerem que realmente existe, inclusive o governo do Nepal, oficialmente (desde 1961).
Em suma, a diretora e roteirista Jill Cutton vem com um filme divertido para o público infanto-juvenil. Ah, impossível não citar as belíssimas paisagens chinesas apresentadas em Abominável. Em especial, o Grande Buda. E, como já dizia esse Iluminado:
“Em nossas vidas, a mudança é inevitável. A perda é inevitável. A felicidade reside na nossa adaptabilidade em sobreviver a tudo de ruim.”
Assim seja.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título: Abominable
Diretor: Jill Cutton
Elenco: Mharessa, Carmen Sheila, Arthur Salerno, Charles Emmanuel.
Distribuição: Universal Pictures
Data de estreia: 26/09/2019
País: Brasil
Gênero: Aventura, animação
Ano de produção: 2018