Apocalyptica arrebata público com som poderoso e animalesco extraído de seus instrumentos clássicos
Bruno Oliveira
Após fazerem shows em Porto Alegre (16/01), Curitiba (17/01), São Paulo (19/01) e Brasília (20/01), o Apocalyptica chegou ao Rio de Janeiro para seu último show nas terras tupiniquins. Pela primeira vez em terras cariocas, a banda finlandesa, que mistura música erudita com heavy metal, chegou para promover a The Cell-0 Tour, baseada em seu último álbum de estúdio, Cell-0, lançado em 2020. Junto com alguns covers de Metallica e Sepultura, eles colocaram o tímido público do Circo Voador para tremer e entrar em ebulição com o calor, mesmo com um tempo considerado agradável, para nós cariocas.
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Innocense Lost
A casa abriu às 18h30 e às 19h em ponto a Innocense Lost subiu para abrir os trabalhos da noite. Eles que estão com a bola toda por aí. Abriram para o Angra em dezembro nessa mesma casa, e agora abrindo para o Apocalyptica. Eu que estava presente nos dois shows, digo que esse aqui foi ainda melhor, o som mais nítido e as músicas, já na memória, me fizeram curtir ainda mais esse prog power metal já bem característico deles. Formado por Mari Torres (vocal), Aloysio Teixeira (teclados), Gui DeLucchi (guitarra), Heron Matias (bateria) e Ricardo Haquim (baixo), a banda já pode ser considerada um dos novos expoentes do metal carioca com previsão de alçar voos altos daqui pela frente. O novo álbum deles será lançado em 22 de março e as músicas ‘Fallen’ e ‘The River’ já estão disponíveis no Spotify.
Apocalyptica
Às 20h em ponto os finlandeses subiram ao palco, formados por Eicca Toppinen (violoncello), Paavo Lötjönen (violoncello), Perttu Kivilaaskso (violoncello) e Mikko Kaakkuriniemi (bateria). Aqui vai uma curiosidade: o baterista oficial Mikko Sirén fez o vídeo da turnê para o nosso país e foi simplesmente trocado (ou substituído). Procurei saber o motivo, mas a verdade é que não achei. Depois de muitas interrogações passarem pela minha cabeça, a banda começa o show com ‘Ashes of the Modern World’, mesma música que abre o álbum Cell-0.
Contextualizando o momento
Antes de prosseguir o texto devo contextualizar um pouco o momento. A casa não estava tão cheia quanto deveria estar, na pista tinha muito espaço e consegui ficar bem na frente, algo raro para a minha idade já avançada. A previsão de tempestade na cidade pode ter afetado um pouco esse público, mas não tanto. Vale dizer também que foi a primeira vez que os vi ao vivo, e tinha uma ideia bem errada. Achei que por ser muito instrumental, teria uma hora em que eu ficaria um pouco entediado. Têm horas na vida que é muito bom estar errado, e essa é uma dessas horas. Os caras conseguem animar demais e é impossível ficar atônito às proezas que esse quarteto realiza no palco, principalmente do trio de violoncelos.
A segunda música do show foi logo um cover de Metallica para deixar a galera esperta e animada. ‘For Whom the Bell Tolls’ foi entoada e o público ficou responsável por cantar as partes versadas e o refrão a plenos pulmões. O set seguiu com a maravilhosa ‘Grace’ e logo em seguida, para delírio dos fãs brasileiros, eles anunciaram um cover de Sepultura, ‘Refuse/Resist’. É impressionante como esses caras do violoncelo tocam. Fiquei parado admirando e o arrepio veio de forma natural. Talvez tenha rolado uma gota de lágrima, talvez. Vale lembrar também que nesse momento a casa já parecia bem mais cheia que no início, mas longe de estar lotada.
