‘Amor Assombrado’ | CRÍTICA
Mayara Ferreira
Inspirado no conto “Pente de Vênus”, de Heloisa Seixas, Amor Assombrado é um drama que conta a história de Ana Clara (Vanessa Gerbelli), uma escritora atormentada pelos seus próprios personagens.
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A trama
Marcada por um terrível acontecimento em sua adolescência, apresentado logo no primeiro ato do filme, Ana se torna uma adulta traumatizada, com dificuldades de estabelecer uma relação saudável com seus pensamentos, surrealmente materializados em seus personagens criados. Ademais, a esquizofrenia, que a acompanha desde sempre, é agravada pelo trauma e permeia toda a vida da personagem. A doença começa a piorar quando ela tem dificuldades de começar a escrever seu próximo livro, bem como lidar com o marido, Claudio (Carmo Dalla Vecchia) e a vida real como um todo. A partir daí, seus personagens passam a acompanhá-la diariamente, atormentando-a e impedindo-a de viver a realidade. Mesmo assim, aos poucos, nos afeiçoamos às criações de Ana. Desde a amiga de infância imaginária Mikaela à Augusta, personagem rabugenta e controladora, que rende momentos de humor à narrativa.
Luta ‘narrada’ pela fotografia
Enfim, no desenrolar de Amor Assombrado, acompanhamos a luta da personagem em lidar com seus devaneios, vivenciando a proposta metalinguística do longa. O que nos conduz entre a história contada e as histórias dos personagens, momentos divididos claramente pela fotografia, com tons escuros e aura sombria quando a personagem é obrigada a confrontar sua realidade, versus o colorido vibrante dos momentos em que ela se entregava aos devaneios com seus personagens.
Aliás, o roteiro de Wagner de Assis ainda aborda outros temas, como o amor ultrarromântico, representado pela figura de Carlos; o amor assombrado da adolescência; e o destino cármico dos espíritos no limiar entre a vida e a morte. Tudo isso, de fato, contribui para criar uma atmosfera algumas vezes confusa, que nos coloca em sintonia com o sentimento da personagem e, de certa forma, com a sensação angustiante da esquizofrenia.
Desfecho previsível, mas contundente
Com um desfecho previsível, mas contundente, vemos a personagem emergir de seus pensamentos. Ela se liberta de seu amor obsessor, resolve seus traumas e, por fim, nos deixa o questionamento: será que não somos todos personagens de uma grande história?
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Amor Assombrado
Direção: Wagner de Assis
Roteiro: Wagner de Assis
Elenco: Vanessa Gerbelli, Carmo Dalla Vecchia, Guilherme Prates
Distribuição: Film Connection
Data de estreia: qui, 10/10/19
País: Brasil
Gênero: drama
Ano de produção: 2019
Classificação: 12 anos