Leia a crítica do filme Aquaman 2: O Reino Perdido - Ultraverso

Dirigido por James Wan - Foto: Warner Bros Pictures / ™ & © DC Comics

Aquaman 2: O Reino Perdido – Apostando na ação e em visuais incríveis, longa encerra DCEU de forma mais animada do que se poderia imaginar

Guilherme Farizeli

Fim de ano chegando e, no caso do DCEU – o universo (atual) da DC nos cinemas, o clima é de fim de festa também. Iniciado justamente 10 anos atrás, com Homem de Aço (dirigido por Zack Snyder, que serviu como catalisador desse universo e de boa parte de suas produções), a saga de filmes chega ao fim sem nunca ter parecido exatamente com um universo compartilhado.

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Ao longo do caminho, no entanto, não faltaram produções com personalidade própria. Ou alguma personalidade, pelo menos. Pode-se dizer que o novo filme do Aquaman se enquadra nessa categoria.

Histórias manjadas e, ainda assim, divertidas

A trama de Aquaman 2: O Reino Perdido revisita a “picuinha” entre Arthur Curry (Jason Momoa) e David Kane (Yahya Abdul-Mateen II). É Aquaman x Arraia Negra na veia, disputa que esteve presente como temática secundária no primeiro filme da franquia.

No longa, com ajuda do Dr. Stephen Shin (interpretado pelo sempre divertido Randall Park), Arraia toma posse do Tridente Negro. O instrumento, detentor de um poder maligno e sobrenatural, possibilita que Arraia equipare em alguma medida suas forças com Aquaman e parta em busca da sonhada vingança pela morte de seu pai.

Com a nova ameaça, Aquaman recorre ao seu irmão e desafeto Orm (Patrick Wilson) para juntos salvarem o mundo da destruição. Tudo como dantes no quartel de Abrantes, né? Eu não esperava uma reinvenção da roda, ainda mais com todos os problemas associados ao filme. Então, me daria por satisfeito se houvesse uma história minimamente coesa. Fiquei satisfeito? Calma que essa hora não chegou ainda. Mas eu adianto isso para vocês: o filme é divertido.

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Patrick Wilson e Jason Momoa em Aquaman 2 – Foto: Warner Bros Pictures / ™ & © DC Comics

Visual incrível e uma grande salada de referências

A Warner e, mais especificamente, o DCEU se notabilizaram como grandes moedores de diretores. As diversas mudanças na direção executiva do estúdio e a fusão com a Discovery fizeram vítimas por todos os lados. Mas James Wan lutou bravamente para manter alguns de seus ideais e visões intactas. Ele lutou muito, por exemplo, para que o filme só fosse lançado quanto toda a parte de VFX estivesse 100% pronta.

O resultado é que o filme é visualmente incrível. Fora Avatar, é o primeiro filme que eu preferiria assistir em 3D do que em 2D – sim, a imprensa pôde assistir em 3D.

Agora, nem só de visual bonito sobrevive um filme. E o roteiro, que contou com pitacos até de Jason Momoa, deixa a desejar em vários pontos. As referências óbvias (até demais) vão desde Star Wars até Game of Thrones. Mas as motivações, no geral, são todas bem fraquinhas. Não que essa seja uma exceção no universo dos filmes de heróis, pelo contrário. E, talvez, os motivos aqui estejam até mais bem amarrados do que no primeiro filme.

Mas, o gênero chegou em um ponto em que, ou uma história é muito boa ou ela parece mais do mesmo. Vale ressaltar que, o longa é melhor do que quase tudo lançado recentemente por Marvel e DC nos cinemas. A exceção é Guardiões da Galáxia Vol. 3, dirigido justamente pelo homem que será responsável por colocar a DC nos trilhos a partir de agora: James Gunn.

Yahya Abdul-Mateen II em Aquaman 2 – Foto: Warner Bros Pictures / ™ & © DC Comics

Polêmicas e problemas além do filme

O fim do universo de filmes da DC com, pelo menos, três grandes lançamentos ainda no calendário certamente provocaria uma avalanche de problemas. The Flash foi aquilo que a gente lembra bem. E terminou com o Aquaman literalmente de cara na lama. Besouro Azul foi uma espécie de “espectador inocente” no meio do tiroteio entre estúdio, mídia, fãs aleatórios e fãs do Zack Snyder. “Como vocês ousam lançar um filme despretensioso enquanto nós queremos um épico de quatro horas onde, no final, descobrimos que o Batman é o pai do Superman?”.

No entanto, apesar dos pesares, James Wan conseguiu conduzir um filme autocentrado, focado única e exclusivamente em sua própria história e mitologia. E tudo de bom que o filme apresenta está calcado nessa decisão. Momoa é infinitamente melhor quando apoiado apenas na comédia e na autenticidade. Todas as características divertidas de seu Aquaman são as mesmas que parecem derivar de sua própria personalidade.

