Show Emicida AmarElo - Ao Vivo Netflix Setlist crítica

Com versos fortes e diretos, Emicida emociona no show ‘AmarElo Ao Vivo’

Cadu Costa

|

16 de julho de 2021

Emicida não é somente um rapper. É um artista que busca devolver a alma do povo preto através da música. Um show seu é muito mais do que uma apresentação musical. É uma aula de história, de defesa dos direitos humanos, de representatividade, respeito e sim, de música também. É um passeio por várias vertentes da MPB e do Hip-Hop. Assim, estreou na Netflix, nesta última quinta-feira (15), o show AmarElo Ao Vivo, do Emicida. O evento foi realizado no Theatro Municipal de São Paulo, em 2019.
Acompanhado por Julio Fejuca (baixo, cavaquinho, violão e programações) – também responsável pela produção musical do espetáculo; bem como DJ Nyack; Michelle Cordeiro (guitarra); Silvanny Rodriguez “Sivuca” (bateria e percussão); Allan Abbadia (trombone e arranjos de metais); Buga (sax e flauta); Larissa Oliveira (trompete e flugelhorn); Jamah; e Thiago Jamelão (backing vocals); Emicida incluiu no repertório ao vivo do show canções de AmarElo e outros destaques de sua carreira.

Show Emicida AmarElo - Ao Vivo Netflix crítica Setlist

Foto: Netflix / Divulgação

Fechamento de um ciclo

Com 1h40 de duração, o show AmarElo – Ao Vivo é uma realização da Laboratório Fantasma. A direção é do próprio Emicida e de Fred Ouro Preto, assim como produção de Evandro Fióti. Esse registro foi distribuído pela Netflix em até 190 países. Além disso, em parceria com a Sony Music, a apresentação também está nos principais aplicativos de música.
Em dezembro do ano passado, Emicida já tinha lançado na plataforma de streaming o documentário AmarElo – É Tudo Pra Ontem, outra aula de cultura e história preta brasileira. Agora com esse novo lançamento, a sensação é de fechamento de um ciclo com o disco, doc e show.

Resistência contra o racismo

Desde a abertura, com uma fala de Orfeu Negro, filme ítalo-franco-brasileiro de 1959 que venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, antecedendo a primeira música “A Ordem Natural das Coisas”, o que veremos é rap, MPB, samba e discursos de resistência ao racismo estrutural e institucionalizado.
Emicida não cansa de repetir o quanto é uma vitória ocupar o Theatro Municipal, que foi palco de manifestações raciais durante a ditadura:
“Muito importante trazer um concerto de rap pra cá. Isso aqui é o resultado do sonho coletivo de muita gente. Essa conquista é o que anistia o espírito de quem veio antes de nós e sofreu”, afirma.

Show Emicida AmarElo - Ao Vivo Netflix crítica

Foto: Netflix / Divulgação

Emicida e o show AmarElo – Ao Vivo, na Netflix

Em suma, o show AmarElo – Ao Vivo foi repleto de emoção e catarse. O público chorava a cada verso, a cada refrão. E esses momentos aumentavam a cada participação especial. Os convidados, MC Tha, Drika Barbosa, Majur, Pablo Vittar e Jé Santiago, deram um toque especial à apresentação com todos cantando maravilhosamente bem.
Mas o momento mais emocionante foi sem dúvida quando Emicida anuncia integrantes do Movimento Negro Unificado (MNU) que lutaram contra o racismo na escadaria do Theatro Municipal em 1978. Após isso, ele emenda na porrada “Pantera Negra”.
Depois dessa canção, Emicida parece ter saído do transe e tacou fogo no Municipal. Deixou o lado sereno e emendou canções que colocam dedos nas feridas de uma sociedade historicamente injusta e racista, como “Eminência Parda”, “Boa Esperança”, “Ismália” e “Levanta e Anda”.
Houve momentos de calmaria como “Principia”, mas entre pancadas e carícias, Emicida extravasa sua carreira e seus pensamentos de luta. No bis, enfileira “A Chapa é Quente”, “Gueto” e “Libre”.

Emicida AmarElo - Ao Vivo Show Netflix Setlist crítica

Foto: Netflix / Divulgação

Lenda da música brasileira

Enfim, o show AmarElo – Ao Vivo, do Emicida, termina e a vontade é de ler mais, ver de novo, se aprofundar na história e esperar pelo próximo trabalho desse verdadeiro artista. O cantor passa a impressão de que, um dia, será estudado nas escolas, será reverenciado como lenda da nossa música assim como são os gênios Gil, Caetano, Chico ou Tom e Vinícius. Não será pouco, não será surpresa. Emicida é um vencedor de sua própria história e merece. Nós merecemos. A luta continua.
Por fim, vai comprar algo na Amazon? Então, apoie o ULTRAVERSO comprando pelo nosso link: https://amzn.to/3mj4gJa.

Trailer da Netflix do show AmarElo – Ao Vivo, do Emicida

[youtube v=”g_u-nAJryGY”]

Setlist do show AmarElo – Ao Vivo, do Emicida (Netflix)

1 – A ordem natural das coisas / Chiclete com Banana – Ao Vivo part. Mc Tha
2 – Quem tem um amigo (tem tudo) / A Amizade – Ao Vivo
3 – Pequenas alegrias da vida adulta – Ao Vivo
4 – Cananéia, Iguape e Ilha Comprida – Ao Vivo
5 – Baiana – Ao Vivo
6 – Madagascar – Ao Vivo
7 – Alma Gêmea – Ao Vivo
8 – 9nha / Eu gosto dela – Ao Vivo part. Drik Barbosa
9 – Paisagem – Ao Vivo
10 – Hoje Cedo – Ao Vivo
11 – AmarElo (Sample: “Sujeito de sorte” – Belchior) – Ao Vivo part. Pabllo Vittar e Majur
12 – Eminência Parda – Ao Vivo part. Jé Santiago
13 – Pantera Negra – Ao Vivo
14 – Boa Esperança – Ao Vivo
15 – Ismália – Ao Vivo
16 – Levanta e Anda – Ao Vivo
17 – Principia – Ao Vivo
18 – Gueto – Ao Vivo
19 – A chapa é quente – Ao Vivo
20 – Libre – Ao Vivo

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
10
Créditos Galáticos

Créditos Galáticos: 10

O que sabemos sobre Wicked Boa noite Punpun Ao Seu Lado Minha Culpa Lift: Roubo nas Alturas Patos Onde Assistir o filme Lamborghini Morgan Freeman