Adoráveis Mulheres crítica

‘Adoráveis Mulheres’ | CRÍTICA

Ana Luiza Castro

Adoráveis Mulheres (Little Women) é um romance emocionante e divertido. Ele conta a história do amadurecimento de quatro irmãs e é inspirado no livro homônimo de Louisa May Alcott publicado em 1868. Dirigido por Greta Gerwig, responsável também pelo premiado Lady Bird – A Hora de Voar, o filme é uma mistura da ternura e inocência do adolescer com a crua beleza da vida adulta.

A trama

Durante a Guerra Civil Americana, Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh) amadurecem. Com o pai ausente por conta do conflito, as jovens são educadas pela “mãezinha”, Marmee (Laura Dern). Jo, a personagem principal, é inconformada e rebelde. Ela acredita que há mais reservado na vida para uma mulher do que apenas o papel de esposa. Para ela, as “mulheres têm mentes e almas além de apenas corações. E elas têm ambições e talento, além de beleza”.

Escritora, é quem passa a se responsabilizar financeiramente pela família durante o afastamento paterno, mas esse é um árduo caminho para uma jovem na América oitocentista, onde o ambiente de trabalho era majoritariamente masculino e machista, como se pode perceber na opinião do editor de Jo sobre seu livro: “Deve ser curto e picante. E se a protagonista for uma moça, ela precisa se casar no final. Ou morrer”.

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Adoráveis Mulheres filme

Em contraste com Jo, Meg – a irmã mais velha – sonha apenas em se casar e construir uma família, objetivo que ela consegue atingir, mas que não corresponde as suas expectativas. Já Amy é a mais afortunada de todas, pois, por ser a favorita de Tia March (Meryl Streep), uma senhora rica e difícil de agradar, vai passar uma temporada em Paris, onde se dedica a aprimorar suas habilidades artísticas e, além disso, a se tornar uma dama da alta sociedade com a finalidade de arranjar um bom casamento.

Enquanto isso, Beth faz as vezes de Poliana, a famosa pequena retratada nos livros de Eleanor H. Porter. É uma menina de coração doce e terno, que ilumina a vida de todos ao seu redor. Isso é verdade principalmente para o Sr. Laurence (Chris Cooper), que é vizinho da casa das March. Ele é um senhor abastado, porém solitário e triste, mas que encontra em Beth um bálsamo para as melancolias da alma. Laurie (Timothée Chalamet) é neto do senhor Laurence e é impetuoso e irresponsável. Com o passar do tempo, o jovem se torna grande amigo das irmãs e acaba se apaixonando por Jo.

Adoráveis Mulheres

Fotografia e trilha sonora impecáveis

A fotografia e a trilha sonora  de Adoráveis Mulheres são impecáveis. Aliás, recordam – e muito – as de outro longa-metragem, Orgulho e Preconceito (2005). Além disso, as personalidades trabalhadas nas irmãs March também se assemelham com as das Bennets, principalmente no tocante à maneira como se dá vida ao espírito livre de Jo, que não usa maquiagem, está quase sempre despenteada e utiliza roupas mais masculinizadas, assim como Elizabeth.

A utilização inteligente da iluminação e do uso das cores com a finalidade de refletir o mundo interior dos personagens também chama a atenção. Esses recursos proporcionam a divisão da história em três momentos distintos.

O primeiro é mais açucarado, com muito uso de luz dourada e de tons pastéis alegres. Aqui é o início da adolescência das March, durante a qual todas moram juntas, dividem sonhos e também o desejo de um futuro feliz. O segundo momento é mais amargo e melancólico, de maneira que os tons são de um azul-acinzentado. Ele está relacionado ao período de doença de Beth e das dificuldades financeiras da família. Inaugura-se, então, o terceiro e último, no qual há um equilíbrio entre os mundos real e ideal, uma felicidade na dose certa. Não é nem tão radiante quanto a primeira fase, nem tão sombrio quanto a segunda, mas no ponto da verossimilhança do que se espera da vida.

Enfim, Adoráveis Mulheres é, enfim, acalentador, cativante e comovente. Vale a pena conferir!

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Little Women
Direção: Greta Gerwig
Elenco: Lea Thompson, Ian Bohen, Lucas Grabeel
Distribuição: Sony
Data de estreia: qui, 09/01/20
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Duração: 120 minutos
Classificação: 10 anos

Ana Luiza Castro

Pós-graduanda em Jornalismo Cultural pela UERJ, fotógrafa e feminista convicta, ama ler, viajar, estar com a família e com seu filho canino, Bob. Sul-mato-grossense com muito orgulho, é fã de Almir Sater, de dias ensolarados e de um bom tereré.
NAN