Desenvolvido pelo estúdio responsável dos jogos da WWE. Foto: Divulgação / THQ Nordics

AEW: Fight Forever é um jogo com fator de diversão limitado pelo mais do mesmo

Felipe de Andrade

Após um investimento mais contido na área de games com dois aplicativos para celular, a AEW finalmente lança o título AEW: Fight Forever. O jogo de luta chega para os principais consoles da geração atual e PC.

Criada originalmente em janeiro de 2019, a AEW: All Elite Wrestling busca seu lugar ao sol no mundo da luta livre profissional americana. Além disso, eles são considerados a segunda liga profissional do segmento, ficando atrás apenas da eterna WWE. Em menos de 5 anos desde sua fundação pelas mãos de Shahid Khan e seu filho Tony, que atua como gerente geral e chefe de criação, a AEW possui uma vasta programação na mídia televisiva e internet, com programas ao vivo e gravados que vão ao ar em diversos horários durante a semana.

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Curiosamente, AEW: Fight Forever foi desenvolvido pela Yuke’s, estúdio responsável pelo desenvolvimento dos jogos da WWE por quase duas décadas. No entanto, a 2K, dona da franquia, resolveu assumir e desenvolver seus jogos a partir de WWE 2K20. Toda essa experiência resultou em um bom jogo para a liga concorrente? É o que você descobre agora.

E toda a bagagem que a Yuke’s carregava por desenvolver os jogos do gênero para a concorrência gerou uma expectativa bastante alta para os fãs da AEW e dos jogos desse gênero. Infelizmente, o produto resultante dessa parceria acabou ficando aquém do esperado após o longo prazo de desenvolvimento. Entretanto, AEW Fight Forever não é um total desperdício e pode até proporcionar algumas horas de diversão caso você não espere muito do título, que tem uma pegada mais arcade e direta ao ponto, diferentemente dos jogos da WWE, que buscam emular ao máximo o que acontece dentro dos ringues.

Leia o review do jogo AEW: Fight Forever (2023) - Ultraverso

Replay com ângulos “cinematográficos”. Foto: Divulgação / THQ Nordics

Pontos altos

A jogabilidade pode ser bem intuitiva, com poucos botões de comando que cumprem bem seus papéis. Aqui temos botões para chutar, socar, correr, agarrar, além de 2 defesas, uma para revidar agarrões e outra para bloquear golpes diretos. Todos os botões respondem bem quando acionados e frequentemente resultam em combos quando pressionados alternadamente ou até repetidamente, dependendo do lutador escolhido.

Também existem ataques especiais e finalizadores que podem ser acionados com um toque no analógico direito, após uma barra de especial estar completamente cheia no meio das lutas. Caso o golpe acerte o oponente, um replay com ângulos “cinematográficos” ocorre em seguida, focando no super ataque, que é a marca registrada de cada lutador.

Menus e modos de jogo

AEW: Fight Forever possui alguma variedade nos modos de jogo disponíveis, divididos em 3 menus. O primeiro é o modo Exibição, que garante partidas 1 contra 1; 2 contra 2; partidas de trios; partidas com 4, todos contra todos; o Casino Battle Royale solo em grupo, onde a vitória é concedida ao lutador ou equipe que permanecer de pé ao final da partida; Mata-mata com Arame Farpado Explosivo em torno do ringue; e, por fim, a Partida de Escada, onde vence a partida o primeiro lutador a subir a escada e obter o objeto que está pendurado acima do ringue.

O segundo modo é o online, que traz partidas casuais nos mesmos modos disponíveis em Exibição, e partidas ranqueadas. Aqui começamos como iniciantes e é preciso acumular vitórias para conseguir participar do AEW Main Eventer, o nível mais alto disponível em partidas disputadas nos mesmos modos citados anteriormente.

E o terceiro e último modo é o Road to Elite, que nada mais é do que o modo carreira de Fight Forever. É possível criar um lutador ou lutadora, ou escolher um dos que já estão disponíveis no jogo para trilhar seu caminho e participar dos principais eventos da temporada, como o Double or Nothing, o Casino Battle Royale, All Out, entre outros.

Ações secundárias geram dinheiro e pontos. Foto: Divulgação / THQ Nordics

Eventos principais

Além de participar dos eventos principais, nosso lutador pode treinar, dar entrevistas, almoçar fora, dar uma relaxada pela cidade, e por aí vai. Todas essas ações secundárias geram dinheiro e pontos que serão usados para melhorar os atributos do personagem.

