Anime Friends comemora 20 anos
Everton Duarte
Evento voltado ao público Otaku reuniu 120 mil pessoas
Aconteceu no Distrito Anhembi, em São Paulo, a 20ª edição do Anime Friends, evento focado no público Otaku conhecido pelo seu amor à cultura pop oriental. A disseminação desse gênero é muito popular entre os jovens, tanto por sua grande comunidade Nipo-Brasileira que comemorou, em 2023, os 115 anos de sua chegada ao Brasil, quanto pela grande quantidade de conteúdos disponíveis nas plataformas de streaming.
Mas acho que sempre faz parte daquela história de fetichização das personagens. A sexualização delas acaba que é estrutural, enraizada na cultura das pessoas…
Segundo a organização do evento, o Anime Friends 2023 reuniu 120 mil pessoas e é considerada como a maior edição já realizada. O público desfrutou de mais de 50 atrações, entre nomes nacionais e internacionais inéditos, bandas conhecidas do público otaku, além de bate-papos, áreas temáticas, exibição de animes, concursos de cosplay e outras ativações.
Leia mais:
- Marvel Vingadores S.T.A.T.I.O.N atrai mais de 70 mil visitantes e oferece preços especiais durante as férias
- Chilli Beans lança coleção incrível inspirada no anime Naruto Shippuden
- ‘Demon Slayer’: terceira temporada é fraca em comparação a última, mas certamente tem seu valor
Para entender melhor o ponto de vista dos fãs dessa cultura tão querida em nosso país, o Ultraverso bateu um papo com a estudante de Letras, Milena Gabriel da Silva. A jovem de 23 anos, esteve na edição do Anime Friends deste ano e nos confidenciou sua experiência. Leia a entrevista na íntegra.
Qual é o seu anime ou personagem preferido do universo otaku?
Tenho muitos. Meu anime favorito é Sailor Moon, mas personagem favorito? É muito difícil escolher apenas um, então fico com Sailor Moon também.
Por que você acha que é tão difícil escolher um personagem específico?
Acho que porque são muitos gêneros. É muito difícil uma pessoa gostar de anime e gostar de um gênero só. Às vezes a gente começa por um, mas acaba se enfiando em vários. Então acredito que seja por conta da quantidade de animes.
Já que existem vários gêneros de animes que o público brasileiro conhece tanto, também há um evento específico ao qual a comunidade otaku se reúne. O anime Friends. Você foi na edição deste ano?
Eu fui este ano, sim. E depois de muito tempo, já fazia uns 10 anos que eu não ia no Anime Friends.
Como foi essa experiência após tantos anos e, principalmente, porque passamos por uma pandemia, né? Então como foi pra você esse reencontro com o evento?
Foi um pouco estranho, porque foi num lugar diferente do que era antigamente. Antes era no Campo de Marte e esse ano foi no Anhembi. Eu não lembro desde quando passou a acontecer no Anhembi, mas esse ano estavam comemorando 20 anos de evento, então foi um pouco bizarro. O quanto cresceu e quantos nichos surgiram também. Porque hoje em dia eles também focam bastante pro lado do K-pop, que não tem nada a ver com o lado dos animes, mas geralmente o pessoal que gosta de um, acaba gostando ou conhecendo um pouco do. Então é um bom lugar para unir essas comunidades, sabe?
O K-pop, é interessante porque é algo que vem crescendo cada vez mais no Brasil, assim como o Dorama, mas tem algo do universo Otaku que já é muito bem estabelecido, que são os cosplay, não é? Você já fez cosplay?
Não fiz, mas tenho vontade. Só não fiz porque acho que falta um pouquinho de dedicação da minha parte, porque leva muito tempo. Mas eu acompanho porque tem muitos artistas que são cosplayers, que eu gosto. Acho uma cultura muito legal.
Sobre o Anime Friends, houve algum ponto positivo ou negativo que você destacaria?
Positivo. Eu acho que essa união e a possibilidade de você conhecer pessoas diferentes. Geralmente, os lugares que eu mais gosto de visitar nesses eventos são os Artists’ Alley, que são onde os artistas estão expondo o trabalho deles. A gente conhece muitos artistas da hora e eles também conhecem muitas pessoas da hora.
Mas assim, ponto negativo, cara, acho que fila. E no caso do Anime Friends desse ano foi a falta de ativações para as pessoas curtirem. Por exemplo, a Comic-Con é o que mais tem, mas muita gente reclama das filas e a gente não consegue participar. Mesmo não sendo de graça. Mas no Anime Friends não tem muitas variedades disso, então é mais essa questão. Eles influenciam mais a sua compra no evento do que essas atividades em si, então eu acho esse o ponto negativo do evento.
No universo nerd, assim como o universo gamer, também acontece muito machismo. Com o público otaku funciona dessa maneira?
Não, eu acho que consegue ser pior do que nesse lado de quadrinhos, etc…, mas acho que sempre faz parte daquela história de fetichização das personagens. A sexualização delas acaba que é estrutural, enraizada na cultura das pessoas e, infelizmente, existe muito até hoje.
Você acha que exista algo que possa ser feito para tentar melhorar esse ambiente? Enxerga que, de repente, pode ser mesmo melhorado esse cenário?
Eu acho que pode ser melhorado. A partir dos artistas, com certeza, tem muita gente que tenta. Muitos dos fãs também, mas, infelizmente, depende muito de cada um, né? Se a pessoa não entender que a gente (público feminino) não tá de mimimi, a gente tá querendo abrir uma conversa saudável sobre isso, vai ser complicado. Mas tem muita gente tentando e eu já vi muita mudança acontecendo e acredito que vai mudar bastante. Nesses 10 anos que eu não visitava o Anime Friends, na minha opinião, mudou muito nesse sentido.
Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso que fala sobre Cultura Pop:
Aliás, vai comprar algo na Amazon? Apoie, então, o ULTRAVERSO e compre pelo nosso link: