ANNE WITH AN E

Foto: Ken Woroner/Netflix

‘Anne With An E’ – 3ª Temporada (Netflix) | Crítica

Renata Baccarini

A terceira temporada de Anne With an E estreou na Netflix em janeiro e trouxe consigo toda a doçura, inocência e temas relevantes das temporadas anteriores. No entanto, amargura acompanhou a estreia: a terceira temporada é a última da série. Assim que, depois de uma longa espera entre a 2ª temporada e a 3ª, os fãs podem rever Anne pela última vez – para, ao final, se despedirem.

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A história é baseada no romance Anne de Green Gables (Anne of Green Gables), da escritora L. M. Montgomery. Na série, a curiosa e encantadora Anne, órfã, é adotada por acidente por Matthew e Marilla Cuthbert. Entre aventuras e confusões, Anne cresce e amadurece na Ilha do Príncipe Eduardo, em meio a mentes fechadas e aos problemas e questões sociais da época.  A terceira temporada da série estreou em 03 de janeiro de 2020 no Brasil, e manteve a magia e intensidade dos anos anteriores.

A TRAMA

Anne With An E

(Alerta de Pequenos Spoilers)

A temporada começa com Anne (Amybeth McNulty) completando 16 anos. Abre margem, assim, para temas um pouco mais maduros em comparação às temporadas anteriores – o que se vê, por exemplo, em conversas com a professora Stacy sobre consentimento. Conservando a inocência e pureza da garota curiosa que sempre tem algo a dizer sobre o mundo, a série impulsiona questionamentos sobre o papel da mulher no mundo, sobre racismo e outras formas de preconceito.

Após fazer aniversário, a adolescente revela aos pais adotivos seu novo desejo: descobrir mais sobre os pais biológicos e o próprio passado. O pedido desencadeia uma série de medos e inseguranças em Marilla, pois a personagem não sabe como lidar com o medo de perder a menina.

No entanto, não é só essa busca que move a trama da temporada: os episódios também evoluem a história de Bash (Dalmar Abuzeid) e Mary (Cara Ricketts), bem como a busca de Gilbert por um propósito maior no mundo, a evolução de Diane e, talvez a parte mais pesada da temporada, a vida de Ka’kwet e o povo das Primeiras Nações. Assim, há um equilíbrio magnífico entre os problemas levantados e enfrentados por Anne, Gilbert e sua turma da escola, os dramas e a luta diária de Bash e sua família, o conservadorismo da família de Diane e a quebra de ideias e pensamentos tradicionalistas por parte de Marilla, Matthew e outros personagens.

A EVOLUÇÃO DOS PERSONAGENS

Anne With An E

Para não dar mais spoilers, me limito a dizer que, em síntese, cada episódio da terceira temporada é composto de uma narrativa envolvente, personagens interessantíssimos e cenários de tirar o fôlego. A evolução dos personagens também é inegavelmente marcante: Diane, a menina tímida e protegida pelas regras dos pais finalmente irrompe do casulo e busca a própria liberdade – com a ajuda da tia, dos amigos, e, surpreendentemente, até mesmo de Minnie May; Matthew e Marilla, que começaram a série buscando apenas alguém que ajudasse na fazenda, sem modificar a vida solitária que levavam, enfim se dão conta de que não imaginam mais uma vida sem Anne; e até mesmo a icônica Rachel Lynde mostra seu crescimento na temporada.

Enfim, temos o desenvolvimento de Anne, aprendendo que mesmo os temas mais importantes devem ser discutidos no momento certo; e também o desenvolvimento de Gilbert, até então o personagem mais estável da série em termos de evolução – principalmente porque ele sempre foi retratado como alguém bom, de mente aberta e maduro para a própria idade -, tem um arco de crescimento pessoal importantíssimo, sobretudo porque leva à conclusão tão aguardada da história de Anne e Gilbert.

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Ademais, outros personagens antigos e marcantes também concluem os próprios arcos: Prissy Andrews retorna e mostra como suas experiências e a universidade a transformaram em uma mulher madura e engajada. Cole aparece confiante e relaxado, decerto graças à influência positiva da maravilhosa tia de Diane. Além disso, Jerry ganha mais confiança e uma nova perspectiva de vida. E até Ruby, a eterna romântica determinada a conquistar o coração de Gilbert, abre a mente e o coração para novas oportunidades. Assim, personagens que conquistaram corações pelas temporadas finalizaram suas histórias de forma harmonizada e condizente com a série.

MÚSICA E CENÁRIOS

Anne With An E

Anne With an E manteve a trilha sonora envolvente e maravilhosa. Além disso, se não bastassem as músicas que fazem com que você se sinta parte da trama e da vida dos personagens, ainda há os cenários de tirar o fôlego. Absolutamente todos os episódios deixam aquela vontade de fazer as malas imediatamente e viajar para a Ilha do Príncipe Eduardo, porque as imagens e cenários são simplesmente deslumbrantes.

ADEUS, ANNE (WITH AN E!)

Infelizmente, tudo tem um fim, portanto não é diferente no caso da série. Todos os personagens foram trabalhados e bem desenvolvidos de forma tal que o final encerrou suas histórias de forma coerente, fazendo, assim, jus à jornada da série. Alguns momentos das temporadas anteriores foram relembrados – a própria Anne, em certo momento, traz à tona lembranças de seus primeiros dias em Green Gables. Além disso, a conexão que a adolescente tem com Matthew e Marilla é tão forte que quase podemos senti-la. Foi encantador acompanhar de perto o crescimento dos três como uma família.

E assim, na terceira temporada, Anne with an E se despede dos fãs da forma como começou: inegavelmente intrigante, definitivamente apaixonante e com um tom de pureza. A trajetória de Anne foi certamente manejada com maestria e o final aberto combina perfeitamente com a garota: deixou o suficiente para o alcance da imaginação. Um único ponto negativo, no entanto, foi a falta de conclusão do arco de Ka’kwet – a última cena da personagem foi cruel e triste, e ficou no ar o que aconteceria com ela e a família dela.  Ainda assim, para aqueles ainda em dúvidas sobre a série, definitivamente é uma excelente opção do que assistir!

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Anne With an E
Temporada: 3
Número de episódios: 10
Criação: Moira Walley-Beckett
Elenco: Amybeth McNulty, Geraldine James, R. H. Thomson, Corrine Koslo, Dalila Bela, Lucas Jade Zumann, Aymeric Jett Montaz, Dalmar Abuzeid, Cory Gruter-Andrew, Joanna Douglas.
Distribuição: Netflix
Data de estreia: 03/01/2020
Gênero: drama, drama de época
Ano de produção: 2020
Classificação: 12 anos

Renata Baccarini

NAN