Agora, seguindo em uma direção menos positiva, vamos focar nos pontos fracos do título, que são mais numerosos. No menu principal, em Exibição, o jogo traz 3 mini games completamente dispensáveis: um quiz sobre a AEW; Recolher Fichas, onde o lutador que recolher mais fichas espalhadas pelo ringue vence; e Penta é Quem Diz, onde devemos imitar as poses de um lutador no ritmo da música.

As animações dos golpes e a movimentação dos lutadores certamente não são os pontos fortes do jogo. Todos os personagens parecem genéricos e raramente conseguem capturar a personalidade de suas contrapartes reais em momento algum, exceto nas comemorações e durante a execução dos ataques especiais.

Partidas com mais de 3 lutadores no mesmo ringue tendem a ser problemáticas com a inteligência artificial dos adversários operando de modo meio aleatório, com os oponentes mirando em um lutador e nos acertando visivelmente “sem querer”, apenas por estarmos próximos. O caos se instala principalmente no modo Casino Battle Royale, onde frequentemente podemos ser acertados e até jogados para fora do ringue com golpes desferidos entre outros participantes controlados pela máquina.

Um patch de atualização precisa ser lançado. Foto: Divulgação / THQ Nordics

Customizações

A criação e a customização dos ringues e arenas trazem opções bem limitadas, não permitindo que o jogador crie algo muito elaborado para disputar as partidas. O jogo também não permite nenhum tipo de compartilhamento online das nossas criações.

O elenco disponível gira em torno de 50 personagens. Embora pareça ser uma quantidade elevada, diversos astros de peso ficaram de fora. Outros que já não fazem parte da AEW marcam presença inexplicavelmente. Além disso, praticamente todos os lutadores que possuem um título de campeão não condizem com a fase atual dos eventos no mundo real.  Dessa maneira, um patch de atualização precisa ser lançado para equiparar as duas mídias nesse quesito.

Problemas do jogo

Outra falha do estúdio recai sobre toda a parte gráfica e visual do jogo. As comemorações e entradas dos lutadores são pobres e não empolgam em nenhum momento, demonstrando uma significativa falta de capricho nesses aspectos. Mais um ponto negativo é a variação de qualidade no visual dos lutadores, com alguns sendo visivelmente mais bem construídos do que outros, que parecem genéricos. Houve momentos em que eu tive a impressão de estar participando de partidas com lutadores de 2 jogos distintos, devido a essa diferença.

Em pouco tempo, a sensação de repetição se instala devido à necessidade de participar dos mesmos tipos de partida em todos os modos de jogo, restando apenas o modo Road to Elite para tentar trazer algum conteúdo variado, mesmo que sem nenhuma novidade aqui.

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A nova franquia deixa um gosto amargo. Foto: Divulgação / THQ Nordics

Vale ressaltar que o gameplay serve apenas para determinar qual lutador enche a barra especial primeiro. Assim, para conseguir finalizar o adversário com um super ataque. Isso pode até tirar a diversão das partidas rápidas entre amigos no multiplayer local offline. Mesmo sendo impossível não comparar com os jogos recentes da WWE 2K – com mais pontos negativos do que positivos – AEW Fight Forever pode ser a segunda chance que a Yuke’s esperava para voltar a criar jogos relevantes nesse esporte tão querido mundialmente que é a luta livre.

Gosto amargo

Infelizmente, a primeira incursão na nova franquia deixou um gosto amargo. No entanto, nada impede que em um possível segundo jogo o estúdio traga um produto com todo o polimento e qualidade que a AEW merece. Ainda assim, Fight Forever consegue divertir quando o assunto é descer a porrada nos amigos. Tudo isso com direito a golpes exagerados do seu lutador preferido, se ele estiver no elenco defasado do jogo.

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O fator de diversão é limitado pela repetição. Foto: Divulgação / THQ Nordics

Veredito

Com diversos problemas visíveis, nem mesmo um estúdio com experiência em criar jogos desse gênero conseguiu produzir um jogo de estreia que o sucesso da AEW demanda. Fight Forever pode servir como base para títulos melhores no futuro. No momento, é um jogo com fator de diversão limitado pela repetição e o famigerado “mais do mesmo”. Dessa maneira, acaba sendo um produto até pior do que o WWF Wrestlemania do Mega Drive, que vinha com apenas 8 lutadores, e é, até os dias de hoje, um dos melhores jogos do gênero.

Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso que fala sobre Cultura Pop:

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 Prós

  •  Jogabilidade simples
  •  Trilha sonora
  •  Variedade na criação de personagem

 Contras

  •  Visual fraco e ultrapassado
  •  Gameplay repetitivo
  •  Partidas caóticas com vários lutadores
  •  Elenco desatualizado

Trailer do jogo AEW: Fight Forever

Felipe de Andrade

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