Alice Passos entrevista

Conheça a voz e o violão de Alice Passos

Rafael Vasco

A cantora e flautista Alice Passos acaba de lançar o seu segundo disco, intitulado “Ary”, um material totalmente dedicado à obra do compositor mineiro Ary Barroso. O trabalho foi feito em parceria com os violonistas Maurício Massunaga e André Pinto Siqueira, resgatando músicas menos conhecidas, além de mostrar a releitura de alguns clássicos do autor.
Carioca, filha de uma multi-instrumentista e de um luthier, ela estreou na música aos nove anos, participando do coro infantil do disco “Hora da Criança”, do Quarteto em Cy, respeitado grupo vocal de MPB. Desde então, tem feito trabalhos como flautista e cantora, e em 2017, lançou seu primeiro trabalho solo, “Voz e Violões”.
Sendo assim, o ULTRAVERSO conversou com Alice para conhecer mais sobre o seu novo disco e projetos futuros, além de entender como tem sido produzir música em meio ao isolamento social. Portanto, acompanhe nosso bate papo:

Alice Passos financiamento coletivo novo álbum
Foto: Divulgação

ULTRAVERSO: O álbum ‘Ary’ traz um repertório que você já vem apresentando em shows desde 2018. Dessa forma, em que momento pensou levar estas canções para um disco? 

ALICE PASSOS: Na verdade, a ideia inicial já era gravar um álbum. Mas, decidimos fazer o show antes para ir amadurecendo o trabalho, ver o que funcionava mais, maturar as interpretações, nosso entrosamento. Não vou dizer que foi um ensaio aberto, porque ensaiamos antes de fazer os shows, mas, digamos que era uma preparação para o disco. E, curiosamente, o disco nasceu antes do show, mas o show rolou antes dele.

Nesse sentido, a gravação que abre o trabalho é ‘Na Batucada da Vida’, imortalizada na voz de Elis Regina e de outras divas da MPB. Como surgiu esta escolha e se por algum momento sentiu a responsabilidade que seria regravá-la?

ALICE PASSOS: Antes da Elis, a Carmen Miranda gravou, inclusive, o Ary escreveu para ela. Eu comparei muito, tive dificuldades em escolher a forma como iria gravá-la, foi bem interessante essa pesquisa, comparar Carmen com Elizeth Cardoso, Elis e Miúcha. Acabou sendo um trabalho de colcha de retalhos, onde a minha preocupação foi achar como iria mostrar a música. E a escolha aconteceu porque esta canção é muito boa, além de ser extremamente linda para começar tanto um show quanto um disco.

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A princípio, o repertório de Ary Barroso é bem conhecido, com clássicos como ‘Isto aqui, o que é?’ e ‘Aquarela do Brasil’. Como foi feita a seleção das canções que entraram no disco, já que optou por várias menos conhecidas do autor?

ALICE PASSOS: Foi uma decisão consciente não gravar os hits, porém, selecionei algumas bem conhecidas, como “Camisa Amarela” e “Na Baixa do Sapateiro”. Mas eu tenho essa vontade sempre de conhecer, buscar o famoso lado B dos compositores. Propositalmente, fui escavar e vendo também outras mais famosas. No álbum, a canção mais do fundo do baú de todas, “Canção em Tom Maior”, o André Pinto Siqueira que trouxe, essa é toda mérito dele.

No seu primeiro trabalho, em 2017, intitulado ‘Voz e Violões’, foram gravadas 13 músicas de diferentes violonistas compositores, que inclusive participaram das gravações das suas respectivas faixas. Por outro lado, em ‘Ary’, o trabalho foi com apenas dois violonistas. Como avalia a experiência com um número menor de parceiros?

ALICE PASSOS: O disco “Ary” é mais redondo, no entanto, considero o meu primeiro álbum bastante coerente. O trabalho anterior tinha essa proposta de ter sempre o compositor tocando comigo, de serem apenas violões, havia uma unidade. Mas, o fato de agora ser só Ary Barroso e somente nós três, traz outro tipo de unidade para o material. Por isso, ambas as experiências são muito válidas, mas a atual tem uma coisa mais redonda, esse disco é todo amarradinho.

Alice Passos financiamento coletivo novo álbum
Os violonistas Maurício Massunaga e André Pinto Siqueira acompanham Alice neste trabalho (Foto: Divulgação)

O lançamento de ‘Ary’ está sendo feito em meio a um momento atípico, em que dificilmente será possível realizar apresentações presenciais para um grande público. Afinal, como tem sido a recepção do álbum durante o isolamento social?

ALICE PASSOS: Essa foi uma questão me fez querer lançar ele agora, mesmo com a dor de não ter a divulgação com shows. Aliás, tínhamos uma data reservada em julho desse ano, no Teatro Nelson Pereira dos Santos, em Niterói. Marcamos tudo em fevereiro, o disco já estava gravado, faltando apenas mixagem e masterização, mas aí veio a pandemia. Desde lá, não se sabe o que vai acontecer. E quando vi que a pandemia estava instalada, eu tive a convicção de que ele deveria sair. Consegui finalizar a parte técnica do disco, através da ajuda de familiares. Acredito que foi a melhor coisa que fiz, porque a minha ideia foi justamente essa, já que as pessoas estão em casa, espero que também estejam ouvindo músicas. Tenho tido respostas ótimas do Sul do país, Brasília, Nordeste, Canadá, Japão e minha expectativa é que chegue a muitos outros lugares.

Atualmente, tem realizado lives com entrevistas e saraus no seu Instagram, que tem tido grande repercussão. Com isso, recentemente, decidiu promover uma campanha de financiamento coletivo, com o objetivo de custear esses conteúdos que produz. De que maneira funciona esta iniciativa?

ALICE PASSOS: Eu comecei esse projeto completamente independente e sem saber no que iria dar. E levei a sério, segui alguns meses e foi me dando uma certa inquietude, fui ficando sobrecarregada, isso porque ao mesmo tempo eu dava aulas, cuidava de casa, filho, eventualmente uma live ou outra. Além disso, também participei como convidada em dois ou três discos.
Dessa forma, as lives estavam sendo um grande trabalho a mais, eu pensei em parar várias vezes, mas, os resultados estavam muito bons, tanto para quem via quanto quem participava. Porém, elas custam caro, e eu gastava muito com isso. Por esta razão, tentei alguns patrocínios privados, mas acabou não rolando. Foi aí que eu senti um certo direito de receber por este trabalho e queria pagar quem participasse. A ideia no momento é receber pelos meses de outubro e novembro, custear os gastos de produção, divulgação, também remunerar os artistas dos saraus e oferecer um jantar para os que são entrevistados.

Clique e ajude a Campanha de Financiamento Coletivo “Alice Passos Ao Vivo”.

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SERVIÇO

Disco “ARY” / Por Alice Passos, André Pinto Siqueira e Mauricio Massunaga
(Músicas de Ary Barroso)
Gravadora: Fina Flor
Disponível em todas as plataformas digitais a partir do dia 8 de agosto de 2020

Conheça o trabalho de Alice Passos

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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Corrente do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!
Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho.
Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail wilson@ultraverso.com.br! Aquele abraço!

Rafael Vasco

Um viciado em informação, até mesmo as inúteis. Com dois minutos de conversa, convenço você de que sou legal. Insta: _rafael_vasco
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