Alienígenas me perseguem
Demétrius Carvalho
Rodovia dos Bandeirantes. Quarta-feira 2:34h da manhã. O que era para ser um tranqüilo regresso para minha casa numa gostosa madrugada foi a noite mais horrível de minha vida. Escutava música em meu carro para tornar a viagem mais agradável e de repente um ruído forte de estática entrou pelo som. Num primeiro plano, nem liguei, mas ele demorou mais do que o convencional de uma rádio e por ali não parecia haver nada. Dei-me conta também que ouvia um cd e não uma rádio. Deve ter sido em torno de uns 45 segundos.
Comecei a ficar apreensivo. O visor do som apontava”No Disc”. Como assim? Pensei. Ouvia um cd antes disso acontecer. O que realmente começou a me deixar com medo é que parecia que uma rádio estava sendo procurada, mas quando isso acontece, você acaba passando uns milésimos de segundos por algumas, captando uma música, uma voz, um jogo, um noticiário, uma propaganda, uma voz humana que fosse, mas nada. Apenas uma estática estranha e sem fim.
Noto uma luz avermelhada piscar em meu braço esquerdo e ao procurar o que a causaria, um calafrio que invadiu a minha alma, enquanto os pêlos do braço se eriçavam parecendo dançar com a estática e a luz. Não pensei duas vezes e desliguei o som, e então o pânico tomou-me por completo. O som estava ali, e voando alguns metros a minha esquerda, algo que definitivamente não tinha a menor idéia do que era. Comecei a acelerar o carro e noto
que o estranho objeto acompanhou com extrema facilidade a minha tentativa de fuga. Pensei que ele pudesse estar acelerando e pisei no freio deixando com que minha velocidade caísse de forma vertiginosa, mas pude sentir o suor escorrer em minha face mesmo estando frio.
Confesso que havia esquecido até o som que vinha de meu rádio desligado, mas entrou algo que parecia um código morse ou algo do tipo. Saquei meu celular e instintivamente liguei para Carol (como se isso pudesse me ajudar), mas paralisei quando uma voz enfim se estabelece em meu rádio. Sinceramente nem sei se ela chegou a ouvir o que a voz dizia com um timbre que não poderia vir de um ser humano. Também não era uma máquina…sinceramente não sei dizer o que era, mas o seu recado foi claro.
Nada vai te acontecer. Pare o carro e o liberaremos em 5 minutos.
Em completo pavor, freio o carro, mas senti uma tontura e simplesmente apaguei. Quando abro os olhos novamente, nada parecia ter acontecido. O som estava ligado. Tocava Yes do Morphine. Nada de estática. Nada de luzes e uma paz em meu ser que não conseguia entender, mas que era bom.
O relógio apontava 2:43h. Liguei o motor do carro e prosegui minha viagem. Alguns segundos depois, noto a luz em meu braço, mas ela não me apavorava. Peguei o meu celular e registrei para mostrar para minha esposa para quando chegasse em casa, não tivesse do por que duvidar do que lhe contaria…