Erik Canales
Quem não conhece a banda provavelmente deve ter se perguntado cadê o vocalista. Então, por regra, a banda não possui um, porque a maioria de suas músicas são instrumentais. Mesmo assim, possuem um acervo de músicas cantadas que também são fantásticas. Dessa forma, não tendo ninguém fixo na função, sempre chamando astros da voz para participações especiais. Para essa turnê o vocalista mexicano Erik Canales foi convidado para cantar tais músicas. Com isso, ele manda na sequência ‘I’m Not Jesus’, (originalmente gravada por Corey Taylor), e ‘Not Strong Enough’, (originalmente gravada por Brent Smith).
Erik sai do palco e voltamos à praxe instrumental. ‘Rise’ do álbum novo marca presença e logo depois tocam a minha favorita desse mesmo álbum, ‘En Route to Mayhem’. Se eu já achava ela incrível no estúdio, ao vivo consegue se tornar ainda melhor. Que música sensacional para se bater cabeça e para curtir toda a virtuosidade dos violoncelos em alta velocidade.
Em seguida, Erik volta ao palco e canta com a banda ‘Shadowmaker’ (originalmente gravada por Franky Perez). Em seu final, a banda emenda de forma rápida com um pouco de ‘Killing In The Name of’ do Rage Against Machine e fez com que todos cantassem esse trecho da música em uníssono. ‘I Don’t Care’ (originalmente gravada por Adam Gontier) é a próxima e devo dizer que é uma das minhas músicas preferidas. Que música maravilhosa.
Nothing Else Matters
Um parágrafo precisa ser separado para esse momento. A banda foi criada em 1993 e seu intuito original era fazer covers do Metallica, lançaram até álbuns com um monte de músicas cover da banda. Por isso, Metallica é tão importante para eles. Nesse momento, sentados, os três violoncelistas começam a tocar ‘Nothing Else Matters’, um dos maiores clássicos do Metallica. Por não ter o vocalista Erik Canales nela, quem fez a voz da vez foi o próprio público e o resultado é de arrepiar até o mais cético. Momento esse que vou guardar na memória de tão incrível.
‘O pau volta a torar’
Depois desse momento romântico e intimista, a banda toma um choque e começa ‘Inquisition Symphony’ do Sepultura. E que versão é essa? Só ficou parado quem é maluco. Que som poderoso e animalesco extraído de seus instrumentos clássicos. ‘Seek’ & Destroy’, mais um cover do Metallica é escolhido para encerrar o show da noite. Com todo mundo cantando em alto e bom som, principalmente no refrão.
Bis
Estamos chegando ao final do show, e nessa parte que seria o bis, eles começam a tocar ‘Farewell’, outra música linda da banda e que merece ser apreciada em todos os seus momentos. Ela começa devagar e vai crescendo até o seu final apoteótico. A essa altura, Perttu Kivilaaskso já estava em outra dimensão, uma diversão à parte. Tocou com a boca, de costas, no chão, completamente entregue a energia do show. Para finalizar tivemos ‘Peikko’, que é uma junção de algumas músicas clássicas, incluindo ‘Hall Of The Mountain King’ e lá vem mais energia ao palco para acabar com chave de ouro.
Após um show de 1 hora e meia, os finlandeses do Apocalyptica encerram o show e prometem voltar brevemente a nosso país. Ainda lembraram que um novo álbum será lançado em breve. Já quero ouvir o novo álbum e ficar de prontidão para anúncios de mais shows deles por aqui.
Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso que fala sobre Cultura Pop:
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Setlist Innocense Lost
- Fallen
- Trial
- The River
- Oblivion
Setlist Apocalyptica – Brasil 2024
- Ashes of the Modern World
- For Whom the Bell Tolls (Metallica cover)
- Grace
- Refuse/Resist (Sepultura cover)
- I’m Not Jesus
- Not Strong Enough
- Rise
- En Route to Mayhem
- Shadowmaker / Killing In The Name of
- I Don’t Care
- Nothing Else Matters (Metallica cover)
- Inquisition Symphony (Sepultura cover)
- Seek & Destroy (Metallica cover)
- Farewell
- Peikko