Wan apostou em um Aquaman ainda “mais Momoa” e aquele tom de seriedade que “ameaçava” o primeiro filme, aqui foi jogado para escanteio. E, se no primeiro filme o contraponto mais sério era Mera (Amber Heard), a escolha aqui por Patrick Wilson sustenta ainda mais a ideia de deixar o protagonista mais confortável em sua pele. O Orm de Wilson tem claramente mais motivos (e mais habilidade) para ser o chato do rolé.

E a Amber Heard?

Dentre os trocentos problemas em que Aquaman 2: O Reino Perdido esteve envolvido, a disputa judicial entre Amber Heard e Johnny Depp foi a mais marcante. Por motivos de fofoca e pelas consequências diretas que poderia ter no sucesso do longa. Ainda que eu tenha ficado com a impressão de que houve SIM alguma diminuição no tempo de tela da atriz, Mera ainda é uma parte importante e, em alguns momentos, decisiva da história.

Mais uma vez, a condução esperta e (porque não dizer) elegante de Wan foi fundamental para não deixar os problemas externos contaminarem o resultado final do filme.

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Patrick Wilson e Jason Momoa em Aquaman 2 – Foto: Warner Bros Pictures / ™ & © DC Comics

O fim do DCEU

Eu sou entusiasta de um DCEU. Mais do que desse universo em si, mas da ideia de que a DC precisa apresentar seus personagens mais interessantes no formato de universo compartilhado em live action. A Marvel já mostrou que dá para fazer… agiliza aí, DC.

Mas era preciso, desde o início, de uma linha de pensamento única, de um plano estruturado. E, não foi o que aconteceu. O problema nunca foi o Zack Snyder, coitado. Ele disse desde o início o que ele queria fazer. O problema foi de quem achou que, apresentado daquela forma, naquela embalagem, as pessoas abraçariam incondicionalmente um universo onde o Superman mata, o Batman tá cansadão, o Barry Allen é uma mistura de Wally West com Mr. Bean e a Mulher-Maravilha fica 100 anos só fazendo sudoku e, ainda por cima, não voa.

Foram muitos erros, muitos mesmo. Mais do que acertos, com certeza. Mas eu diria que a franquia do Aquaman, logo ela, foi a que menos passou vergonha nesses 10 anos. Aliás, vergonha alguma. Um primeiro filme honesto, que passou de US$ 1 bilhão de bilheteria e um segundo filme que, embora vá pagar o preço do contexto atual (tanto da DC quanto do gênero) no box office, é um blockbuster super divertido.

Conclusão

Respondendo a sua pergunta de mais cedo: sim, eu fiquei satisfeito com Aquaman 2: O Reino Perdido. Já não espero muita coisa dos filmes de heróis há alguns anos e admiro os longas do gênero que conseguem me fazer rir sem duvidar da minha inteligência.

É verdade que o diretor mirou no terror em alguns momentos mais nojentos e acabou acertando nos bodes de Thor 4. Mas, essas foram exceções à regra.

Com Momoa mais solto e na sua especialidade e Patrick Wilson segurando as pontas na parte dramática/e ou um cadinho mais séria, o diretor James Wan encontrou a fórmula para fazer o filme funcionar e alguma forma. Os experientes Dolph Lundgren, Nicole Kidman e o “ponta-firme” Yahya Abdul-Mateen II funcionaram como os coadjuvantes que precisavam ser nesse grande “road movie entre irmãos”, sendo que o filme se passa debaixo d’água e os irmãos se odeiam.

Adeus, DCEU e que venha o DCU de James Gunn. Mas, assim, venha caprichado. Porque, nessa altura do campeonato, a expectativa é inversamente proporcional à paciência da galera.

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Trailer do filme Aquaman 2: O Reino Perdido

Ficha Técnica do filme Aquaman 2: O Reino Perdido

Título original: Aquaman and the Lost Kingdom

Direção: James Wan

Roteiro: David Leslie Johnson-McGoldrick, James Wan, Jason Momoa

Elenco: Jason Momoa, Yahya Abdul-Mateen II, Patrick Wilson, Amber Heard, Temuera Morrison, Nicole Kidman, Dolph Lundgren, Randall Park

Onde assistir: Cinemas

Data de estreia: 21 de dezembro de 2023

Duração: 124 minutos

País: Estados Unidos da América

Gênero: Ação, Aventura, Fantasia, Ficção científica

Ano: 2023

Classificação: 12 Anos

Guilherme Farizeli

Músico há mais de mil vidas. Profissional de Marketing apaixonado por cinema, séries, quadrinhos e futebol. Bijú lover. Um amante incondicional da arte, que acredita que ela deve ser sempre inclusiva, democrática e representativa. Remember, kids: vida sem arte, não é NADA!
NAN